“WAR 2011” - Quem é quem no tabuleiro da guerra da Líbia

Como acontece volta de um dos jogos mais populares do mundo o WAR! -, os interesses de diferentes naes se cruzam no teatro de operaes lbio. frente de cada uma delas, os lderes fazem seu jogo, apostando em conseguir os maiores benefcios polticos e econmicos da derrocada do regime ditatorial de Muamar Kadafi



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MUAMAR KADAFI, O ALVO – De bravata em bravata, ora dando ordens para ataques “sem misericórdia” aos rebeldes, ora blefando com um cessar-fogo, na prática ele vai se vendo acuado pelo ataques aéreos da coalizão internacional. Perdeu toda a sua força aérea na quarta-feira 23, destruída pela Inglaterra, e, na véspera, seu principal comandante militar foi morto. Ficará sem saída. Os Estados Unidos temem que ele possa pedir asilo político. A Venezuela de Hugo Chávez é candidata natural a abrigar o ditador, o que traria a crise para a América do Sul, bem acima do Brasil. Se não conseguir escapar de seu país, Kadafi pode acabar escondido num porão, como aconteceu com Saddam Hussein, em Bagdá, 2003. Em tempo: Saddam morreu pendurado na ponta de uma corda depois de ter sido julgado por um tribunal iraquiano.

BARACK OBAMA, O DISTANTE – Esforça-se ao máximo para não se mostrar como líder da coalizão internacional. Estava no Brasil quando os primeiros cem mísseis americanos Tomahawk foram disparados. Nas primeiras 72 horas da guerra ficou fora de seu país. Apesar de os EUA liderarem a coordenação das forças internacionais, aceitou passar o comando para a Otan, mas também nesse ponto foi cauteloso quanto ao melhor momento. A postura de feitio tucano – um tanto em cima do muro – já lhe rende críticas dentro de seu próprio território e pode custar pontos em sua popularidade. No limite, Obama não vai tirar o máximo proveito político da queda de Kadafi.

NICOLAS SARKOSZY, O EMPOLGADO – O avesso de Obama. Na Europa, assumiu de pronto o papel de inimigo número 1 de Kadafi. Percebeu que a guerra pode alavancar a sua inconstante popularidade. Chegou a pautar os Estados Unidos no movimento de aprovação, pelo Conselho de Segurança da ONU, da resolução que permite a tomada de “todas as medidas necessárias” para proteger a população civil. Em seguida, os caças franceses foram os primeiros a ocupar o espaço aéreo da Líbia, atacando as tropas de Kadafi em Benghazi antes mesmo que os mísseis Tomahawk americanos explodissem em Tripoli disparados de navios ancorados na costa.

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SILVIO BERLUSCONI, O AMIGO RICO – Amigo de Kadafi. Ou melhor: amigo e sócio. Com negócios privados nos quais é acionista junto com o ditador da Líbia, o primeiro-ministro italiano teme uma onda de imigração de líbios para a Itália, no caso da derrocada da ditadura. Afinal, a “Bota” é o país europeu mais próximo da Líbia. Contrariando a posição de vários lideres políticos nacionais, mandou que os aviões italianos suspendessem os sobrevoos à Líbia e vetou o acesso de caças da coalizão internacional às bases aéreas italianas no Mediterrâneo. Além do mais, cometeu a maior gafe da guerra: “Estou com pena de Kadafi”, declarou em público.

ÂNGELA MERKEL, A MULHER DO CONTRA – Nem por um minuto aceitou juntar a Alemanha à força internacional de ataque. O país se absteve na votação do tema no Conselho de Segurança e Ângela determinou, na quarta 23, a retirada dos navios tedescos que patrulhavam a costa líbia, recusando-se a participar do bloqueio naval que entrara em vigor na véspera. Somou a força de seu país aos pedidos de China, Rússia e Brasil pelo cessar-fogo.

