O último macho. Rinoceronte-branco-do-norte chega ao fim
Sudan é o último rinoceronte-branco-do-norte macho. Vive numa reserva no Quênia, vigiado dia e noite por guardas armados. Mas o destino da sua espécie está praticamente selado.
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Por: Luis Pellegrini
Mesmo sem os cornos que impunham sua virilidade aos rivais, ele ainda é um animal magnífico. Seu nome é Sudan, o último rinoceronte-branco-do-norte macho que resta na face da Terra. Vive na reserva Ol Pejeta (http://www.olpejeta conservancy.org), no Quênia, vigiado 24 horas por dia por soldados armados que o protegem de um possível ataque por parte de caçadores furtivos.
O rinoceronte-branco-do-norte (Ceratotherium simum cottoni) é uma das duas subespécies de rinoceronte branco. Um pouco menor que seu primo do sul, nas últimas décadas ele viveu principalmente nas pradarias de grama alta e nas savanas de Uganda, Chade, Sudão, República Centro-africana e República Democrática do Congo.
Cornos valem mais do que ouro
A partir de 1960, o número de rinocerontes-brancos-do-norte baixou drasticamente, passando de cerca 2 mil exemplares para apenas 7 em 2009. As causas principais desse dramático declínio são o desflorestamento, a destruição do seu habitat e a caça ilegal praticada pelo contrabando internacional de cornos que, no mercado negro, valem atualmente mais do que ouro, diamantes e cocaína. Para que servem os cornos de rinoceronte? Simples: moídos e transformados em pó, são considerados, erroneamente, afrodisíacos poderosos e panaceia para um sem numero de doenças por compradores chineses e do sudeste asiático. Essa suposição levou à beira da extinção todas as cinco espécies de rinocerontes existentes. O rinoceronte-branco-do norte é o que está mais próximo da extinção total, mas também os seus primos de Java e Sumatra já chegaram à beira do abismo. Os rinocerontes negros da África também estão seriamente ameaçados, e os brancos do sul são os que possuem maior chance de sobrevivência.
Sudan chegou na reserva Ol Pajeta em 2009, em companhia de um outro macho, Suni, e das fêmeas Najin e Fatu. Todos os quatro animais provinham do Dvur Králové Zoo da República Checa. Na época, a população do Ceratotherium simum cottoni contava três outros exemplares, todos vivendo no cativeiro em zoos.
Em outubro 2014, o rinoceronte Suni morreu de causas naturais. Dois meses depois, na Califórnia, morreu Angalifu, um macho de 44 anos morto de velhice no San Diego Zoo Safari Park (a expectativa de vida para esses animais é de 40 a 50 anos.
Sudan é o único macho remanescente dos cinco rinocerontes-brancos-do-norte, mas ele tem agora mais de 40 anos de idade e está muito velho para poder se reproduzir. As últimas esperanças dos responsáveis pelo santuário de Ol Pajeta repousavam sobre Suni, que ao morrer tinha 34 anos. Por esse motivo, o rinoceronte-branco-do-norte já está classificado como espécie extinta.
A tenacidade e o carinho com que os guardas protegem Sudan, ao qual foram retirados os cornos para desencorajar os caçadores furtivos, têm no entanto um forte valor simbólico e testemunha a que ponto a má conduta humana esteja ameaçando a biodiversidade.
Última chance de reprodução
Os cientistas acreditam que a fecundação in vitro constitua a única possibilidade de se evitar a extinção completa. Nos últimos anos, certa quantidade de esperma de rinoceronte-branco-do-norte foi recolhida e congelada, existindo a possibilidade de inseminar fêmeas de rinoceronte-branco-do-sul como mães postiças. Mas as tentativas de fecundação artificial levadas a efeito até agora não tiveram resultado positivo.
Como alternativa, os biólogos da reserva de Ol Pajeta pensam agora cruzar as duas fêmeas restantes de rinoceronte-branco-do-norte com machos do sul. Esta solução não levaria a uma progenitura 100% pura, mas permitiria a conservação de pelo menos uma parte do patrimônio genético da espécie.
Galeria:
Vídeo: Sudan, the last Northern White Rhino in the world
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