Por: Luis Pellegrini
Fonte: www.luispellegrini.com.br
Sempre me assustou, desde menino, constatar a tendência que tantos pais têm de condicionar seus filhos a escolher profissões simplesmente pelas possibilidades mercadológicas que elas oferecem, e não em respeito à vocação verdadeira da pessoa jovem. Não foi o meu caso, felizmente. Meus pais nunca me forçaram a nada, nunca tentaram condicionar minha mente para que optasse por algumas das profissões que, no momento, fossem consideradas mais rentáveis. Assim sendo, eu, que até hoje não me considero uma pessoa vocacionada, pude permanecer livre e desimpedido para experimentar muitas áreas diferentes e ir aprendendo uma porção de coisas em cada uma delas.
O jornalismo me atraiu e acabei me fixando nessa área justamente porque ela me permitiu e continua me permitindo uma enorme variedade de experiências. Sou assim, em termos de opções de interesse: como uma borboleta que vai de flor em flor. E não poderia ser diferente, pois essa heterodoxia de paixões é parte fundamental da minha própria natureza. Hoje, posso dizer com segurança que minha vocação é exatamente essa: experimentar o maior e mais variado número de experiência que me for possível.
Sintonia estreita com a nossa natureza mais essencial
Estou convencido de que não podemos conquistar um estado que definiria como sendo de paz e felicidade se aquilo que fazemos para sobreviver não estiver em sintonia estreita com a nossa natureza mais essencial. Como poderia se realizar alguém que nasceu para ser um chef da culinária sendo obrigado pelas circunstâncias a ganhar seu sustento como administrador contábil, por exemplo? Ou alguém que veio ao mundo para montar e manter uma granja de frangos e galinhas mas é obrigado a trabalhar como advogado? São considerações de certa forma óbvias, fáceis de compreender. Mas apesar de sabermos disso, continuamos a manter e a desenvolver todo um sistema de profissões escolhidas muito mais ao acaso, ou por interesses tais como a remuneração, o status social, a influência da família ou do grupo social a que pertencemos.
Grandes tragédias existenciais derivam dessa visão equivocada do sentido das coisas. Nosso principal dever é sermos fieis à verdade da nossa natureza interior. E é justamente no trabalho – atividade à qual dedicamos a maior parte do nosso tempo e energias – que as maiores contradições se verificam. Felizmente, na atualidade, verifica-se um necessário e urgente movimento de correção de rota.
Arranjar outro trabalho antes de se demitir
Atualmente, cada vez mais pessoas estão deixando seus postos de trabalho por vontade própria. Segundo informações da revista Time, no último ano 2,4 milhões de americanos deixaram seus empregos para buscar outras oportunidades. No entanto, na opinião sensata da publicação, sair do trabalho atual sem algo novo arranjado ou em vista não é uma boa ideia. Mas às vezes permanecer num trabalho que se detesta representa risco de desenvolver doenças no corpo, na alma e na mente.
O dilema não é fácil, e não são poucos os que, por temerem a insegurança de uma situação de desemprego, preferem permanecer acomodados, batendo na mesma tecla profissional apesar de ela já não ter para eles nenhum significado.
Um número enorme de moléstias e desacertos, tanto físicos quanto psíquicos, deriva de uma vida profissional demasiado desvinculada dos nossos reais desejos e necessidades existenciais. Portanto, se você odeia o seu trabalho atual, mas ainda não percebeu bem o que está acontecendo e por isso não consegue tomar uma decisão, existem alguns sinais básicos que indicam que a hora de procurar outro emprego chegou. Se você tem certeza de que pelo menos um desses sinais está se verificando em sua vida pessoal e profissional, está na hora de criar coragem e de começar a planejar uma mudança radical. De dar uma guinada no sentido de encontrar e assumir o seu verdadeiro caminho profissional. Aqui estão alguns desses sinais:
A vida pessoal é sempre mais importante – Se o trabalho afeta negativamente sua saúde física, emocional ou mental, seu relacionamento com o cônjuge ou membros da família, ele não vale a pena. Se a situação é essa, é hora de mudar.
Seu perfil x perfil da companhia – Você pode ter o melhor conjunto de habilidades do mundo, mas se você não combina com a organização, você não será bem sucedido. Assimilar uma cultura corporativa geralmente acontece nos primeiros meses no cargo. Se você está lá por seis meses ou um ano e ainda se sente como um estranho, as probabilidades são de que sempre o será.
Você tem um chefe infernal – A maioria das pessoas deixam seus trabalhos por conta de seus chefes. Se você já passou por crises envolvendo chefes ou pessoas da área de recursos humanos, o jeito é mudar de barco.
Regras que condicionam e escravizam – “Só temos dez regrinhas neste escritório. Mas fazemos absoluta questão que elas sejam todas respeitadas”. Desconfie das empresas que tentam lhe forçar a adotar e a respeitar regras éticas e comportamentais que são delas, as empresas, mas não são suas, nada têm a ver com você. Os dois sistemas fatalmente entrarão em conflito, mais cedo ou mais tarde. Melhor então não perder tempo e puxar o carro na primeira oportunidade.
Situação financeira instável – Se você está preocupado em como a companhia é dirigida e sua posição não parece mais segura, é hora de buscar outro emprego. Fusões e aquisições são momentos importantes para avaliar se a empresa ainda precisa de você – e se você realmente precisa dela.
Você é extremamente qualificado – Mas seu trabalho tornou-se tão rotineiro e repetitivo que poderia ser feito durante as suas horas de sono. É hora de procurar outras oportunidades, pois o marasmo no trabalho – como em todas as outras áreas da vida – é mortal. Primeiro, veja se há chances de crescer dentro da empresa, caso não haja, é hora de seguir em frente.
Você é convidado para fazer algo antiético ou ilegal – Não transija, por maiores que sejam as vantagens. Nestes tempos de corrupção quase generalizada, convites e possibilidades de participar e tirar proveito dela também o são. Mas – se você for uma pessoa normal, e não um sociopata, um psicopata destituído de consciência ética -, mesmo que a maracutaia seja feita com toda a segurança, mesmo você não seja pego, fazer algo errado ou não ético pode ter sérias repercussões psicológicas. Não subestime nunca o poder do seu eu profundo, aquela entidade interior que os psicólogos chamam de Self e que é sede, em cada um de nós, da consciência ética. Ele vai agir, vai se manifestar de uma maneira ou de outra. E vai tornar sua vida um inferno.
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