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ABDULLAH GUL, O CANAL DE DIÁLOGO – O presidente da Turquia foi fundamental para a libertação dos quatro jornalistas do New York Times seqüestrados pelas tropas de Kadafi, participando diretamente das negociações pela libertação deles. Em retribuição, declarou que era inconcebível pensar na Turquia bombardeando o povo da Líbia. Depois, enviou aviões do país para se juntarem aos esquadrões de patrulha, mas sem autorização para atirar.

DILMA, LONGE PORÉM PERTO – O voto de abstenção do Brasil em relação à autorização para os ataques à Líbia enfraqueceu o pleito do País por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. A diplomacia brasileira ainda foi convidada em pronunciamentos no plenário a explicar melhor a sua posição, maldosamente interpretada, em alguns setores, como pró-Kadafi. A presidente Dilma, porém, manteve-se firme e fez declarações pelo cessar-fogo e, ao mesmo tempo, reafirmando a disposição brasileira de ter a cadeira. Polidamente, ordenou que o Itamaraty emitisse nota oficial pela suspensão dos ataques horas depois de o presidente Barack Obama, na madrugada da segunda-feira 21, ter deixado o território nacional. Sua posição se fortaleceu a partir do início desta semana, com China e Rússia exigindo, igualmente, o cessar-fogo, diante da morte de civis. Na terça 22, o chanceler Antônio Patriota deu a primeira declaração a favor da deposição de Kadafi, manifestando a vontade de uma transição a mais calma possível para uma nova situação política no país.

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AMR MUSA, HABILIDADE NA LIGA ÁRABE – O secretário-geral da Liga Árabe convocou uma reunião dos 22 países da organização na terça 22 para avaliar o quadro na Líbia e em toda a região. Ele apóia a deposição de Kadafi, sempre com referências de proteção às manifestações populares contra o ditador, mas criticou abertamente a morte de civis durante os ataques aéreos internacionais. O representante permanente da Líbia na Liga Árabe, Abdel Moneim al-Honi, renunciou ao cargo no domingo 20 para aderir à "revolução" no país.

VLADIMIR PUTIN, GUERRA E PAZ – Na Rússia, o primeiro-ministro tomou a frente do presidente Dmtri Medvedev abrindo fogo verbal contra as críticas à resolução da ONU, afirmando que ela lembrou o tempo “das cruzadas medievais”. De quebra, disse que os ataques justificam a posição russa de aumentar suas defesas. O país não mandou um avião sequer para reforçar a coalizão, absteve-se de votar no Conselho de Segurança e firmou posição em torno do cessar-fogo.

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OSAMA BIN LADEN, “O CULPADO” – Logo no início da insurreição popular contra seu regime ditatorial, Kadafi atribuiu as articulações das manifestações à Al Quaeda, organização terrorista de Osama Bin Laden. Com isso, trouxe para o centro do tabuleiro o homem mais procurado e não achado do mundo. Osama conseguiu a vantagem extra de ver o Afeganistão, onde reside a força de sua organização, ficar fora temporariamente do noticiário, o que amplia as margens de manobra do Talibã.

HU JINTAO, O MAIOR OPOSITOR – Por meio de porta-vozes , a China do presidente Hu Jintao tornou a mais poderosa força contra a intervenção internacional na Líbia. Depois do voto de abstenção no Conselho de Segurança, o país assumiu uma posição contrária a “uma crise humanitária” na Líbia, que entraria em curso com a deposição de Kadafi pela força. Num discurso que resvalou pela defesa dos direitos humanos, a China marcou posição contra a guerra. Não é coincidência o fato de o pais comprar nada menos que 11% das exportações de petróleo da Líbia e considerar as reservar do país essenciais para a sua própria segurança energética.

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PETRÓLEO, SEMPRE ELE – Estima-se que pelo menos um milhão de barris de petróleo deixaram de circular no mundo após o início da guerra na Líbia, o que fez o preço superar a marca de US$ 118 por barril. Nada menos que 85% da produção é comprada pelos países europeus, que, uma vez começada a guerra, preferem um final rápido para que o abastecimento volte ao normal. Já a China, que compra, sozinha, 11% das exportações líbias do produto, teme que o status quo mude pós-Kadafi e as compras do país sejam prejudicadas frente aos interesses europeus.

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