Clube dos preguiçosos: Inatividade física mata mais de 5 milhões a cada ano

Cientista brasileiro coordena série especial da revista britânica The Lancet sobre atividade física; publicação contém análises inéditas que quantificam o impacto global da inatividade física sobre as principais doenças crônicas não-transmissíveis, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabete tipo 2 e alguns tipos de câncer

Cientista brasileiro coordena série especial da revista britânica The Lancet sobre atividade física; publicação contém análises inéditas que quantificam o impacto global da inatividade física sobre as principais doenças crônicas não-transmissíveis, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabete tipo 2 e alguns tipos de câncer
Cientista brasileiro coordena série especial da revista britânica The Lancet sobre atividade física; publicação contém análises inéditas que quantificam o impacto global da inatividade física sobre as principais doenças crônicas não-transmissíveis, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabete tipo 2 e alguns tipos de câncer (Foto: Gisele Federicce)


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Por: Equipe Oásis

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Qual é o povo mais preguiçoso do mundo? São os plácidos habitantes da ilha de Malta, no Mediterrâneo central. Com um índice de inatividade física superior a 70%, os malteses lideram a classificação das nações mais preguiçosas do mundo. O país mais ativo do mundo é o Bangladesh, com um índice de inatividade de apenas 4,7%.

No Brasil, entre os homens, o maior sedentarismo foi observado em João Pessoa/PB (47,3%), Natal/RN (46,8%) e Maceió/AL (43,9%). O menor sedentarismo foi encontrado nas cidades de Boa Vista/RO (28,6%), Porto Velho/RO (31,7%) e Palmas/TO (33,3%). Entre as mulheres, as maiores frequências de sedentarismo foram encontradas em Aracaju/SE (26,5%), Natal/RN (25,4%) e João Pessoa/PB (25%). As menores taxas são as de Boa Vista/AM (14,6%), Manaus/AM (14,8%) e Porto Velho/RO (16,6%). De maneira geral, a frequência de adultos que praticam atividade física no lazer foi considerada modesta em todas as capitais brasileiras. O Distrito Federal, com 21,5%, foi a unidade onde as pessoas mais praticam atividade física, e São Paulo (10,5%), a capital onde menos se praticam exercícios físicos. O estudo também verificou que mais homens do que mulheres praticam atividades físicas no lazer.

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Esses dados emergem da pesquisa levada a cabo por uma equipe da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, capitaneada pelo cientista Pedro C. Hallal, com o objetivo de estudar os povos que exercem pouca atividade física. Essa pesquisa cruzou dados levantados em 122 países pela Global Physical Activity e a International Physical Activity. Atualizados pela Organização Mundial da Saúde e relativos não apenas às praticas desportivas mas também ao movimento exercido no ambiente doméstico, nos meios de transporte e no tempo livre, os dados revelam que a inatividade é muito difundida sobretudo entre as mulheres e os idosos das nações mais ricas.

A pesquisa revelou também um dado inquietante: um terço da população mundial adulta é fisicamente inativa e o sedentarismo mata cerca de 5 milhões de pessoas por ano no mundo. Três dentre cada 10 indivíduos com mais de 15 anos - o que representa 1 bilhão e meio de pessoas no mundo - não seguem as recomendações de atividade física. O problema foi descrito pelos cientistas como uma "pandemia". O quadro para os adolescentes é ainda mais preocupante: quatro em cada cinco jovens com idade entre 13 e 15 anos não se exercitam o suficiente.

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A inatividade física é descrita no estudo como a falta de exercícios moderados por uma duração de 30 minutos, cinco vezes por semana, e práticas mais rigorosas durante 20 minutos, três vezes por semana, ou até mesmo a combinação das duas coisas. Os pesquisadores também comprovaram que o sedentarismo aumenta com a idade, é maior entre as mulheres e predomina em países ricos.

Um segundo estudo, comparando atividades físicas com estatísticas de incidência de doenças como diabetes, problemas cardíacos e câncer, mostrou que a falta de exercício é responsável por mais de 5,3 milhões das 57 milhões de mortes ocorridas em todo o mundo, em 2008.

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O documento diz ainda que inatividade é um fator de risco comparável ao fumo e à obesidade. De acordo com o estudo, a falta de exercício causa cerca de 6% das doenças coronarianas, 7% dos casos de diabetes tipo 2, que é a forma mais comum, e ainda 10% dos cânceres de cólon e mama.

Reduzir o sedentarismo em 10% pode eliminar mais de meio milhão de mortes a cada ano, segundo os especialistas, que acrescentam ainda que as estimativas são conservadoras.

O corpo humano precisa de exercícios para manter ossos, músculos, coração e outros órgãos com o funcionamento ideal. Mas as pessoas estão andando, correndo e pedalando cada vez menos e passando mais tempo em carros e na frente do computador.

Ao generalizar a atividade física, a expectativa de vida da população mundial poderia aumentar em 0,68 ano, quase como se todos os americanos obesos voltassem ao peso normal, acrescenta o estudo. Também estima-se que o tabaco mate 5 milhões de pessoas por ano.

A maioria dos adultos inativos é encontrada em Malta (71%), Sérvia (68%), Reino Unido (63%), enquanto a Grécia e a Estônia estão em as nações que mais se movimentam, com apenas 16 e 17% respectivamente de pessoas inativas.

Sobre a questão de como convencer as pessoas a se movimentarem, nenhum estudo tem uma receita miraculosa. De acordo com Gregory Heath (University of Tennessee), que estudou diferentes tentativas entre 2001 e 2011, as medidas mais eficazes são as campanhas dos meios de comunicação e pequenas mensagens, como "subir de escada ao invés de elevador". Ele também cita o exemplo de clubes de caminhada, a criação de ciclovias ou a proibição pontual da circulação de carros nos centros das cidades.

Os esforços são particularmente necessários em países com renda baixa e média, onde as mudanças econômicas e sociais podem reduzir rapidamente a atividade física, até então relacionada com o trabalho e transporte, acrescenta Heath.

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