O mistério dos seres híbridos: Quando a natureza desafia as suas próprias leis
Mãe-natureza tem regras genéticas rígidas. Mas quando ela decide criar um novo ser, salta por cima das suas leis e cria um híbrido. Eles podem ser animais, vegetais, e até mesmo seres que são ao mesmo tempo bicho e planta
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Por: Equipe Oásis
Todos já ouviram falar da mula. Não a mula-sem-cabeça ou a mula-manca do folclore popular brasileiro. A mula mesmo, filha de um jumento e uma égua. Bicho trabalhador, resistente e de temperamento teimoso que há séculos colabora com a pequena agricultura no Brasil e no mundo.
Mas quem já ouviu falar de um zebrasno (filho de zebra com asno), um ligre (de um leão com tigre), um pintagol (de canário com pintassilgo) ou um pumapardo (de um puma com leopardo)? Todos esses bichos existem e fazem parte de uma enorme lista de animais chamados híbridos: frutos de um cruzamento genético entre duas espécies distintas, que geralmente não poderiam ter filhos devido aos seus genes incompatíveis. Mas a natureza é pródiga em criar exceções para suas próprias regras: os híbridos são abundantes não apenas no reino animal mas também no vegetal.
Algumas dessas novas espécies são inclusive produzidas intencionalmente pelo homem, através do cruzamento entre espécies, essencialmente para serem usadas como atrações de shows e locais turísticos. Atualmente, os cientistas da genética estão tentando recriar o mamute, animal pré-histórico, através de inseminação artificial de sêmen destes animais (que foram encontrados congelados em algumas partes do planeta) em fêmeas de elefante, que são seus parentes modernos. Se conseguirem, este animal será um híbrido de elefante com mamute, e provavelmente também será estéril. Mas... só depois de pronto o bicho é que vai se saber. Pois se a esterilidade é regra para os híbridos, existem entre eles um grande número de exceções. No caso dos híbridos de javalis (porcos selvagens) com porcos domésticos, os filhos machos são estéreis, mas as fêmeas são perfeitamente férteis.
Aqui vai a lista de alguns híbridos que receberam nomes: Abelha africanizada – produto do cruzamento de várias espécies de abelhas; bardoto - cruzamento entre um cavalo e uma jumenta; cama - dromedário com lhama; jagleão - cruzamento entre um jaguar e uma leoa; leopon - cruzamento entre um leopardo e uma leoa; ligre - cruzamento entre um leão e uma tigresa; cayuga - é descendente de cruzamentos de marrecos rouen (Anas platyrhynchos domesticus) e marreco preto americano Anas rubripes; mula - cruzamento entre um jumento e uma égua; pintagol - pintassilgo com canário; dzo - yak com vaca; pumapardo - cruzamento entre um puma e um leopardo; tambacu - pacu-caranha com tambaqui; tartarugas marinhas híbridas - já foram encontradas e em algumas espécies 40% delas tem ascendência híbrida; tigreão - cruzamento entre um tigre e uma leoa; Tursiops truncatus x Pseudorca crassidens - cruzamento de golfinho e falsa-orca; zebralo - cruzamento de uma zebra com uma égua; zebrasno - cruzamento entre uma zebra e um jumento.
Exemplos de híbridos vegetais: tricale – híbrido entre trigo e centeio; azálea - híbridos de várias espécies do gênero Rhododendron; bananeira - híbridos e poliíbridos; laranjeira - híbrido de pomelo com tangerina; lima - híbrido de várias espécies; limão – é também um híbrido; orquídeas - muitas das vendidas em floriculturas, variedades comerciais, são híbridas e poliíbridas; tangelo - híbrido de uma tangerina com uma toranja; toronja - híbrido de um pomelo com uma laranja; triticale - híbrido de trigo com centeio.
Existem híbridos entre animais e plantas?
Há pelo menos um exemplo bem conhecido: a Elysia chlorotica é uma lesma, portanto um animal, que aprendeu a "nutrir-se com o sol", como fazem os vegetais. Seu corpo tem a forma de uma folha e quando essa lesma ainda é jovem ela "rouba" os cloroplastos – ou seja, os pequenos órgãos em cujo interior acontece a fotossíntese – e alguns genes pertencentes a algas com as quais vive em simbiose nos leitos marinhos costeiros. Desse modo, esse animal consegue produzir açúcares a partir da água, do anidrido carbônico e do sol. Tal capacidade permite que ela supere incólume períodos prolongados de falta de alimento e sobreviva por mais de um ano produzindo o seu próprio alimento, assim como fazem as plantas.
Uma vida ambivalente
A Elysia vive principalmente nas áreas de água muito salgada ou em zonas costeiras atlânticas batidas por fortes marés, principalmente nos Estados Unidos e no Canadá. Na realidade são conhecidas também várias outras lesmas que "emprestam" cloroplastos das algas com as quais vivem em simbiose, mas, diferente da Elysia, o fenômeno é limitado no tempo. A Elysia é o único exemplo conhecido de um ser que pode viver toda a sua vida como animal ou como vegetal.
Os híbridos de todos os tipos constituem hoje objeto de estudos intensos, sobretudo por parte de engenheiros genéticos. Nos seus mecanismos de sobrevivência podem existir segredos que, uma vez descobertos, serão de grande valia para a pesquisa médica e farmacológica.
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