Peixe-leão. Belo, agressivo, perigoso

Dezenas de milhares de exemplares de peixe-leão foram eliminados das águas da Flórida. Espécie não-nativa, originária da Ásia, foi levada para o Caribe por mãos humanas. Transformou-se numa praga que dizima outras espécies. Um exemplo do que acontece quando mexemos no mundo natural sem conhecimento das suas leis.

Dezenas de milhares de exemplares de peixe-leão foram eliminados das águas da Flórida. Espécie não-nativa, originária da Ásia, foi levada para o Caribe por mãos humanas. Transformou-se numa praga que dizima outras espécies. Um exemplo do que acontece quando mexemos no mundo natural sem conhecimento das suas leis.
Dezenas de milhares de exemplares de peixe-leão foram eliminados das águas da Flórida. Espécie não-nativa, originária da Ásia, foi levada para o Caribe por mãos humanas. Transformou-se numa praga que dizima outras espécies. Um exemplo do que acontece quando mexemos no mundo natural sem conhecimento das suas leis. (Foto: Luis Pellegrini)


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Por: Luis Pellegrini

 

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Calcula-se que cerca de 20 mil exemplares de peixe-leão foram eliminados neste ano do litoral da Flórida, nos Estados Unidos, informaram há poucos dias as autoridades daquele Estado. Só entre os dias 14 e 15 deste mês de maio, data destinada à conscientização sobre a importância de erradicar a população do peixe-leão, 8.089 exemplares foram eliminados do litoral de Pensacola, no noroeste do estado.

O peixe-leão é uma espécie não nativa que se transformou em uma grave ameaça para o ecossistema da Flórida. Caçá-los em massa faz parte de um plano lançado pela Comissão para a Conservação da Fauna e a Pesca (FWC, por sua sigla em inglês) da Flórida, que inclui um programa de prêmios em nível estadual com o qual procura incentivar a colaboração cidadã nesta urgente tarefa. "Estes números são um grande exemplo dos esforços da agência por instruir à população e conseguir seu envolvimento na erradicação desta espécie invasora", destacou em comunicado Jessica McCawley, direção da FWC.

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Uma jovem mergulhadora da Flórida colabora com as autoridades e sai à caça de peixes-leões.

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O FWC explicou que esta espécie de "picada venenosa, tem um impacto muito negativo na vida e no habitat das espécies nativas", por isso que é fundamental "reduzir os impactos deste peixe na zona de recifes" do litoral da Flórida.

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O peixe-leão (Pterois antennata) tem em média 20 centímetros de comprimento, embora haja exemplares com 40 centímetros ou mais,  e tem como habitat natural os recifes, onde se refugia durante o dia e caça camarões e caranguejos durante a noite.

Charles Meyling, um submarinista que participou neste ano do torneio de captura de peixes desta espécie, bateu o recorde do exemplar de maior tamanho capturado em águas da Flórida, um peixe-leão de cerca de 44,5 centímetros.

 

O peixe-Leão é tão voraz que consegue engolir presas quase do seu próprio tamanho.

 

Espécie originária do Pacífico, sua presença foi detectada pela primeira vez em meados do anos 80. Em anos recentes, o número de exemplares de peixe-leão aumentou de forma alarmante e sua população se estendeu por águas do Caribe, do Golfo do México e do litoral atlântico. Como foi que ele chegou ao Caribe, vindo dos mares da China e arredores, no outro lado do mundo? Da mesma forma que chegam as centenas, talvez milhares de espécies invasoras que hoje, mais do que nunca, tornam-se globalizadas graças ao transporte de seus ovos e larvas nas águas de lastro de navios de longo percurso, bem como por donos de aquários que os compram em lojas de peixes ornamentais. Neste segundo caso, eles geralmente são comprados ainda pequenos em lojas de animais. Mas rapidamente crescem e, dotados de enorme voracidade, passam a devorar um a um todos os demais companheiros de aquário. Resultado: seus donos, ao invés de sacrificá-los ou devolvê-los às lojas, simplesmente os atiram vivos ao mar. O peixe-leão além de tudo é uma espécie muito resistente e adaptável. Ele rapidamente se acomodou ao meio ambiente caribenho, e prospera como poucas outras espécies, pois quase não tem inimigos naturais.

 

 

Um tubarão é seu único predador

Um dos seus poucos predadores - o peixe-leão é venenoso e cheio de espinhos - é o tubarão-touro. Outrora, essa espécie de tubarão era muito abundante nos mares caribenhos, Flórida inclusive. Mas a pesca furtiva desenfreada quase aniquilou a espécie naquela área. O mais terrível é que o tubarão-touro é pescado apenas por causa de suas barbatanas, muito apreciadas na gastronomia oriental. Esse tubarão é pescado e içado a bordo dos barcos, onde tem suas barbatanas peitorais e dorsais cortadas. O peixe, ainda vivo, é em seguida jogado de volta no mar onde, sem mais conseguir nadar, morre afogado.  

Hoje, no entanto, é consenso geral entre os biólogos marinhos que preservar o tubarão é a melhor solução para conter o avanço e a proliferação do perigoso peixe-leão no Mar do Caribe. O tubarão-touro seria uma solução “limpa” para o problema, já que a espécie estaria no topo da cadeia alimentar, acima do seu concorrente, o peixe-leão. Um aumento substancial do número de tubarões-touro, acreditam os cientistas, conseguiria manter sob controle a praga do peixe-leão no Caribe. Ele é um predador voraz e intelligente: caça em grupo, com vários exemplares cercando por todos os lados os cardumes de alevinos e peixes mais jovens que rapidamente vão parar em seus estômagos, como mostra o vídeo mais abaixo. 

Enquanto mais tubarões-touro não surgem, o remédio é fazer o que as autoridades da Flórida fizeram: conclamar todos os moradores que mergulham e treiná-los para que fisguem com arpões e tridentes todos os exemplares de peixe-leão que encontrarem...

 

Vídeo: O Smithsonian Institute mostra neste vídeo as técnicas usadas pelo peixe-leão para caçar suas presas.

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