Trama macabra na França: o pai, suspeito número 1

Com a descoberta dos corpos da mulher e dos quatro filhos no jardim da casa, em Nantes, o marido, ainda foragido, visto como o principal culpado



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Roberta Namour, correspondente do 247 de Paris

O desvendar do drama familiar em Nantes está bem próximo. O misterioso desaparecimento no início de abril de uma família de seis pessoas se tornou uma história macabra depois da descoberta de ontem dos corpos da mãe e dos quatro filhos no jardim de casa. Até então, a polícia ainda cogitava uma mudança repentina de País. Apenas o pai, Xavier Dupont de Ligonnès, não foi encontrado. Ele é considerado o suspeito n°1.

Segundo o jornal Parisien, ele teria passado a noite em um hotel no dia 13 de abril na cidade Pontet, em Vaucluse, como indicam suas movimentações bancárias. Ele foi igualmente visto no dia seguinte, a 200 quilômetros de lá, em Roquebrune-sur-Argens, no Var. Na noite de quinta para sexta-feira, os investigadores encontraram o carro do casal, un Citroën C5 azul metálico, que estava estacionado num hotel Fórmula 1, onde ele também se hospedou.

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Os cinco corpos encontrados ontem são de Agnès Dupont de Ligonnès, de 49 anos, de Arthur, de 20 anos, de Thomas, de 18 anos, de Anne, de 16 anos e de Benoît, de 13 anos. Todos morreram por um tiro. Um dos filhos, inclusive, teve um disparo na cabeça. Os cadáveres dos cachorros da raça Labrador também foram descobertos. Os corpos foram cuidadosamente enterrados em um saco de juta, com cal.

Antes do estranho desaparecimento, a família levava uma vida aparentemente tranquila. Mas no mês passado, mensagens deixadas pelo pai, consideradas pelo procurador como delirantes e contraditórias, levantaram a suspeita de amigos. Xavier enviou uma carta ao trabalho de sua esposa e a escola dos filhos indicando uma mudança à Austrália por motivo profissional. Mas ele também se confiou a pessoas de seu convívio dizendo que era um agente secreto dos Estados Unidos e precisava deixar Nantes numa operação de proteção a testemunhas.

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Os investigadores não acreditam, no entanto, que o crime tenha sido motivado por um momento de loucura. O cenário é meticuloso demais para isso. Além das cartas enviadas, ele também encerrou o contrato de locação da casa. Na caixa do correio, a mensagem « retornar ao remetente » foi encontrada. E no início do mês, Xavier comprou uma pá e sacos de juta.

Alguns dias antes de desaparecer, Agnès teria se confessado a uma pessoa da igreja dizendo : « Reze por mim, eu vou precisar».

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Leia abaixo, a matéria publicada ontem pelo 247:
 
Um misterioso caso de desaparecimento de uma família de seis pessoas de Nantes, na França, desde o dia 4 de abril, tem intrigado a polícia do País. Nesta manhã, restos de um corpo foram encontrados no jardim e uma perna humana no terraço. Ao longo do dia, os investigadores acharam mais três corpos na parte externa do domicílio. Depois dessas macabras descobertas, a investigação passou a considerar um sequestro e assassinato, de acordo com o procurador Xavier Ronsin. A polícia também está a procura de um dos carros do casal.
 
Até alguns dias atrás, a rotina da família não era muito diferente dos outros. O pai, Xavier, de 50 anos, era comerciante, e a mãe, Agnès, de 49 anos, trabalhava como supervisora em uma escola. Os quatro filhos são Benoit, de 13, Anne, de 16, Arthur, de 18 e Thomas, de 21 anos. Dias antes do desaparecimento, no entanto, o casal demonstrou um comportamento inabutual, segundo os vizinhos. A família católica praticante deixou algumas mensagens contraditórias e delirantes.
 
Depois de largar o emprego, o pai teria ligado para o serviço de sua esposa dizendo que ela estava com um problema gastro-intestinal e que, por tanto, não poderia comparecer ao trabalho. Dois dias depois, o patrão recebeu uma mensagem SMS dizendo que ela tinha sido hospitalizada. E quinze dias mais tarde, chegou ao estabelecimento uma carta explicando que a esposa estava de mudança para a Austrália, para acompanhar o marido. A mesma mensagem foi enviada à escola dos filhos, justificando o encerramento da matrícula. « Essa carta estava acompanhada de um cheque para pagar as mensalidades até o final do ano letivo », explicou o diretor do colégio. Eles já não compareciam as aulas havia cinco dias.
 
Para alguns conhecidos da família, o pai explicou que era um agente secreto e estava de partida numa operação de proteção a testemunhas. Ele também foi visto carregando o porta-malas de seu carro com sacos grandes e aparentemente pesados. Depois disso, nenhum outro movimento foi percebido na casa. As contas bancárias estão intactas e os telefones seguem mudos.
 
Nenhum sinal de violência foi constatado no domicílio. Todos os armários da casa foram esvaziados. As janelas estavam fechadas. Um pedaço de papel estava pregado na fresta da caixa do correio com a mensagem : « retornar ao remetente ». Não muito longe da casa, o Golf preto que pertencia a mãe segue estacionado. Na poeira acumulada no vidro, as palavras : « Você não tinha o direito. Sentimos saudades. PK ».

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