Islândia verde. Como o país recupera as florestas destruídas pelos vikings

Como sair de uma floresta na Islândia? Basta ficar em pé. Esta é uma velha piada islandesa para se referir à escassez de árvores e de arbustos que caracteriza a paisagem daquelas terras remotas e geladas. Mas, como quase todas as piadas, ela contem um fundo de verdade. A Islândia é um país famoso pela sua beleza, mas as florestas cobrem apenas 2% da sua superfície, e todas elas tendem a ser relativamente pequenas.

Como sair de uma floresta na Islândia? Basta ficar em pé. Esta é uma velha piada islandesa para se referir à escassez de árvores e de arbustos que caracteriza a paisagem daquelas terras remotas e geladas. Mas, como quase todas as piadas, ela contem um fundo de verdade. A Islândia é um país famoso pela sua beleza, mas as florestas cobrem apenas 2% da sua superfície, e todas elas tendem a ser relativamente pequenas.
Como sair de uma floresta na Islândia? Basta ficar em pé. Esta é uma velha piada islandesa para se referir à escassez de árvores e de arbustos que caracteriza a paisagem daquelas terras remotas e geladas. Mas, como quase todas as piadas, ela contem um fundo de verdade. A Islândia é um país famoso pela sua beleza, mas as florestas cobrem apenas 2% da sua superfície, e todas elas tendem a ser relativamente pequenas. (Foto: Luis Pellegrini)


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Por: Russell McLendon  

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As coisas no passado não eram assim. Quando, vindos sobretudo da Noruega, os primeiros vikings chegaram à Islândia há mais de um milênio, encontraram uma terra desabitada cheia de florestas de bétulas e também de outras árvores de médio e grande porte. Essas florestas cobriam de 25 a 40% do território da ilha. De acordo com relatos escritos por cronistas daquela época, “a Islândia é cheia de árvores que crescem entre as montanhas e o litoral”.

Várias coníferas conseguem sobreviver e prosperar no clima inóspito da Islândia.

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Então, o que aconteceu? Os vikings começaram a cortar e a queimar as florestas em busca de madeira e para criar espaços vazios para cultivos agrícolas e para pastos para o gado e rebanhos de ovelhas. “Eles simplesmente removeram um pilar importantíssimo do ecossistema da Islândia”, diz Gudmundur Halldorsson, coordenador de pesquisa do Soil Conservation, órgão do governo para a conservação ambiental da ilha.

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Os vikings também trouxeram suínos e cabras, cujo apetite por brotos e plantas jovens tornou difícil a recuperação das florestas islandesas destruídas. “O pastoreio de rebanhos de ovelhas e de cabras impediu a regeneração dos bosques de bétulas, e isso associado à contínua deflorestação mantiveram até pouco tempo a situação de permanente declínio”, explicam as autoridades do Serviço Florestal. “Um clima mais frio (a pequena idade do gelo) também é citado às vezes como possível causa que contribuiu para o declínio das florestas, bem como as muitas erupções de vulcões e outros tipos de perturbações. Mas a verdade é que todas essas outras causas não podem explicar o quase total desaparecimento das florestas que aconteceu”. A mão do homem com certeza desempenhou nesse processo um papel preponderante.

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Até mesmo na gélida Islândia, durante algumas semanas no meio do verão, milhões de flores desabrocham formando paisagens encantadoras.

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Ovelhas pastam na região sul da Islândia.

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No momento, a Islândia desenvolve vários intensos programas de recuperação das suas florestas. Restaurar a antiga cobertura arbórea da ilha poderá representar uma enorme diferença para os processos de erosão do solo atualmente em curso, por exemplo, reduzindo o número e a intensidade das tempestades de areia e incrementando a agricultura. Poderia também melhorar a qualidade da água e ajudar a reduzir a pegada de carbono da Islândia.

 

A floresta Hallormsstadaskogur, no leste da Islândia, é a maior do país.

 

Mas todos sabemos que é muito mais fácil salvar antigas florestas do que replantar aquelas que foram destruídas, especialmente num lugar frio como a Islândia, onde as plantas têm crescimento lento. O país desenvolve programas de reflorestamento há mais de cem anos, plantando milhões de mudas não-nativas, tais como pinheiros, carvalhos e outras árvores de grande porte, sem esquecer das bétulas nativas. A Islândia planta centenas de milhares de mudas todos os anos, e fez isso ao longo da maior parte do século 20. O país atingiu a cifra de 4 milhões por ano em 1990, e já supera os 6 milhões nos primeiros anos do século 21. Apesar de os fundos florestais terem sido bastante cortados após a crise financeira dos anos 2008-2009, a Islândia continuou acrescentando a cada ano ao seu patrimônio natural cerca de 3 milhões de novas árvores.

Esse esforço tem ajudado a salvar algumas das últimas florestas naturais da ilha, e até aumentou a área de algumas delas, mas a verdade é que essa é uma recuperação lenta. Ao redor do ano 2100 o país espera ter aumentado a sua atual cobertura florestal de 2% para 12%.

 

Uma floresta de bétulas cresce no cânion Ásbyrgi, situado no norte da Islândia.


Aquecimento global poderá ajudar

Ironicamente, um clima mais ameno (que seria provocado pelo aquecimento global) tornaria muito mais fácil o processo de reflorestamento da Islândia. Atualmente, a altitude máxima no país até onde o crescimento de árvores é possível chegou a cerca de100 metros desde os anos 1980, declara o Serviço Florestal. “Isso criou um potencial de florestação de áreas maiores, nas encostas das montanhas e na periferia dos planaltos centrais”. “Com certeza, completa o mesmo Serviço, condições para a reflorestação são bem mais complexas do que a simples observação das temperaturas mais adequadas para o momento do plantio”. Mas, da mesma forma que em muitos outros lugares, as mudanças climáticas induzidas pela atividade humana coloca muitos desafios e ameaças para a Islândia, tais como o derretimento dos glaciares ou tornando os ecossistemas nativos da ilha mais propensos a receber espécies invasoras. Por outro lado, nos dias atuais o aumento da temperatura media na Islândia está matando um enorme número de árvores já adultas da espécie lárix siberiana, que precisa de invernos muito rígidos para sobreviver.

 

A charmosa Reykjiavik, capital da Islândia, prepara-se para alcançar o nível zero de produção de gases poluentes.


A Islândia trabalha ativamente para reduzir suas contribuições ao aquecimento global. A capital, Reykjavik, fixou como objetivo tornar-se neutra em termos de emissões de gás carbônico ao redor de 2040. Aumentar o patrimônio arbóreo do país é parte importante do projeto, além de acarretar outros benefícios diretos para a Islândia em termos de qualidade da terra, água e saúde pública.

A Islândia possivelmente nunca será uma terra inteiramente recoberta de florestas mas, ao investir em árvores, os líderes do país restauram pilares cruciais do seu antigo ecossistema – e isso já permite antever o dia em que a questão florestal na Islândia não será mais motivo para piadas.


Vídeo: Florestando a Islândia. Neste interessante vídeo, um ambientalista islandês dá informações importantes sobre o reflorestamento no país. Ele fala em ótimo inglês, mas só as paisagens mostradas no vídeo já valem a pena.

 

 
 

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