Ilha de Queimada Grande Uma jararaca por metro quadrado

Para quem a vê do alto, Queimada Grande parece um pequeno paraíso tropical perdido no azul do Oceano Atlântico, a quarenta quilômetros de São Paulo. Poderia ser a ilha dos sonhos de quem tem vocação para Robinson Crusoé. Mas se existe um lugar do mundo onde é melhor não naufragar é exatamente essa ilha. Ela hospeda hoje cerca de 4 mil exemplares de uma serpente muito venenosa, a jararaca ilhoa, concentrados numa superfície de pouco mais de 4 mil metros quadrados.

Para quem a vê do alto, Queimada Grande parece um pequeno paraíso tropical perdido no azul do Oceano Atlântico, a quarenta quilômetros de São Paulo. Poderia ser a ilha dos sonhos de quem tem vocação para Robinson Crusoé. Mas se existe um lugar do mundo onde é melhor não naufragar é exatamente essa ilha. Ela hospeda hoje cerca de 4 mil exemplares de uma serpente muito venenosa, a jararaca ilhoa, concentrados numa superfície de pouco mais de 4 mil metros quadrados.
Para quem a vê do alto, Queimada Grande parece um pequeno paraíso tropical perdido no azul do Oceano Atlântico, a quarenta quilômetros de São Paulo. Poderia ser a ilha dos sonhos de quem tem vocação para Robinson Crusoé. Mas se existe um lugar do mundo onde é melhor não naufragar é exatamente essa ilha. Ela hospeda hoje cerca de 4 mil exemplares de uma serpente muito venenosa, a jararaca ilhoa, concentrados numa superfície de pouco mais de 4 mil metros quadrados. (Foto: Gisele Federicce)


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Pronta para o bote: As jararacas da ilha Queimada Grande estão sempre à cata de uma presa

 

  

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Por: Luis Pellegrini

 

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Chamam-na “Ilha das Cobras”. Quando se conhece essa pequena ilha, o apelido que ganhou fica bem compreensível. Ela é o habitat natural da jararaca ilhoa (Bothrops insularis), uma parente da cascavel, considerada entre as serpentes mais perigosas do mundo. Seu veneno pode matar uma pessoa em menos de uma hora. Essa jararaca é mortal em 7% dos casos, e basta isso para explicar a existência de numerosas lendas e historias curiosas relacionadas à ilha, lendas que são passadas de pai para filho nas comunidades de pescadores da região.

 

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A ilha Queimada Grande vista do alto

 

Algumas dessas histórias contam que as primeiras serpentes foram levadas à ilha por piratas para proteger os seus tesouros. Mas a verdade é provavelmente uma outra: Queimada Grande começou a ser povoada por serpentes há cerca de 11 mil anos, quando ainda era ligada ao continente sul-americano, ou seja, antes que o nível do mar se elevasse, após o final da última era glacial.

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A incrível proliferação dessa jararaca na ilha deve-se sobretudo ao fato de que nela não existem predadores naturais. Os únicos animais que a visitam são as aves migratórias, e de qualquer modo são os ninhos dessas aves os objetos de predação por parte das serpentes ilhoas, que além de tudo desenvolveram a habilidade de trepar e caçar nas árvores.

 

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Costão rochoso da Ilha Queimada Grande

 

A ilha e a jararaca são objeto de importantes estudos, mas tudo de modo controlado: as autoridades controlam rigorosamente o acesso à ilha. Nossa marinha militar vai lá uma vez ao ano para os trabalhos de manutenção do farol. Mas Queimada Grande não está livre de contaminações: é certo que caçadores furtivos aportam lá para capturar exemplares da serpente que, depois, vendem no mercado negro a preços que oscilam entre 10 mil e 30 mil dólares o exemplar!

Apesar da fama, Queimada Grande representa algo mais para a comunidade científica: alguns pesquisadores consideram que a jararaca ilhoa possa salvar a vida de muitas pessoas. Marcelo Duarte, biólogo do Instituto Butantã, centro paulistano que estuda os repteis venenosos com vistas ao seu uso farmacêutico, ilustra o potencial dessa serpente. Ele diz que o seu veneno revela-se um precioso aliado na criação de fármacos contra doenças cardíacas e circulatórias.

 

Close da cabeça de uma serpente jararaca ilhoa

 

Querem transformá-la em parque nacional

 

Queimada Grande tem uma área de aproximadamente 430 mil metros quadrados. Sua topografia é bastante irregular, e a altitude máxima é de 206 metros. A profundidade ao redor está em torno dos 45 metros. Não possui praias, somente costões rochosos. Um farol automático está instalado na parte mais plana da ilha, mantido e conservado pela Marinha.

 

O mapa mostra a localização da Ilha de Queimada Grande, no litoral de São Paulo

 

A ilha está a 18 milhas náuticas (aproximadamente 40 quilômetros) da costa de Itanhaém e Peruíbe e apresenta difíceis condições de desembarque e para fundeio de embarcações. O desembarque não é aconselhado e até mesmo foi proibido pela Marinha do Brasil  devido a grande quantidade de cobras, especialmente a jararaca ilhoa, espécie endêmica da ilha. Segundo alguns cientistas, ela é a cobra venenosa com a peçonha mais potente do mundo. Outro motivo para a inibição do desembarque é a preservação da fauna e flora da ilha.

 

Filhotes de jararaca Ilhoa (Bothrops insularis) no serpentario do Instituto Vital Brasil Foto: João Marcos Rosa

 

Há o interesse, por parte de cientistas, ONGs, mergulhadores e outros, de transformar Queimada Grande em um Parque Nacional Marinho. A intenção é aumentar a proteção da parte marinha, numa faixa de 2 milhas náuticas no entorno da ilha, onde existem corais e espécies vulneráveis da fauna marinha, como tartarugas e peixes.


Vídeo: O biólogo Breno Damasceno do Ceam Galápagos, o repórter André Julião e o fotógrafo João Marcos Rosa fizeram uma reportagem para a National Geographic Brasil sobre a espécie de jararaca ilhoa que existe exclusivamente na ilha de Queimada Grande.

 

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