Dustin Yellin. Uma jornada através da mente de um artista

Dustin Yellin cria peças de arte hipnotizantes que contam histórias complexas e inspiradas em mitos. Como ele desenvolveu seu estilo? Nesta palestra encantadora, ele compartilha a jornada de um artista, começando aos oito anos de idade, e sua forma idiossincrática de pensar e enxergar. Acompanhe como ele chegou à sua maior e mais recente obra.

Dustin Yellin cria peças de arte hipnotizantes que contam histórias complexas e inspiradas em mitos. Como ele desenvolveu seu estilo? Nesta palestra encantadora, ele compartilha a jornada de um artista, começando aos oito anos de idade, e sua forma idiossincrática de pensar e enxergar. Acompanhe como ele chegou à sua maior e mais recente obra.
Dustin Yellin cria peças de arte hipnotizantes que contam histórias complexas e inspiradas em mitos. Como ele desenvolveu seu estilo? Nesta palestra encantadora, ele compartilha a jornada de um artista, começando aos oito anos de idade, e sua forma idiossincrática de pensar e enxergar. Acompanhe como ele chegou à sua maior e mais recente obra. (Foto: Gisele Federicce)


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Yellin aparece atrás de suas obras

 

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Vídeo: TED – Ideas Worth Spreading

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Tradução: Leonardo Silva. Revisão: Guilherme Dias

 

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Aclamado por suas “pinturas-esculturas” monumentais, os painéis em vidro de Yellin contêm desenhos, pinturas e colagens tridimensionais. A partir de uma fase anterior em que o artista usava resinas em lugar do vidro, as obras de Yellin cresceram de tamanho, culminando, recentemente, no painel The Trypych (O Trítico) que pesa mais de 12 toneladas.

 

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O projeto mais ambicioso de Yellin, agora, é o Pioneer Works, fundação que mantem um complexo de criação artística que ocupa uma área de quase três mil metros quadrados em Red Hook, no bairro do Brooklyn, Nova York. Com estágios e hospedagem para artistas, workshops e laboratórios, Pioneer Works não tem fins lucrativos e tem como filosofia fundamental a interação multidisciplinar.

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Vídeo:

Clique aqui para assistir ao vídeo.

 

Tradução integral da palestra de Dustin Yellin no TED:

Fui criado por lésbicas, nas montanhas, e vim para Nova Iorque, um tempo atrás, como um gnomo da floresta. Isso realmente bagunçou minha cabeça, mas vou falar disso depois.

Vou começar falando de quando eu tinha oito anos. Peguei uma caixa de madeira e a enterrei, no Colorado, com uma nota de 1 dólar, uma caneta e um garfo dentro. Talvez algum humanoide estranho ou alienígena a achasse 500 anos depois e ficasse sabendo como nossa espécie compartilhava ideias; quem sabe até como comíamos espaguete. Eu realmente não sabia. Bem, isso é meio engraçado, porque aqui estou, 30 anos depois, e ainda faço caixas.

 

Seascape Side, painel escultural de Dustin Yellin, de 2013

 

Bom, em algum momento, fui para o Havaí... Gosto de caminhadas, surfe e dessas coisas estranhas, e eu estava fazendo uma colagem para minha mãe. Peguei um dicionário e o rasguei e o transformei em meio que uma grade de Agnes Martin, e passei resina em tudo e uma abelha ficou presa. Bem, ela tem medo de abelhas e é alérgica a elas e, por isso, passei mais resina na tela, na tentativa de escondê-la ou algo assim. O contrário aconteceu: isso meio que criou uma ampliação, como uma lente de aumento, do texto do dicionário.

O que eu fiz? Fiz mais caixas. Dessa vez, comecei a colocar eletrônicos, sapos, garrafas estranhas que eu achava na rua, qualquer coisa que eu encontrasse. Sempre achei coisas, durante toda a minha vida, e tentava criar relações entre esses objetos e contar histórias. Comecei a desenhar em volta dos objetos e percebi: "Caramba, posso desenhar no espaço! Posso fazer linhas flutuantes, como se desenhasse o entorno de um corpo numa cena de crime." Então, eu tirei os objetos e fiz minha própria taxonomia de espécies inventadas. Primeiro, botânicas - que vocês podem meio que perceber. Depois, fiz alguns insetos e criaturas estranhas. Era muito divertido. Eram apenas desenhos nas camadas de resina.

 

Dustin Yellin, artista plástico

 

E era legal, porque eu estava começando a fazer exposições e tal, ganhando algum dinheiro, podia levar minha namorada pra jantar e, tipo, ir ao Sizzler. Só parada boa, cara.

Em certo momento, cheguei à forma humana, esculturas em resina em tamanho real, e desenhos de humanos dentro das camadas. Isso era ótimo, exceto por uma coisa: eu ia morrer. Eu não sabia o que fazer, porque a resina ia me matar. Eu ia pra cama toda noite pensando nisso.

