Casados permanecem mais felizes. O lado saudável do matrimônio

Casar-se significa uma defesa contra o declínio natural de satisfação com a vida, afirmam pesquisadores norte-americanos. Apesar de todas as crises do casamento contemporâneo, nem o nascimento de um filho gera um efeito benéfico parecido.

Casar-se significa uma defesa contra o declínio natural de satisfação com a vida, afirmam pesquisadores norte-americanos. Apesar de todas as crises do casamento contemporâneo, nem o nascimento de um filho gera um efeito benéfico parecido.
Casar-se significa uma defesa contra o declínio natural de satisfação com a vida, afirmam pesquisadores norte-americanos. Apesar de todas as crises do casamento contemporâneo, nem o nascimento de um filho gera um efeito benéfico parecido. (Foto: Gisele Federicce)


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Por Eduardo Araia

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Muito já se falou sobre a falência do casamento. Não faltam exemplos, mundo afora, de maridos e mulheres brigando como gato e rato, alguns até chegando a extremos. Mas se casar pode ser ruim, não casar pode ser pior, afirma um estudo norte-americano publicado no Journal of Research in Personality.

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Pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan liderados por Stevie Yap debruçaram-se sobre um levantamento realizado na Grã-Bretanha nas duas últimas décadas, baseado em entrevistas anuais com mais de 10 mil adultos sobre quão satisfeitos ou insatisfeitos eles estavam com suas vidas. A equipe de Yap identificou quatro subgrupos de matrimônios relacionados a eventos existenciais importantes: pessoas que haviam se casado pela primeira vez; pessoas que tiveram seu primeiro filho; cônjuges que enviuvaram; e casais que sofreram demissões durante os anos do estudo. Cada membro desses subgrupos foi comparado a indivíduos com características demográficas similares que não haviam vivenciado esses acontecimentos.

 

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O objetivo era verificar se características pessoais, tais como afabilidade ou extroversão, ajudam as pessoas a lidar com eventos significativos, como pesquisas anteriores sugeriam. A resposta, no caso, foi negativa: não foram encontradas evidências consistentes que justificassem a suposição. Mas as informações colhidas no levantamento revelaram um ângulo pouco conhecido do casamento.

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Entre os 20 e os 39: os anos menos felizes

As pessoas que se casaram pela primeira vez e se mantiveram nesse estado civil declararam sentir-se mais felizes na época de seu matrimônio. Com o passar dos anos, sua satisfação com a vida caiu a níveis próximos às circunstâncias pré-matrimoniais. A pesquisa não contém evidências de que os que se casaram eram mais ou menos felizes do que os solteiros situados na mesma faixa etária, mas revela que estes últimos exibiram recuos na felicidade bem mais acentuados no longo prazo. O matrimônio aparentemente mantém o nível de satisfação dos casais mais estável.

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Yap observa que, em pesquisas anteriores, pessoas entre os 20 e os 39 anos aparecem como as menos felizes entre todas as outras décadas de vida, e poucas vivem relacionamentos de longo prazo. A partir dos resultados obtidos por sua equipe, ele conclui que relações duradouras, como um casamento, preservam as pessoas contra o desgaste natural do nível de felicidade. “O casamento não torna você mais feliz do que estava antes de se casar. Mas parece proteger contra o declínio da felicidade que teria ocorrido se você não houvesse se casado”, afirma.

Os níveis de felicidade de pessoas que tiveram seu primeiro filho subiam com esse evento, caindo depois para um patamar semelhante ao que antecedia o nascimento. Foi o subgrupo que mais se aproximou dos casados pela primeira vez. No entanto, segundo Yap, a vinda do primeiro filho não preserva a felicidade tal como o casamento, embora os dois eventos figurem entre os mais positivos da vida.

 

 

Os integrantes dos subgrupos que enfrentaram a morte do cônjuge ou a perda do emprego apresentaram um declínio de longo prazo no nível de satisfação com a vida. Aparentemente, não conseguiram assimilar a mudança ocorrida e recompor suas vidas.

Já as pessoas que haviam enviuvado em idade média de 80 anos, relataram níveis de satisfação mais altos antes do falecimento do cônjuge do que outros participantes em relação ao seu evento existencial marcante, fosse o casamento, o nascimento do primeiro filho ou a demissão do emprego. A conclusão é clara: casamento e felicidade possuem um vínculo de longo prazo. “O estudo evidencia que, na média, o casamento é bom e faz bem”, afirma o pesquisador.

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