Coreia do Norte. Fatos e fotos de um país murado
Não há dia sem que notícias – mais ou menos dramáticas – sobre a Coreia do Norte e seu líder, o ditador Kim Jong-Un apareçam na mídia mundial. O “Reino do Brilhante Companheiro”, como os coreanos do Norte chamam Kim Jong-Un, o seu líder, representa hoje o maior mistério do Oriente.
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Por: Equipe Oásis
Com cerca de 120 mil quilômetros quadrados, área pouco maior que o Estado do Rio Grande do Sul, a Coreia do Norte ocupa a porção norte da península da Coreia. A maior parte das suas fronteiras é com a República Popular da China e uma pequena parte a norte com a Rússia, e a fronteira ao sul é feita com a Coreia do Sul, ao longo da Zona Desmilitariza da Coreia . A oeste, há o Mar Amarelo e a Baía da Coreia, e ao leste, é banhada pelo Mar do Japão.
A geografia do país não apresenta muita diversidade, é bastante comum. Em compensação, praticamente tudo o mais nessa nação permanece envolto em segredo e mistério. Sabemos que é governada pela dinastia dos Kim, em um tipo de monarquia absoluta de padrões comunistas que concede muito pouco aos demais países em matéria de trocas e diálogo. É difícil entrar na Coreia do Norte, e ainda mais difícil é sair dela.
Sabemos ainda que seus governantes amam exibir seu exército durante paradas militares muito coloridas e coreográficas, desenhadas para encantar e amedrontar. Sabemos também que seu povo vive na pobreza e na ilusão de que o resto do mundo seja um lugar muito pior e mais feio.
Formalmente o país está em guerra com a Coreia do Sul desde 1950. A última prova de força do regime norte-coreano foi quando ele anunciou ter desenvolvido (e feito explodir) uma bomba H. Verdade ou mentira, a Coreia do Norte é uma das nações mais militarizadas do mundo, com um exército de mais de 1,2 milhão de soldados, embora ainda seja um mistério os números reais do seu potencial bélico. Ela efetuou diversos testes nucleares que lhe custaram pesadíssimas sanções por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Uma guerra que persiste
A história da Coreia dio Norte começa quando acaba a Segunda Guerra Mundial, em 1945. Neste ano os japoneses foram expulsos da península coreana pela guerrilha liderada por Kim Il Sung e forças soviéticas e estadunidenses ocuparam a área. Os soviéticos estabeleceram-se ao norte do paralelo 38 e os americanos ao sul. Formaram-se dois países divididos que reclamavam o direito sobre toda a península, cada um proclamando ser o legítimo representante do povo coreano.
A paz se mantinha fragilmente e em 25 de junho de 1950 a Coreia do Norte tentou a unificação do país avançando rumo à chamada Coreia do Sul, dominada por tropas americanas e deu início a uma grande guerra, envolvendo China e União Soviética de um lado e os estados Unidos do outro. Em 27 de julho de 1953 foi assinado um armistício entre o comandante do exército norte-coreano e um representante da ONU, criando uma zona desmilitarizada entre os dois países. É esta a situação que perdura até hoje.
O regime de Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, é um “negócio de família”. O pai da pátria é Kim Il-Sung, o “Grande Líder”, herói da resistência anti-nipônica durante a Segunda Guerra Mundial. Ele subiu ao poder em 1948, criando a ideologia do “Juche” (autossuficiência). Quando morreu, em 1994, foi sucedido pelo filho Kim Jong-Il, o “Caro Líder”, que prosseguiu no desenvolvimento do programa nuclear do pai. Desde 2011, está no poder o seu terceiro filho Kim Jong-Un (na foto acima), o “Brilhante Companheiro” ou “Líder Supremo”.
King Jong-Un, o Brilhante Companheiro, hoje com 33 anos, é apaixonado por futebol e basquete. É grande apoiador do esporte no país, investindo muito em novas estruturas, com o objetivo de relançar no exterior uma imagem mais sadia e moderna do país, alimentando ao mesmo tempo o orgulho nacional. Os cidadãos são convidados a comparecer em massa a cada evento esportivo, e as vitórias dos atletas norte-coreanos nos certames internacionais são saudados como “triunfos do povo”.
Como em todo regime comunista extremado, o sistema econômico da Coreia do Norte é inteiramente planificado pelo regime. A principal fonte de recursos é a indústria (42,8% do PIB), sobretudo a de armamentos e equipamentos militares, a extrativista e a metalúrgica; a agricultura é responsável por 24,6% e os serviços por 32,6%.
A China é seu maior parceiro comercial (75%), seguida – apesar do estado de guerra – da Coreia do Sul (cerca 15%). Nos últimos anos a taxa de crescimento do produto interno bruto está ao redor de 1% ao ano, embora a renda anual per capita permaneça ainda entre as mais baixas do mundo.
