A ama de leite é uma... vaca

Cientistas chineses modificam geneticamente vacas leiteiras para que produzam leite semelhante ao humano



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Cerca de 300 vacas geneticamente modificadas na China para produzir um leite similar ao leite humano continuam a ruminar tranquilas nos seus estábulos. Elas se encontram, no entanto, no centro de uma grande polêmica entre cientistas. Em todo o mundo, apoiadores e detratores dessa nova conquista se enfrentam, armados com seus argumentos éticos e científicos. O que aconteceu, afinal?

Há poucas semanas, sites da web, jornais e revistas anunciaram que uma equipe de pesquisadores chineses conseguira introduzir genes humanos no DNA de algumas vacas leiteiras de raça holandesa, tornando-as capazes de produzir um leite cujas características nutritivas são similares às do leite materno. O estudo foi publicado na revista científica PLOS, sujeito a confirmação.

Segundo o professor Ning Li, responsável pela pesquisa e diretor dos laboratórios estatais chineses para a agrobiotecnologia, trata-se de um resultado extraordinário: o leite dessas vacas geneticamente modificadas seria uma alternativa válida e vantajosa para o leite materno e o “leite formulado” (comumente chamado “leite artificial”).

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Para atingir esses resultados, os cientistas chineses lançaram mão de técnicas similares àquelas usadas nas clonagens, implicando em intervenções diretas nos embriões das vacas.

O que torna o leite desses bovinos similar ao humano é a presença de algumas proteínas, entre elas a lisozima, útil para combater as infecções nos primeiros dias de vida dos bebês, e a lactoferrina, necessária para o correto desenvolvimento do sistema imunológico da criança.

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Isso não é tudo: os cientistas chineses também conseguiram modificar a consistência do leite, elevando o seu índice de gordura em 20% e intervindo nos níveis da sua parte sólida. Esse leite “humanizado”, seria, em resumo, muito parecido com o leite humano em todos os aspectos. Como no caso do leite materno, ele ajudaria o desenvolvimento do sistema imunológico da criança. Além disso, como declarou Ning Li ao jornal The Sunday Telegraph, o leite transgênico seria ainda mais rico em nutrientes do que o leite produzido pelo ser humano.

A notícia, é claro, não agradou minimamente aos animalistas e aos que se opõem aos alimentos geneticamente modificados: ainda pouco ou nada se sabe a respeito dos efeitos desse leite humanizado para a saúde, e quais seriam as consequências para as próprias vacas modificadas.

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De qualquer forma, antes de vermos o leite GM nos balcões dos supermercados, teremos de esperar pelo menos dez anos de testes, análises e estudos.

Vale a pena recordar que a Organização Mundial da Saúde recomenda a amamentação materna exclusiva pelo menos para os seis primeiros meses de vida do bebê, mantendo-se esse leite como principal alimento da criança durante todo o primeiro ano de vida, apesar da gradual introdução de alimentos complementares. A OMS sugere também que a amamentação continue até dois anos de idade, e se possível ainda mais, se a criança mostrar interesse nisso e se a mãe assim o desejar.

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