Ciência psicodélica: Existe arte na ciência cotidiana

O artista e fotógrafo suíço Fabian Oefner assumiu a missão de criar peças de arte a partir da ciência cotidiana. Nesta palestra fascinante, ele exibe algumas imagens psicodélicas recentes, incluindo fotografias de cristais interagindo com ondas sonoras. E numa demonstração ao vivo, ele mostra o que realmente acontece quando se mistura tinta com líquido magnético - ou quando se coloca fogo em uísque

O artista e fotógrafo suíço Fabian Oefner assumiu a missão de criar peças de arte a partir da ciência cotidiana. Nesta palestra fascinante, ele exibe algumas imagens psicodélicas recentes, incluindo fotografias de cristais interagindo com ondas sonoras. E numa demonstração ao vivo, ele mostra o que realmente acontece quando se mistura tinta com líquido magnético - ou quando se coloca fogo em uísque
O artista e fotógrafo suíço Fabian Oefner assumiu a missão de criar peças de arte a partir da ciência cotidiana. Nesta palestra fascinante, ele exibe algumas imagens psicodélicas recentes, incluindo fotografias de cristais interagindo com ondas sonoras. E numa demonstração ao vivo, ele mostra o que realmente acontece quando se mistura tinta com líquido magnético - ou quando se coloca fogo em uísque (Foto: Gisele Federicce)


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Vídeo: TED-Ideas Worth Spreading
Tradução: Gustavo Rocha. Revisão: Wanderley Jesus

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Fabian Oefner é um fotógrafo e artista suíço que tenta reunir as disciplinas da arte e da ciência. As imagens psicodélicas que consegue produzir são todas originárias de fenômenos naturais, captadas através de métodos e técnicas fotográficas e de vídeo. Seus temas incluem ondas sonoras, fenômenos de iridescência, experiências com ferro e outros metais em estado líquido, fogo e combustíveis como o álcool. Seu objetivo fundamental: criar imagens eu atinjam não apenas o cérebro do expectador, mas também o seu coração.

Vídeo:

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Tradução integral da conferencia de Fabian Oefner no TED:

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Uma imagem vale mais do que mil palavras, então vou começar minha palestra parando de falar e mostrando algumas fotos que eu tirei recentemente.
Bem, neste ponto, minha palestra já teve seis mil palavras, e acho que deveria parar por aqui.
Ao mesmo tempo, provavelmente devo a vocês uma explicação sobre as imagens que acabei de mostrar. O que estou tentando fazer como fotógrafo, como artista, é juntar os mundos da arte e da ciência. Seja numa imagem de uma bolha de sabão tirada no momento exato em que estoura, como podem ver nesta imagem, seja num universo feito de pequenas gotículas de tinta a óleo, líquidos estranhos que se comportam de maneira bem peculiar, ou tinta modelada por forças centrífugas, sempre estou tentado conectar esses dois campos.

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O que eu acho bem intrigante sobre eles é que os dois observam a mesma coisa: são uma resposta aos arredores. E ainda assim, fazem isso de uma maneira bem diferente. Se olharmos para a ciência por um lado, a ciência é uma abordagem bem racional dos arredores, enquanto a arte, por outro lado, normalmente é uma abordagem emocional dos arredores. O que estou tentando fazer é colocar essas duas visões numa única para que minhas imagens falem tanto para o coração do observador quanto para seu cérebro.Deixem-me demonstrar isso baseado em três projetos.
O primeiro tem a ver com tornar o som visível. Bem, como vocês talvez saibam, o som viaja em ondas, e se tiver um alto-falante - um alto-falante não faz nada mais do que pegar o sinal de áudio, transformá-lo numa vibração, que é então transportada pelo ar, é capturada pelo seu ouvido, e transformada num sinal de áudio novamente. Agora eu estava pensando: Como posso tornar essas ondas de áudio visíveis? E eu criei o seguinte esquema. Peguei um alto-falante, coloquei uma fina folha de plástico sobre o alto-falante, e adicionei pequenos cristais sobre o alto-falante. E agora, se eu tocar um som com esse alto-falante,faria com que os cristais se movessem para cima e para baixo. Isso acontece muito rápido, num piscar de olhos, então, junto com a LG, capturamos esse movimento com uma câmera que é capaz de capturar mais de três mil quadros por segundo. Vou mostrar-lhes como ficou.

