El Niño está de volta. Clima seco na Austrália, enchentes no Brasil

A próxima estação de chuvas torrenciais e inundações no Brasil e de furacões na América do Norte poderá nos reservar grandes surpresas. A causa? El Niño, fenômeno meteorológico que volta a se manifestar no Pacífico e que influencia o clima global.

A próxima estação de chuvas torrenciais e inundações no Brasil e de furacões na América do Norte poderá nos reservar grandes surpresas. A causa? El Niño, fenômeno meteorológico que volta a se manifestar no Pacífico e que influencia o clima global.
A próxima estação de chuvas torrenciais e inundações no Brasil e de furacões na América do Norte poderá nos reservar grandes surpresas. A causa? El Niño, fenômeno meteorológico que volta a se manifestar no Pacífico e que influencia o clima global. (Foto: Gisele Federicce)


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El Niño deverá causar seca na Austrália e enchentes no Brasil.

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Por: Equipe Oásis

Os serviços meteorológicos australiano e britânico (o Met Office, o mais importante centro europeu de meteorologia) acabam de confirmar que o fenômeno “El Niño” está de volta. Registrado pela última vez há cinco anos, ele interfere nas características climáticas de várias regiões do planeta, especialmente no Sudeste Asiático e na América Latina. Os efeitos são variados, podendo ir de chuva à seca, de acordo com a região. Ele pode, também, fazer com que uma estação do ano fique mais quente do que o normal.

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El Niño é uma anomalia climática do Pacífico Sul cujo primeiro efeito é o aquecimento anormal das águas e alteração de suas correntes. O fenômeno ocorre entre a costa oeste da América Latina e o Sudeste Asiático, mas seus efeitos podem ser sentidos em todo o mundo. No passado, em quase todas as vezes que se manifestou, ele levou a desastres naturais.

 

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Chuvas torrenciais ocorreram em Santa Catarina no final da década de 2010 por causa do El Niño.

 

Normalmente, no Pacífico Sul, águas quentes superficiais fluem, a partir da América Latina, em direção ao oriente. Ao mesmo tempo, águas geladas viajam em sentido contrário, nas profundezas do oceano. Nos anos em que o El Niño ocorre, essas correntes ficam mais fracas e, algumas vezes, chegam a mudar de direção. O fenômeno faz também com que a temperatura da água superficial da costa da Austrália e da Indonésia fique vários graus mais baixa, enquanto na América Latina ela aumenta. A última vez que o El Niño ocorreu foi entre 2009 e 2010. Ele costuma durar cerca de um ano.

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O fenômeno provoca inúmeros impactos no meio ambiente. Corais, plâncton e algas morrem nas águas quentes da América Latina. Peixes migram, devido à falta de alimentos, o que acaba afetando a indústria pesqueira regional. O aquecimento considerável da água também leva à formação de áreas de baixa pressão na costa oeste da América Latina. Isso pode desencadear chuvas torrenciais e, como consequência, deslizamentos e enchentes. No Brasil, a título de exemplo, as grandes inundações em Santa Catarina, no final da década de 2010, tiveram origem nesse fenômeno.

 

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A faixa mais clara indica a zona do Oceano Pacífico onde ocorre o fenômeno El Niño

 

Pouco se sabe sobre as causas

Do outro lado do Pacífico – sobretudo na Indonésia e no norte da Austrália – acontece o contrário: secas, colheitas fracas e um risco maior de incêndios florestais. Durante o El Niño, o fenômeno das monções, que geralmente leva à região a necessária chuva, pode chegar mais tarde ou simplesmente sequer acontecer. Seca é uma das consequências do fenômeno observadas no Pacífico Sul.

Pesquisadores ainda não sabem ao certo quais são as causas do fenômeno. Existem indicações de que ele não seja causado por influência humana, e que exista há séculos, até mesmo há milênios. Mas o que se suspeita é que o efeito estufa atualmente em curso possa fazer com que o El Niño ocorra com mais frequência e de forma mais intensa.

O nome El Niño deriva do fato de que essa variação climática tende a ser sentida com mais força no período do Natal. Por isso, pescadores peruanos, os mais afetados pelo fenômeno devido à redução no número de peixes, resolveram chamá-lo de El Niño, termo espanhol que, quando grafado em letra maiúscula, se refere ao menino Jesus.

 

Infográfico explicativo do El Niño. Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos - Cptec e MetSul Meteorologia. Arte de Paulo Zariff

 

Pelo menos nas últimas décadas, o fenômeno tende a se manifestar com frequências bastante regulares. Mas, baseado em estimativas, um estudo do centro alemão de pesquisas oceânicas Geomar aponta que El Niño pode se tornar cada vez mais comum. Até o ano 2100, afirma o instituto, correntes de ar poderão paulatinamente perder força e mudar de direção rumo a leste, o que levaria a um efeito El Niño permanente. Isso seria resultado do aquecimento global, embora seja ainda pouco perceptível em termos climatológicos. Existem, no entanto, evidências conflitantes: dados coletados entre 1979 e 2013 sugerem que houve uma intensificação geral da circulação de ar, o que poderia agir, teoricamente, contra o ciclo do El Niño.

 

Na Austrália e no sudeste da Ásia El Niño costuma provocar secas severas.

 

Sintomas e efeitos

Os sintomas mais evidentes da ocorrência do El Niño são um incremento das temperaturas superficiais do mar (um grau centígrado a mais) na área equatorial do Pacífico compreendida entre os 170 graus leste e 120 graus oeste, e uma diminuição dos ventos dominantes provenientes do leste, ao longo do equador. Tais sintomas já foram detectados. Quanto aos efeitos que ele produzirá, esperam-se condições climáticas mais secas na região da Indonésia e na Austrália oriental, e condições de maior umidade e pluviosidade no sudeste do continente sul-americano. Mas a presença do El Niño influencia profundamente toda a circulação atmosférica do planeta, inclusive as correntes aéreas de alta quota presentes na área onde se formam os grandes furações atlânticos (Caribe e sul dos Estados Unidos).

 

Vendavais poderão ser mais frequentes no litoral centro sul do Brasil.

 

El Niño é uma das mais importantes flutuações  climáticas do nosso planeta. Ele se apresenta uma vez a cada 3-7 anos, com um ciclo de vida de cerca 6 meses. Durante esse período, o Oceano Pacífico Oriental apresenta um notável aquecimento, e isso acarreta importantes repercussões nas correntes atmosféricas. No Pacífico Ocidental formam-se zonas de alta pressão que levam à forte seca na Austrália, ao mesmo tempo em que novas zonas de baixa pressão no Pacífico Oriental provoca chuvas violentas e inundações nas Américas Ocidentais.

O atual El Niño começou a se manifestar no final de 2014, mas em seguida permaneceu numa fase de estagnação até as últimas semanas. Parece agora retomar seu curso e se intensifica. No momento ainda não se pode dizer se será débil, médio ou intenso, mas os estudos climáticos concordam em afirmar que ele deverá chegar a seu ápice entre setembro e outubro deste ano.

Ainda não está bem claro o quanto o fenômeno El Niño possa influenciar o clima do inteiro planeta, mas é certo que ele influencia (além das costas do Pacífico nas Américas e na Austrália) o sudeste asiático, as Filipinas e o Brasil como um todo.

 

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