Então, tentei usar vidro. Comecei a desenhar nas camadas de vidro, quase como se desenhasse em uma janela, e depois colocasse outra janela e outra janela, e pusesse todas as janelas juntas, criando uma composição tridimensional. Isso realmente funcionava, porque eu podia parar de usar resina.

 

Investigations of a Dog, obra de Dustin Yellin

 

Fiz isso por anos, o que culminou em um obra bem grande, que chamo de "The Triptych". "The Triptych" foi grandemente inspirado em "O Jardim das Delícias Terrenas", de Hieronymus Bosch, que é uma pintura no Museu do Prado, na Espanha. Vocês conhecem esse quadro? Legal, é um quadro legal. É meio que à frente de seu tempo, dizem. Então, "The Triptych". Vou mostrá-la a vocês. Ela pesa 10.8 toneladas. Tem 5,5 metros. Tem dois lados. Por isso, são 11 metros de composição. É meio esquisito. Bem, essa é a fonte de sangue. À esquerda, temos Jesus e os gafanhotos. Há uma caverna, onde criaturas com cabeça de animal viajam entre dois mundos. Elas vão do mundo representativo para um mundo de malha analógica onde se escondem. É lá que as criaturas com cabeça de animal ficam, perto do farol, e todas vão cometer suicídio coletivo, se jogando no oceano. O oceano é feito de milhares de elementos. Este é um deus-pássaro, atado a um navio de guerra. (Risos) Billy Graham está no oceano; a Horizon, do vazamento de óleo; Waldo; o abrigo de Osama Bin Laden... há várias coisas estranhas que você pode encontrar se olhar com bastante atenção, no oceano. Bem, esta é uma criatura feminina. Ela está saindo do oceano e está cuspindo óleo na mão e ela tem nuvens saindo da outra mão. Suas mãos são como balanças e ela possui a referência mitológica da Terra e do cosmos em equilíbrio.

Esse é um dos lados de "The Triptych". É uma coisa um pouco narrativa. Esta é a mão na qual está cuspindo. Então, quando você vai para o outro lado, ela tem meio que uma tromba, um bico de ave, e ela cospe nuvens de seu bico. Ela tem uma cauda de serpente, com 5,5 m, que conecta o "The Triptych". Bom, a cauda pega fogo na parte de trás do vulcão. (Risos) Não sei por que isso aconteceu.

 

 

Acontece, sabe. A cauda mata um globo ocular "ciclóptico", feito de 1986 figurinhas de terroristas. Você já viram? Foram feitas nos anos 80, como figurinhas de beisebol de terroristas. Bem à frente de seu tempo.

Isso nos leva ao meu projeto mais recente. Estou no meio de dois projetos: um se chama "Psychogeographies". É um projeto de seis anos, de fazer 100 desses humanos. Cada um é um arquivo de nossa cultura, por meio de nossa mídia e matérias rasgadas, sejam enciclopédias, dicionários ou revistas. Cada um funciona como uma espécie de arquivo em forma humana, e viajam em grupos de 20, 4, ou 12 por vez. São como células: eles se reúnem, se dividem. E você meio que passa por eles. Já levei anos nisso. Cada um é, basicamente, um slide de microscópio de 1.360 kg, com um humano preso dentro.

Este aqui tem uma pequena caverna no peito. Essa é a cabeça, o peito; você pode meio que ver o início. Vou descer pelo corpo, pra mostrar: há uma cachoeira saindo do peito, cobrindo seu pênis, "não pênis", ou seja lá o que for, uma coisa meio andrógina. Vou mostrar essas obras rapidamente, porque não tenho muito tempo pra explicá-las. Temos as camadas, dá pra ver. Este é um corpo se dividindo ao meio. Este aqui tem duas cabeças, e as duas estão se comunicando. Dá pra ver as pílulas saindo, entrando numa cabeça dessa estátua estranha. Há uma pequena floresta dentro da cavidade toráxica. Conseguem vê-la?

 

Uma das seções de The Triptych, de Dustin Yellin

 

Bem, esta palestra é pra falar dessas caixas, como as caixas em que estamos. Esta em que estamos; o sistema solar é uma caixa. Isso nos leva à minha caixa mais recente. É uma caixa de tijolos. Chama-se "Pioneer Works". (Vivas) Dentro dela está um físico, uma neurocientista, um pintor, um músico, um escritor, uma estação de rádio, um museu, uma escola, uma editora para disseminar todo o conteúdo que criamos lá para o mundo, um jardim. Sacudimos essa caixa e essas pessoas começam a trombar umas nas outras como partículas.

Acho que é assim que se muda o mundo. Você redefine o seu interior e a caixa em que você vive e acaba percebendo que estamos todos nessa juntos, que essa ilusão de diferença, a ideia de países, de fronteiras, de religião, não funciona. Somos todos realmente feitos das mesmas coisas, na mesma caixa. E se não começarmos a trocar essas coisas delicadamente, vamos todos morrer muito em breve.

Muito obrigado.

 

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