Fuleco em perigo. A Copa ajudará a salvar o tatu-bola de carne e osso?

Ele é completamente brasileiro e, enrolando-se, consegue se transformar numa esfera quase perfeita. É o nosso tatu-bola. Bicho simpático, dócil e inofensivo. Mas seriamente ameaçado de extinção

Ele é completamente brasileiro e, enrolando-se, consegue se transformar numa esfera quase perfeita. É o nosso tatu-bola. Bicho simpático, dócil e inofensivo. Mas seriamente ameaçado de extinção
Ele é completamente brasileiro e, enrolando-se, consegue se transformar numa esfera quase perfeita. É o nosso tatu-bola. Bicho simpático, dócil e inofensivo. Mas seriamente ameaçado de extinção (Foto: Gisele Federicce)


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Por: Luis Pellegrini

 

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Ao longo das próximas semanas, centenas de milhões de pessoas no Brasil e ao redor do mundo vão se sentar e torcer na frente de seus televisores e telas de computador. A Copa do Mundo 2014 acontece aqui, mas suas imagens darão a volta ao globo muitas e muitas vezes. Alguns dos melhores atletas do esporte estarão em evidência durante essa mega competição de futebol que durará um mês, de 12 de junho a 13 de julho. Entre eles estará um verdadeiro atleta da natureza: o tatu-bola, o mascote da Copa do Mundo, batizado com o nome um tanto estranho de Fuleco.

Ao longo da Copa do Mundo, muito mais pessoas irão ver o mascote Fuleco do que brasileiros terão a chance de ver um tatu-bola real. A espécie, endêmica do Brasil ocidental, é hoje muito rara. Já esteve na lista dos animais prestes a serem extintos, até que foram redescobertos algumas concentrações de indivíduos em uns poucos locais remotos, na década de 1990. De qualquer forma, hoje eles são considerados vulneráveis ​​à extinção, principalmente devido à perda do seu habitat e à caça predatória. O bichinho, além de tudo, é ótimo para ser comido.

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Quando, em 2012, a FIFA anunciou a escolha do tatu-bola, e houve o lançamento do Fuleco, a organização disse que o mascote representava “as elevadas metas ambientais da Copa do Mundo”. O própria nome do mascote seria uma brincadeira com as palavras futebol e ecologia. “Um dos principais objetivos da Copa do Mundo de 2014 é usar o evento como plataforma para comunicar a importância do meio ambiente e da ecologia”, declarou na ocasião o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke. “Nós estamos contentes de fazê-lo com a ajuda de um mascote que, tenho certeza, vai ser muito amado”.

Infelizmente, a promessa da FIFA para tornar mais verde a Copa do Mundo mais verde até agora não correspondeu à realidade. Mais de uma floresta crítica foi arrasada para dar lugar a novos estádios... Sem dizer que a emissão de gases poluentes na atmosfera para o transporte de torcedores e jogadores Brasil afora, durante o mês o certame, será equivalente à emissão produzida por meio milhão de automóveis durante um ano inteiro. Parece que não conseguimos fazer mais nada sem, de alguma forma, poluirmos ainda mais o meio ambiente.

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Espécie muito ameaçada

 

Tudo Isso nos traz de volta ao Fuleco. Uma equipe de cientistas, pertencentes sobretudo à Universidade Federal do Vale do São Francisco, pediu recentemente à FIFA para fazer mais, em termos de propaganda e de conscientização ambiental, para proteger o tatu-bola brasileiro. Especificamente, esse grupo de estudiosos pediu para que a organização protegesse mil hectares de habitat crítico do tatu-bola no ecossistema da caatinga para cada gol marcado ao longo da Copa do Mundo. “Proteger o que resta da caatinga é extremamente urgente”, disse há poucas semanas José Alves Siqueira, daquela universidade. “Queremos que a escolha de uma das espécies mais emblemáticas da caatinga para ser mascote da Copa do Mundo seja mais do que apenas um símbolo momentâneo”.

 

 

Mas a verdade é que esse movimento de salvação, mesmo que ele realmente aconteça, poderá não agir com rapidez suficiente para salvar os primos em carne e osso do Fuleco. As populações dessa espécie rara - uma das duas únicas espécies de tatu que podem rolar, transformando-se  em uma bola completa - caíram cerca de 30% na última década. Este não é um fato para se festejar.

 

Vídeo: Alguns lances da vida do tatu-bola

 

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