Zelensky diz que Lula quer ser 'original' em plano de paz e culpa o brasileiro por 'desencontro' no G7

"É importante que a grande potência, o representante da América Latina, o Brasil, esteja envolvido e no mesmo patamar de outros países na discussão da fórmula da paz", disse

Zelensky e Lula
Zelensky e Lula (Foto: REUTERS/Valentyn Ogirenko | Ricardo Stuckert)


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247 - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer ser “original” ao apresentar um plano de paz para pôr fim ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia, mas criticou o que chamou de “falta de tempo” do petista para discutir o assunto durante a reunião de cúpula do G7, realizado este mês no Japão. As declarações de Zelensky foram feitas durante uma entrevista com veículos de imprensa da América Latina, informa a Folha de S. Paulo

"Lula quer ser original, e devemos dar essa oportunidade a ele. Agora, é preciso responder a algumas perguntas muito simples. O presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Creio que, se tiver a oportunidade, ele dirá que sim. Ele encontrará tempo para responder a essa questão? Ele não achou tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa pergunta”, disse Zelensky ao ser questionado sobre a criação de um tribunal especial internacional para julgar os crimes de agressão no contexto da Guerra da Ucrânia, proposta que não é apoiada pelo Brasil. 

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“Se milhares de pessoas foram assassinadas na Ucrânia —não sabemos quantas dezenas de milhares foram mortos e torturados nas partes de nosso território ocupadas pelos russos—, os assassinos estavam cumprindo ordens? Se foi um assassinato em massa, deveria ser presa a pessoa que mandou outras pessoas fazerem isso? Acho que [Lula] dirá: bom, provavelmente, os assassinos em massa são sádicos. E, portanto, deveriam estar na prisão. Então, se o presidente quiser ser original, ele pode dizer: 'o tribunal que a Ucrânia propõe não é adequado, mas eu sei –dirá o presidente Lula– como colocar os assassinos atrás das grades de uma maneira mais rápida, sem tribunal'. Bom, aí a Ucrânia ficará muito contente em receber este conselho do presidente Lula de como colocar os assassinos do Kremlin na prisão de forma ainda mais rápida. Estamos sempre abertos a qualquer inovação na aplicação das leis”, ressaltou mais à frente.

Sobre o desencontro com Lula no G7, Zelensky disse que esta “não é a primeira vez que digo publicamente, e também já disse diretamente ao presidente, e reitero que quero me encontrar com ele. Já ofereci a realização de uma reunião em qualquer formato. Já convidei várias vezes o presidente Lula para vir à Ucrânia. Estivemos em contato com a equipe dele quando ele estava na Espanha e em Portugal, pensei naquele momento porque a distância era menor e talvez ele conseguisse encontrar um tempo. No G7, tive várias reuniões bilaterais. Disseram que a gente não havia tentado nem se esforçado para encontrá-lo, isto não é verdade. Não é gente séria, substantiva, que está dizendo isso”. De acordo com o governo brasileiro, Zelensky não compareceu na data, local e horário combinado para o encontro com Lula no Japão.

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“Precisamos conversar. É importante conversar com o maior número possível de países para que eles apoiem a Ucrânia ou não apoiem a Rússia. Se não estão dispostos a apoiar a Ucrânia, infelizmente, é importante que entendam os detalhes do que está acontecendo. É importante que a grande potência, o representante da América Latina, o Brasil, esteja envolvido e no mesmo patamar de outros países na discussão da fórmula da paz. [Os brasileiros] podem ter seus próprios pontos de vista sobre qual deveria ser o caminho para a paz. Tudo bem, estamos dialogando, somos civilizados. Mas precisamos conversar. E, para haver uma conversa, é preciso que haja vontade. Já me dispus a encontrá-lo muitas vezes. Acredito que se criará uma nova oportunidade. Alguma coisa não deu certo [para o encontro] no G7, não quero entrar em detalhes, mas definitivamente não foi por nossa causa que não deu certo”, afirmou. 

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