A arte da felicidade. Dicas do Dalai Lama para o bem-viver

O que mais surpreende na Humanidade?, perguntaram ao Dalai Lama. E ele respondeu: “Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro. Depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente, de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem sem nunca ter vivido”

O que mais surpreende na Humanidade?, perguntaram ao Dalai Lama. E ele respondeu: “Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro. Depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente, de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem sem nunca ter vivido”
O que mais surpreende na Humanidade?, perguntaram ao Dalai Lama. E ele respondeu: “Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro. Depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente, de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem sem nunca ter vivido” (Foto: Gisele Federicce)


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ATINGIR A FELICIDADE

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Por: Dalai Lama, em seu livro “A arte da felicidade” (Editora Saraiva)

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Ilustrações: Mandalas do Kalachacra, arte budista tibetana

 

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Embora seja possível atingir a felicidade, ela não é uma coisa simples. Existem muitos níveis de felicidade. O budismo, por exemplo, refere-se a quatro fatores de contentamento ou felicidade: os bens materiais, a satisfação mundana, a espiritualidade e a iluminação. O conjunto desses fatores abarca a totalidade da busca pessoal de felicidade. Deixemos de lado, por ora, as aspirações últimas a nível religioso ou espiritual, como a perfeição e a iluminação, e concentremo-nos unicamente sobre a alegria e a felicidade, tal como as concebemos a nível mundano. A este nível, existem certos elementos-chave que nós reconhecemos convencionalmente como contribuindo para o bem-estar e a felicidade. A saúde, por exemplo, é considerada como um fator necessário para o bem-estar. Um outro fator são as condições materiais ou os bens que possuímos. Ter amigos e companheiros, é outro. Todos nós concordamos que para termos uma vida feliz precisamos de um círculo de amigos com quem nos possamos relacionar emocionalmente e em quem possamos confiar.

 

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O Dalai Lama acaba de completar 80 anos de idade



Portanto, todos estes fatores são causas de felicidade. Mas para que um indivíduo possa utilizá-los plenamente e gozar de uma vida feliz e preenchida, a chave é o estado de espírito. É crucial. Se utilizarmos as condições favoráveis que possuímos, tais como a saúde ou a riqueza, com fins positivos, para ajudar os outros, esses fatores contribuem para uma vida mais feliz. 

Claro que, pessoalmente, também tiramos partido dessas coisas - facilidades materiais, sucesso, etc -, mas se não tivermos a atitude mental correta, se não cuidarmos do fator mental, essas coisas acabam por ter pouca incidência sobre o sentimento geral de felicidade. Por exemplo, se guardarmos ódio ou rancor no fundo de nós mesmos, isso acabará por destruir a nossa saúde, destruindo assim um dos fatores. Por outro lado, se nos sentirmos infelizes ou frustrados, o conforto material não chegará para nos compensar. Mas se mantivermos um estado de espírito calmo e sereno, poderemos sentir-nos felizes mesmo se a nossa saúde não for das melhores. Em contrapartida, mesmo se possuirmos objetos raros ou preciosos, podemos querer jogá-los fora ou destruí-los num momento de grande cólera ou ódio. Nesse momento, os bens não significam nada para nós.

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Existem atualmente sociedades com um grande grau de desenvolvimento material e no seio das quais muitos indivíduos não se sentem felizes. A nível superficial, essa abundância é muito atraente, mas por trás existe um desassossego mental que leva à frustração, a discórdias desnecessárias, à dependência das drogas ou do álcool e, no pior dos casos, ao suicídio. Não existe portanto nenhuma garantia de que a riqueza por si só possa trazer-nos a alegria ou a satisfação que procuramos. O mesmo se pode dizer dos amigos. Quando estamos muito zangados, mesmo um amigo muito próximo pode parecer-nos glacial, frio, distante e muito irritante. 

