Tony Blair diz que China é vital para conflito na Ucrânia e critica política europeia ao Sul Global
Para o ex-premiê do Reino Unido, a boa relação entre Pequim e Moscou pode esvaziar uma escalada que leve a um conflito nuclear
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Sputnik - O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, disse em entrevista ao Nikkei Asia que a aproximação da China com Moscou significa que há "motivos razoáveis para se esperar" que a operação russa na Ucrânia não desencadeará uma terceira guerra mundial.
"Embora haja muitos problemas relacionados com o apoio da China à Rússia, o único benefício desse relacionamento próximo, que você pode ver na insistência chinesa para que a Rússia não usa armas nucleares, é que acho que a China não acredita que isso seja do seu interesse uma vez que isso pode deslizar para um conflito global", afirmou.
Para o ex-premiê, a China e sua relação com o Ocidente serão "a grande questão geopolítica do século XXI". Ter "guardas de proteção" no relacionamento para poder se envolver e evitar mal-entendidos também será importante, acrescentou.
Ele também disse não acreditar que Pequim entraria em Taiwan, observando que os Estados Unidos estão construindo alianças na região e deixando claro que uma invasão seria "extremamente difícil".
Ao mesmo tempo, Blair disse que o Ocidente deve cooperar melhor e elaborar uma "agenda adequada de soft power para o Sul Global".
"Somos muito lentos, muito burocráticos. Se você é o presidente de um desses países [do Sul Global] e precisa de uma estrada construída de A a B, você pede ajuda ao Ocidente e leva anos em negociações [...] nosso fracasso em fazer isso está deixando a China obter uma posição enorme nesses países", afirmou.
A mídia relembra que um momento decisivo do mandato de Blair foi sua decisão de aliar o Reino Unido aos Estados Unidos na invasão do Iraque, com o objetivo declarado de eliminar as armas de destruição em massa. No entanto, um inquérito oficial descobriu desde então que a inteligência usada para justificar a guerra era "falha" e que Blair exagerou a ameaça.
Quando questionado se faria algo diferente, ele respondeu: "É sempre difícil voltar atrás. Mas sempre digo às pessoas que há muitas coisas que teríamos feito diferente. Mas ainda acho que, no final das contas, no Oriente Médio, a remoção de Saddam Hussein foi uma coisa importante a se fazer", complementou.
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