Terrorismo "Made in France"

Por mais que o governo tente negar, ressaltando a origem magrebina do atirador de Toulouse, um vulco de movimentos extremistas religiosos criados na Frana est prestes a entrar em erupo; Mohammed Merah se tornou o mrtir desse movimento

Terrorismo "Made in France"
Terrorismo "Made in France" (Foto: Jean-Philippe Arles/Reuters)


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Roberta Namour – correspondente do 247 em Paris – A França sofreu um duro golpe com os assassinatos cometidos por Mohammed Merah. Um país que ostentava ter se preservado do terrorismo mais violento foi colocado de joelhos por um jovem de 24 anos, já conhecido pelo serviços de inteligência. Se as tensões religiosas e raciais geraram alguns distúrbios, Paris não conheceu de fato ataques da magnitude daqueles ocorridos em Londres, Madrid e Nova York.

Depois de uma série de atentados nos anos 1980 e 1990, principalmente reivindicados pelo GIA (Grupo Islâmico Armado, na Argélia), os franceses foram os primeiros na Europa a concentrar-se na violência de extremistas muçulmanos numa época em que o britânicos estavam preocupados com paramilitares irlandeses e com os espanhóis dos Independentes bascos. Isto levou muitas organizações islâmicas a mudar de Paris para Londres.

Além disso, a França saiu momentaneamente da mira dos grupos extremistas ao se recusar, ao contrário do Reino Unido e da Espanha, a participar da coalizão liderada pelos EUA de invasão do Iraque.

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Mas a trégua foi de curta duração e a França, especialmente sob a presidência de Nicolas Sarkozy, adotou uma posição cada vez mais agressiva na luta contra o terrorismo. De acordo com dados divulgados no ano passado pela Europol, a polícia europeia, a França foi responsável por 94 das 179 prisões de "pessoas ligadas ao terrorismo islâmico".

Mas para alguns, o cenário não era tão positivo. Leis rigorosas adoptadas pelo Parlamento francês e consideradas por alguns muçulmanos como um ataque contra sua religião, juntamente com a presença de tropas francesas no Afeganistão, poderia reviver a ameaça extremista, advertiu Bernard Squarcini, o diretor da Central de Inteligência Interior (DCRI). "Todos os indicadores estão no vermelho. Nosso país, por causa de seu compromisso com o Afeganistão, por suas posições fortes sobre política externa e por leis como aquela contra o véu integral, se tornou o centro de interesse de alguns movimentos radicais islâmicos. Nós desarmamos em média dois ataques por ano, mas algum dia seremos afetados ", disse ele em 2010.

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Há já algum tempo, cidadãos franceses no exterior são tomados por alvo, principalmente no Afeganistão. Os serviços de segurança também têm notado o ressurgimento de grupos radicais muçulmanos nascidos na França, como o Forsane Alizza, com sede em Paris e Limoges - Mohamed Merah teria feito parte.

Merah parece ter trazido de volta essa guerra a seu país. A insistência dos meios de comunicação em destacar a origem argelina do assassino de Toulouse foi uma forma de negar a sua nacionalidade francesa. Foi um estrangeiro que cometeu o crime, não um francês. No Facebook, em reação a essa externalização da ameça gerou uma manifestação entre os franceses muçulmanos, que agora descrevem Nicolas Sarkozy como o presidente francês de origem húngaro. Esses franceses se sentem como os americanos de origem magrebina após os atentados do 11 de setembro, onde seus amigos de longa data passaram a questioná-los "por que fizeram isso ?".

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O clima eleitoral – onde a carne halal, que respeita o ritual de corte islâmico, tem servido como argumento em uma competição odiosa entre a direita e a extrema-direita - já colocou os muçulmanos da França em uma postura defensiva. Agora, as consequências do episódio de Toulose fizeram florescer o sentimento de revolta. Ontem, uma professora em Rouen, noroeste da França, pediu a seus alunos um minuto de silêncio pela morte do atirador da escola judaica. Parte dos estudantes deixou a classe revoltados com a audácia. Uma prova de que para alguns franceses, sejam eles muçulmanos ou não, Mohammed Merah se tornou um mito, que pode inspirar novos ataques do tipo.

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