Música da paisagem: Para ouvir esta música, você tem que estar lá. Literalmente

A indústria musical tenta encontrar seu lugar no mundo digital. Nesta agradável palestra, Ryan Holladay nos conta o porquê de estar experimentando algo que ele descreve como uma "música ligada à paisagem"

A indústria musical tenta encontrar seu lugar no mundo digital. Nesta agradável palestra, Ryan Holladay nos conta o porquê de estar experimentando algo que ele descreve como uma "música ligada à paisagem"
A indústria musical tenta encontrar seu lugar no mundo digital. Nesta agradável palestra, Ryan Holladay nos conta o porquê de estar experimentando algo que ele descreve como uma "música ligada à paisagem" (Foto: Gisele Federicce)


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Vídeo: TED – Ideas Worth Spreading
Palestra: Ryan Holladay

Com seu irmão, Hays, Ryan Holladay cria sites específicos para instalações sonoras e musicais, concertos interativos e composições com base no GPS destinadas a diferentes sítios em todo o território norte-americano.
Nos projetos dos irmãos Holladay, ambos produtores musicais, arte e tecnologia interagem continuamente. Eles já produziram várias instalações audiovisuais e concertos interativos. Entre essas instalações destacam-se as feitas para o National Mall em Washington e a do Central Park em Nova York. Trabalham agora em outro projeto, para a Route One, na Califórnia.

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Ryan é também artista-residente da do Laboratório de Arte e Mídia Experimental, da Stanford University, e acaba de ser nomeado curador do Artisphere, em Arlington.

Vídeo:

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Tradução integral da palestra de Ryan Holladay para o TED:

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Para qualquer um que já tenha visitado ou morado na cidade de Nova York, estas fotos podem começar a parecer familiares. Este é o Central Park, um dos espaços públicos mais belamente projetados nos Estados Unidos. Mas, para qualquer um que não o tenha visitado, estas imagens não conseguem expressá-lo completamente. Para, realmente, entender o Central Park, você tem que estar lá, fisicamente. Bem, o mesmo se aplica à música, a qual eu e o meu irmão compusemos e mapeamos especificamente para o Central Park. (Música)

Eu gostaria de falar um pouco sobre o trabalho que eu e meu irmão Hays
estamos realizando - somos nós ali. Na realidade, somos nós dois - especificamente, sobre o conceito que temos desenvolvido nos últimos anos, esta ideia de música ligada à paisagem.

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Então, eu e meu irmão somos músicos e produtores musicais. Nós temos trabalhado juntos desde que éramos crianças. Mas, recentemente, temos nos interessado mais e mais por projetos nos quais a arte e a tecnologia se entrelaçam, desde a criação de áudio de uma vista específica e uma videoinstalação, até o planejamento de concertos interativos.

Mas, hoje, eu quero focar este conceito de composição para espaço físico.

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Ryan Holladay (direita), com seu irmão Hays

Mas, antes que eu vá mais longe nisso, contarei um pouco sobre como começamos com esta ideia. Eu e meu irmão vivíamos em Nova Iorque, quando os artistas Christo e Jeanne-Claude realizaram sua instalação temporária The Gates, no Central Park. Centenas de esculturas de cores vivas decoraram o parque por algumas semanas e, diferentemente das obras exibidas em um espaço mais neutro,como nas paredes de uma galeria ou num museu, este era um trabalho que, de fato, dialogava com este lugar e, de muitas maneiras, The Gates era realmente uma celebração do incrível design de Frederick Olmsted. Esta foi uma experiência que permaneceu conosco por um bom tempo e, anos depois, eu e meu irmão nos mudamos de volta para Washington D.C., e começamos a nos perguntar o seguinte: seria possível, da mesma maneira que The Gates interagiu com o espaço físico do parque, compor música para uma paisagem? O que nos trouxe até isto. (Música)

No Dia do Memorial, nós lançamos "The National Mall", um álbum ligado à paisagem, divulgado exclusivamente como um aplicativo móvel que utiliza a funcionalidade de GPS embutida no aparelho para mapear, sonicamente, o parque inteiro na nossa cidade natal, Washington D.C. Centenas de segmentos musicais estão marcados geograficamente por todo o parque para que o ouvinte atravesse a paisagem, com uma trilha sonora se desenrolando à sua volta. Então, esta não é uma lista de músicas destinada ao parque, e sim uma coleção de melodias e ritmos distintos que se encaixam como peças de um quebra-cabeça e se harmonizam perfeitamente, baseados na trajetória escolhida pelo ouvinte. Então, pense nisso como um álbum cuja aventura você mesmo escolhe.

Vamos olhar mais de perto. Vamos ver um exemplo aqui. Então, ao usar este aplicativo, enquanto abre caminho em direção ao terreno que cerca o Monumento de Washington, você ouve o som dos instrumentos se aquecendo, o que, então, é substituído pelo som de um melotron que delineia uma melodia muito simples. A isso, então, se junta o som envolvente dos violinos. Continue caminhando e um coro completo se junta ao resto, até que você, finalmente, atinge o topo da colina e escuta o som de baterias e fogos de artifício e de todas as espécies de maluquices musicais, como se todos esse sons estivessem irradiando deste gigantesco obelisco que pontua o centro do parque. Porém, se você caminhasse na direção oposta, esta sequência inteira aconteceria ao contrário. E se você saísse do perímetro do parque, a música sumiria até atingir o silêncio, e o botão de "play" desapareceria.

Nós somos, às vezes, contatados por pessoas de outras partes do mundo que não podem vir aos Estados Unidos, mas que gostariam de ouvir este álbum. Bem, diferentemente de um álbum normal, nós não podemos satisfazer este pedido. Quando elas pedem um CD ou uma versão MP3, simplesmente não temos como realizar o pedido, e a razão é que este não é um aplicativo promocional ou um jogo que promova ou acompanhe o lançamento de um álbum tradicional. Neste caso, o aplicativo é o próprio trabalho, e a arquitetura da paisagem é intrínseca à experiência auditiva.

Seis meses depois, nós fizemos um álbum ligado à paisagem para o Central Park, um parque que é mais de duas vezes maior do que o National Mall, com músicas que perpassam o "Sheep's Meadow", o "Ramble" e o reservatório.

Atualmente, eu e meu irmão trabalhamos em projetos por todo o país, mas, na última primavera, iniciamos um projeto aqui no Departamento Experimental de Arte de Mídia de Stanford, onde estamos criando nosso maior álbum ligado à paisagem, o qual irá abranger a totalidade da Rodovia 1, aqui na Costa do Pacífico.
Mas, o que estamos fazendo, integrando o GPS com música, é, na realidade, apenas uma ideia. Mas ela se refere a uma visão maior para uma indústria musical que é, às vezes, forçada a encontrar seu lugar nesta era digital, em que começam a ver essas novas tecnologias não apenas como modos de adicionar sinos e assobios a um modelo existente, mas também para inventar caminhos novos para que as pessoas experimentem e interajam com a música. Obrigado.

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