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(Música: "Teardrop" de Massive Attack)
Muito obrigado. Concordo, ficou impressionante.
Mas tenho que contar-lhes uma história engraçada. Eu tive uma queimadura de luz fazendo isso enquanto filmava em Los Angeles. Em Los Angeles, dá pra ter uma queimadura de sol decente em qualquer uma das praias, mas eu tive a minha num espaço fechado, e o que aconteceu foi que, se quiser tirar fotos a três mil quadros por segundo, você vai precisar de uma quantidade absurda de luz, muita luz. E nós preparamos o alto-falante, e tínhamos a câmera apontada para ele, e muita luz apontando para o alto-falante, e eu ia preparar o alto-falante, colocar os pequenos cristais sobre ele, e faríamos isso repetidamente, e foi até meio dia que eu percebi que meu rosto estava completamente vermelho por causa das luzes apontando para o alto-falante. O que foi muito engraçado foi que o alto-falante estava vindo só do lado direito, então o lado direito do meu rosto ficou todo vermelho e eu fiquei parecendo o Fantasma da Ópera pelo resto da semana.
Vou mostrar-lhes agora outro projeto que envolve substâncias menos nocivas. Algum de vocês já ouviu falar de ferro fluido? Ah, alguns já. Excelente. Posso pular essa parte?


O ferrofluido tem um comportamento muito estranho. É um líquido que é completamente preto. Tem uma consistência oleosa. E tem pequenas partículas de metal nele, que o deixam magnético. Então, se eu colocar esse líquido num campo magnético, ele vai mudar de aparência.
Tenho uma demonstração ao vivo aqui para mostrar-lhes. Estou com a câmera apontando para baixo para essa lâmina, e sob a lâmina há um imã. Agora vou colocar um pouco do ferro fluido no imã.
Vamos movê-lo levemente para a direita e focar um pouco melhor. Excelente.
O que vocês podem ver agora é que o ferro fluido formou pontas. Isso é devido à atração e repulsão das partículas individuais no interior do líquido. Isso já está bem interessante, mas vou adicionar um pouco de aquarela. Essas são somente aquarelas comuns que servem para pintar. Não se pinta com seringas, mas funciona do mesmo jeito. Então o que aconteceu agora é que, quando a aquarela estava flutuando na estrutura, a aquarela não se mistura com o ferro fluido. Isso é porque o próprio ferro fluido é hidrofóbico. Isso significa que não se mistura com água. E ao mesmo tempo, ele tenta manter a posição sobre o imã, e portanto, cria essas incríveis estruturas de canais e minúsculas poças de aquarela colorida.Esse era o segundo projeto.


Vou mostrar agora o último projeto, que envolve a bebida nacional escocesa.
Esta foto, e também esta aqui, foram tiradas usando uísque. Agora, vocês podem se perguntar, como ele fez isso? Será que ele bebeu metade de uma garrafa de uísque e então desenhou a alucinação que teve de estar bêbado no papel? Posso garantir que estava inteiramente consciente enquanto tirava essas fotos.
O uísque tem 40% de álcool, e o álcool tem algumas propriedades bem interessantes.Talvez vocês já tenham experimentado algumas dessas propriedades, mas estou falando das propriedades físicas, não as outras. Quando eu abro a garrafa, as moléculas de álcool se espalham pelo ar, e isso é porque o álcool é uma substância muito volátil. E, ao mesmo tempo, o álcool é altamente inflamável. Foi com essas duas propriedades que eu pude criar as imagens que vocês estão vendo.
Vou demonstrar aqui. O que tenho aqui é um recipiente de vidro vazio. Não há nada dentro. Vou enchê-lo com oxigênio e uísque. E um pouco mais. Agora é só esperar alguns segundos para as moléculas se espalharem pela garrafa. E agora, vamos colocar fogo.
E isso é tudo o que acontece. Vai muito rápido, e não é tão impressionante. Posso fazer de novo para mostrar mais uma vez, mas alguém poderia dizer que é um completo desperdício de uísque, e eu deveria bebê-lo em vez disso.


Mas deixem-me mostrar em câmera lenta num quarto totalmente escuro o que eu acabei de mostrar-lhes nessa demonstração ao vivo. O que aconteceu foi que a chama viajou pelo recipiente de vidro de cima a baixo, queimando a mistura de moléculas de ar e o álcool. E as imagens que vocês viram no início, são na verdade uma chama parada no tempo enquanto está viajando pela garrafa, e vocês têm que imaginar que foi virada em 180 graus.E foi assim que essas fotos foram tiradas.
Obrigado.
Eu lhes mostrei agora três projetos, e você podem se perguntar, para que servem? Qual é a ideia por trás? Será que é só um desperdício de uísque? Será que é só um material estranho? Esses três projetos são baseados em fenômenos científicos muito simples, tais como magnetismo, ondas sonoras, ou aqui, as propriedades físicas de uma substância, e o que estou tentando fazer é usar esses fenômenos e mostrá-los de uma forma poética e nunca antes vista, e portanto convidar o observador a parar por um momento e pensar sobre toda a beleza que está constantemente ao nosso redor.
Muito obrigado.

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