O pirógrafo mágico. Adriano Colangelo expõe suas pirogravuras no Instituto Italiano de Cultura

Um dos mais raros e interessantes artistas plásticos da atual cena brasileira, Adriano Colangelo inaugura importante exposição de suas pirogravuras no Instituto Italiano de Cultura, em São Paulo (*) 

Um dos mais raros e interessantes artistas plásticos da atual cena brasileira, Adriano Colangelo inaugura importante exposição de suas pirogravuras no Instituto Italiano de Cultura, em São Paulo (*) 
Um dos mais raros e interessantes artistas plásticos da atual cena brasileira, Adriano Colangelo inaugura importante exposição de suas pirogravuras no Instituto Italiano de Cultura, em São Paulo (*)  (Foto: Gisele Federicce)


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Por: Luis Pellegrini

Fotos: Lamberto Scipioni

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Quando, em meados da década de 1960, Adriano Colangelo olhou pela primeira vez para aquela ponta de metal incandescente cujo nome técnico é pirógrafo, certamente não imaginou que aquele encontro selaria o casamento para toda a vida entre um artista e uma ferramenta de arte.

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Mais que uma ferramenta, aquela pequena extremidade rubra, vibrando em altíssimas temperaturas, rapidamente se tornaria um quinto membro do artista, como uma nova extremidade do seu corpo, através da qual todo o temperamento ígneo de Adriano pode se manifestar e dar o seu recado ao mundo.

 

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A mão e o pirógrafo

 

Após ter iniciado sua carreira com pintura a óleo sobre tela e madeira, Colangelo desenvolveu a pirografia inicialmente de forma monocromática sobre madeira, veludo e papel. Na década de noventa acrescentou nanquim colorido sobre papel e cartão como fundo cromático. A observação na linha do tempo dos seus trabalhos mostra uma curiosa evolução e também um fenômeno quase surreal: o pirógrafo, nas suas mãos, transforma-se também em lápis, bico de pena, pincel, espátula e, inclusive, cinzel – basta passar suavemente os dedos sobre a superfície de algumas das suas pirografias para se perceber alguma tridimensionalidade típica dos relevos.

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Adriano Colangelo em sua casa, em São Paulo

 

A plasticidade do pirógrafo

Foi graças a essa incrível plasticidade do pirógrafo que ele conseguiu  expressar, tanto em suportes de madeira quanto papel e cartão, o extraordinário mundo que o habita. Dele faz parte toda a tradição da arte europeia, sobretudo italiana renascentista e clássica, absorvida e metabolizada graças a muitos anos de estudos teóricos e práticos.

Uma segunda galáxia invadiu a mente e o coração de Adriano Colangelo quando ele chegou ao Brasil, pouco mais que adolescente: a da natureza brasileira. Nossas terras negras e vermelhas, os verdes das florestas, os azuis do céu, as explosões das auroras e dos crepúsculos brasileiros, toda a pujança quente e úmida de um universo natural feminino por excelência o seduziram e intoxicaram para sempre.

O pirogravador Adriano Colangelo em seu ateliê.

Por fim, um terceiro ciclo de experiências existenciais completou o arsenal de vivencias que seria sintetizado na obra de Colangelo: o mundo esotérico dos mistérios e dos vôos profundos nos segredos da alma e do espírito. Se os estudos acadêmicos serviram para lhe dar a necessária base técnica e cultural, se o contato com o mundo natural brasileiro nele potencializou a força vital da libido e o arroubo criativo, a experiência dos planos esotéricos determinou em boa parte o conteúdo essencial manifestado em suas pirografias. Impossível entender o significado da mensagem de Adriano Colangelo sem levar isso em conta. É o que quer dizer a profusão de ninfas, náiades, nereidas, gigantes, faunos, duendes, cupidos, erínias e todas as demais presenças mitológicas que são quase constantes em seus trabalhos.

 

 

Adriano criou seu próprio estilo

Impossível também encaixar com precisão Adriano Colangelo em alguma escola estilística das artes plásticas. Melhor será dizer que ele criou seu próprio estilo, fundindo elementos absorvidos de escolas anteriores e pondo em ação o seu próprio poder criativo. Como resultado, Adriano não é tradicional, nem é moderno; não é exatamente figurativo, nem abstrato; não é expressionista, nem impressionista... É... Adriano Colangelo.

Esta seleção de obras suas exposta nesta belíssima mostra organizada pelo Instituto Italiano de Cultura de São Paulo me proporcionou, não sei bem por que, o mesmo impacto e prazer que experimentei de recente ao viajar numa série de fotografias obtidas pelo telescópio espacial Hubble. O engenho genial da NASA captou lances extraordinários do espaço sideral repleto de estrelas, planetas, cometas e demais seres luminosos que o habitam. Seres análogos habitam o espaço infinito que existe no interior de cada um de nós. A diferença é que Adriano Colangelo, com o auxílio do seu pirógrafo mágico, consegue expressá-los para todos nós.    

 

(*) A Magia Pirográfica de Adriano Colangelo, com curadoria de Lamberto Scipioni, será inaugurada na quinta-feira, dia 18 de junho, a partir das 19 horas no Instituto Italiano de Cultura São Paulo, Avenida Higienópolis, 436, SP. www.iicsanpaolo.esteri.it Visitação: De 19 de junho a 17 de julho de 2015, de segunda a quinta, das 10H00 às 13H00 e das 15H00 às 17H00


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