É proibido atravessar a fronteira da Coreia do Norte com armas, substâncias excitantes ou psicotrópicos, celulares e publicações de qualquer tipo, inclusive livros e revistas. Desde fevereiro último, no entanto, os visitantes estrangeiros podem usar a conexão 3G dos seus celulares. Smartfones e notebooks são controlados um a um nos postos de fronteiras.
A Coreia do Norte possui a sua própria internet. Se chama Kwangmyong e é uma rede isolada, não conectada à rede mundial. Permite mandar e-mails, visitar os sites do regime, ler os boletins de notícias (inclusive aqueles controlados) e ter acesso a uma biblioteca eletrônica.
O país possui numerosas prisões e inclusive campos de concentração, como o famigerado Hwasong (ou Campo 16) de cuja existência se tomou conhecimento apenas em 2009 e onde se estima estejam hoje aglomerados 20 mil prisioneiros políticos. No total, segundo fontes internacionais, os detentos na Coreia do Norte seriam hoje cerca de 200 mil, para uma população de 25 milhões de habitantes.
O país possui hoje um dos maiores exércitos do mundo. Com cerca de 1,2 milhão de soldados (e mais de 8 milhões de reservistas) dos quais 180 mil são membros de tropas especiais escolhidos a dedo. Trata-se de um número incrível, cerca 49 soldados para cada mil habitantes, sem contar os reservistas. Nos Estados Unidos são 5 soldados para cada mil habitantes, apenas para se fazer uma comparação.
Grande parte do seu treinamento se baseia na hipotética invasão da Coreia do Sul. Na zona limítrofe entre os dois países já foram encontrados 4 tuneis secretos capazes de deixar passar trinta mil soldados em apenas uma hora. Segundo fontes da inteligência norte-americana, existiriam pelo menos outros 20 tuneis análogos.
É muito difícil violar as redes da propaganda e da censura estatais na Coreia do Norte. Segundo o jornal New York Times, no entanto, de vez em quando chegam à Coreia do Sul DVDs contrabandeados produzidos pelos primos do Norte, e reveladores do que realmente acontece no país murado.
O salário médio de um operário na Coreia do Norte oscila entre 7 e 12 reais ao mês. Na China, hoje, ele varia entre 800 e mil reais mensais. Apenas os militares e os oficiais do governo podem possuir um automóvel. Tais restrições levaram ao desenvolvimento de um sistema ilegal de taxis geridos pelos próprios militares e por membros do partido do governo.
Kim Jong-Un possui 32 residências e 20 estações de trem! Ele tem medo de voar e só se desloca em trem (possui 6 trens, todos eles com suíte, sala de reuniões, televisões de cristal líquido e um... tanque para lagostas.
Estranho, mas verdadeiro: nesse país onde quase tudo é proibido, pode-se fumar maconha livremente. Mas houve gente que acabou na cadeia por fumar um baseado feito com papel de jornal onde estava estampada a imagem do líder Kim.
Os blu-jeans são ilegais na Coreia do Norte pois o governo considera que o seu tecido representa a América capitalista. Existem além disso 28 cortes de cabelo proibidos para mulheres e 10 cortes para os homens.
Kim Jong-Il (o pai do atual ditador) mandou sequestrar o diretor sul-coreano Shin Sang-ok. O cineasta foi levado para a Coreia do Norte e obrigado a dirigir filmes sobre o país e outros. Em 1986 conseguiu fugir e voltar à Coreia do Sul.
A lei pune três gerações de um “culpado”. Se uma pessoa viola uma lei ou é mandada para um campo de prisioneiros, a punição envolve toda a sua família. Avós, genitores e filhos do transgressor são levados a campos de trabalho forçado onde são submetidos a trabalho escravo. Na foto, um condenado é escoltado para fora do tribunal depois de um julgamento.
No livro Fuga do Campo 14, Shin Dong-hyuk conta que nos campos de prisioneiros da Coreia do Norte cada detento precisa respeitar 10 regras, e se não o fizer, estará sujeito ao fuzilamento sumário. Alguns exemplos? Tentar a fuga (regra1), roubar (regra 3), manter relações sexuais ou simplesmente se masturbar sem autorização (regra 8). É incentivada a delação dos próprios parentes (genitores inclusos) para poder salvar a própria vida. Ter um tio que nos anos 1950 conseguiu fugir para a Coreia do Sul: por isso foi encarcerada e logo em seguida fuzilada toda a sua família. Na foto, o líder Kim Jong-Un inspeciona um barco recém construído. O estresse das pessoas que o cercam é bem visível.
A fronteira entre as duas Coreias. A zona desmilitarizada entre as duas Coreias tem 250 quilômetros de comprimento e 4 quilômetros de largura. É quase inteiramente desabitada, mas em alguns pontos estão localizados os presídios militares de ambos os países.
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