Voo 447: drama dos familiares continua
Passado o entusiasmo da descoberta da fuselagem do avio AF 447, o resgate dos corpos das vtimas uma dvida para os investigadores da operao
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Roberta Namour, correspondente do 247 de Paris – As dezenas de corpos encontrados na fuselagem do avião 447 da Air France podem não ser retirados do fundo do oceano Atlântico. É o que começa a se dizer entre os agentes da operação de resgate, para o desespero de alguns familiares das vítimas. A maior parte desses cadáveres ainda estaria presa a suas poltronas, a 4 mil metros de profundidade. Suas roupas, ainda intactas, não permitem uma ideia precisa do estado de todas as vítimas. Mas algumas parecem surpreendentemente bem conservadas, dois anos depois do drama.
Quando a ministra dos transportes francesa, Nathalie Kosciusko-Morizet, veio a público anunciar a descoberta de parte do avião, a dúvida em remover os corpos nem se quer foi levantada. Mas pessoas próximas à investigação são bem mais realistas. “O anúnciou foi feito sem consulta, sem estudar a viabilidade da operação”, dizem. O projeto de resgate das vítimas não estaria, inclusive, entre as prioridades do Escritório de investigação e análise (BEA). Segundo os investigadores, a preocupação central da Organização é descobrir a causa do acidente para garantir a segurança dos milhares de aviões que voam todos os dias. Todos os marinheiros estariam cientes de que não se pode tocar em cadáveres no mar – uma informação que deveria ter sido informada às famílias.
Uma operação de resgate, no entanto, deverá ser testada e uma célula de identificação de vítimas será embarcada no navio Ile de Sein. Mas não há nenhuma garantia de sucesso. Os investigadores temem que os corpos não resistam à manipulação, à subida em águas quentes do Atlântico Sul e posteriormente à saída ao ar livre que pode provocar uma corrosão brutal. No âmbito da operação, a preocupação é com as consequências psicológicas das pessoas envolvidas no resgate. Em 2004, os agentes que participaram da subida dos corpos das vítimas do acidente da Flash Airlines, no mar vermelho, precisaram de um acompanhamento durante seis meses. Outra dificuldade é o desejo contraditório das famílias. Algumas querem que os corpos permaneçam no oceano. Outras desejam oferecer às vítimas um enterro decente. Diante a esse debate, o governo diz que vai cumprir seu dever. Tentará fazer o resgate, depois identificar os corpos e entregá-los as pessoas responsáveis. Segundo o presidente da Associação das Vítimas do Voo AF 447, Nelson Marinho, eles têm os meios de fazer isso e se não fizerem, vão provocar ainda mais sofrimento e revolta às famílias.
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