Ornitorrinco: Mamífero, pássaro ou réptil?
Mas que bicho é esse? perguntaram, espantados, os zoólogos europeus quando conheceram esse curioso animal australiano. Ele parece ser um raríssimo exemplo de conjunção evolutiva na qual várias ordens de animais se misturam
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por: Equipe Oásis
O ornitorrinco (Ornithorhyncus anatinus) permaneceu um bicho cheio de mistério para os estudiosos durante vários séculos: seu bico é como o de um pato, caminha como um reptil, sua cauda chata é como a dos castores, o pelo é hidro repelente e similar ao das toupeiras. Pertence à ordem dos monotremos e é, junto a duas espécies de equidna, o único mamífero a por ovos. Deles nascem filhotes que são nutridos com o leite que sugam das tetas das mães. Em resumo, esse animal, exclusivo da Austrália oriental, é uma estranha mistura que representa, talvez, o elo de conjunção entre mamíferos e repteis. Seu nome (mono = apenas um; trema = orifício) deve-se à presença de uma cloaca, porção terminal do intestino, na qual confluem tanto o aparelho reprodutor quanto o aparelho excretor.
Como os castores, as lontras e as nossas ariranhas, o ornitorrinco vive a maior parte do tempo na água, elemento para o qual está perfeitamente adaptado, inclusive com as patas recobertas por uma forte membrana natatória.
A maior e mais importante particularidade do ornitorrinco, no entanto, acaba de ser descoberta e é de natureza genética: ele é o único mamífero conhecido a possuir mais de dois cromossomas sexuais. O ornitorrinco na verdade possui dez desses cromossomas.
É ovíparo e choca os ovos
Embora altamente especializada, a ordem dos monotremos é muito primitiva. Durante muito tempo considerada uma ordem "mista" constituída de pássaro e mamífero, ela na verdade não o é. O ornitorrinco separou-se do seu antepassado em comum com as aves há cerca 315 milhões de anos. Apesar disso, ele ainda apresenta algumas semelhanças com as aves, e a maior delas é o fato de ser ovíparo e chocar os ovos.
Uma pesquisa conduzida pelo zoólogo Frank Grützner da Universidade de Adelaide, na Austrália, trouxe novos elementos para a compreensão do enigma evolutivo representado pelo ornitorrinco: se os mamíferos possuem dois cromossomas sexuais (X e Y), o ornitorrinco possui dez (5 X e 5 Y, nos machos). Além disso, esses cromossomas se assemelham muito mais aos cromossomas Z dos pássaros do que aos XY dos mamíferos.
Mamífero, pássaro ou reptil?
O ornitorrinco, sem dúvida, é um animal estranho: além de possuir características de mamífero e de pássaro, possui também algumas semelhanças com os repteis. O poderoso veneno que pode injetar com os esporões localizados nas pernas posteriores, por exemplo, é muito similar ao veneno das serpentes. Nesse caso, provavelmente, acontece uma convergência evolutiva (ramos diferentes da árvore evolutiva "inventaram"a mesma solução depois de se separarem).
O ornitorrinco é o mamífero evolutivamente mais distante do homem
Evolutivamente, o ornitorrinco é o animal mais parecido com os primeiros mamíferos que habitaram a terra. A espécie apresenta uma longa série de características curiosas, algumas delas únicas em todo o reino animal:
Sistema imunológico - Essa espécie multiplicou a família gênica que codifica uma peptina antimicrobiana chamada cathelicidina. Graças a ela, os filhotes do ornitorrinco, que nascem muito imaturos, conseguem sobreviver.
Olfato - Ele expandiu os genes que codificam um determinado receptor de odor, o vomeronasal, para conseguir cheirar inclusive debaixo d'água.
O bico - Muito parecido ao dos patos e marrecos, o bico dos ornitorrincos é, no entanto, mais flexível. Ele emite impulsos elétricos para se orientar em águas escuras.
Extremidades - As quatro patas do ornitorrinco possuem uma membrana natatória e garras.
Sexo - Os cromossomos sexuais do ornitorrinco estão relacionados aos cromossomos das aves.
Filhotes - Assim que saem do ovo, as crias do ornitorrinco se amamentam como qualquer outro mamífero.
Esporão venenoso - O veneno produzido nos esporões pelos ornitorrincos machos provêm de duplicações produzidas ao longo do tempo em certos genes herdados do genoma reptiliano ancestral.
Áreas de distribuição - Zona oriental da Austrália e a Tasmânia
Video:
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247