Tudo isto indica a enorme influência que o estado de espírito, o fator mental, pode ter na nossa vivência de todos os dias. Portanto, temos de ter esse fator seriamente em linha de conta. Independentemente de uma prática espiritual, mesmo em termos mundanos, a nossa capacidade de desfrutar de uma vida agradável e feliz depende da nossa serenidade mental.

 



Talvez devesse acrescentar que quando falamos de um estado de espírito calmo ou de paz de espírito não devemos confundir isso com um estado de insensibilidade ou de apatia. Possuir um estado de espírito calmo não significa estar completamente alheado ou amorfo. A paz de espírito, esse estado de serenidade, tem de estar enraizado na afeição e na compaixão, o que implica um grande nível de sensibilidade e de sentimento. 

Enquanto nos faltar a disciplina interior que conduz à serenidade, sejam quais forem as facilidades ou as condições exteriores que nos rodeiam, elas nunca nos trarão esse sentimento de alegria e de felicidade que procuramos. Por outro lado, se possuirmos as qualidades interiores de serenidade e de estabilidade, mesmo que os fatores exteriores de conforto normalmente considerados como indispensáveis à felicidade não estejam em nossa posse, podemos ter uma vida alegre e feliz.

 

 

 

20 DICAS DO DALAI LAMA PARA O BEM VIVER

 

Tenzin Gyatso, o atual Dalai Lama, é o 14o de uma linhagem de líderes religiosos da escola Gelugpa do budismo tibetano. Ele é, ao mesmo tempo, um monge reconhecido por todas as escolas do budismo tibetano, e o líder político oficial no exílio desde que seu país, o Tibete, foi invadido pela China no ano de 1959.

Dalai significa “oceano” em mongol e “lama” é a palavra tibetana para mestre de sabedoria, ou guru. Por essa razão os tibetanos referem-se a ele como “Oceano de Sabedoria”. Como todos os seus antecessores, desde o século 14 os dalai lamas são mostrados como sendo a manifestação de Avalokiteshvara (em sânscrito), o Bodhisattva da Compaixão, cujo nome é Chenrezig em tibetano.

Na virada do milênio, o Dalai Lama ofereceu ao mundo uma lista de 20 reflexões, todas elas relacionadas à conquista da felicidade. Vale a pena tomar conhecimento delas, e meditar a respeito. Aqui estão:

 

1 – Leve em consideração que grandes amores e grandes realizações envolvem grandes riscos.

2 – Quando você perder, não deixe de tirar uma lição da experiência.

3 – Siga os três Rs: Respeito por si próprio, respeito pelos outros, responsabilidade por todas as suas ações.

 

 

4 – Lembre-se que não conseguir o que você quer é algumas vezes um lance de sorte.

5 – Aprenda as regras para que você saiba como infringi-las corretamente.

6 – Não deixe uma pequena disputa ferir uma grande amizade.

7 - Quando você perceber que cometeu um erro, tome providências imediatas para corrigi-lo.

8 – Passe algum tempo sozinho todos os dias.

9 – Abra seus braços para mudanças, mas não abra mão de seus valores.

10 – Lembre-se que o silêncio às vezes é a melhor resposta.

 

 

11 – Viva uma vida honrada. Então, quando você ficar mais velho e pensar no passado, você vai ser capaz de apreciá-lo uma segunda vez.

12 – Uma atmosfera de amor em sua casa é o fundamento para sua vida.

13 – Em discordâncias com entes queridos, trate apenas da situação atual. Não fale do passado.

14 – Compartilhe o seu conhecimento. É uma maneira de alcançar a imortalidade.

15 – Seja gentil com a Terra.

16 – Uma vez por ano, vá a algum lugar onde nunca esteve antes.

17 – Lembre-se que o melhor relacionamento é aquele em que o amor um pelo outro excede a sua necessidade pelo outro.

18 – Julgue seu sucesso pelo que você teve que renunciar para consegui-lo.

19 – Aproxime-se do amor e cultive-o despreocupadamente.

20 – Se você quer ver a si mesmo e o outro feliz, pratique a compaixão.

 

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