Temendo nova onda de violência, França terá dispositivo policial com 130 mil homens para comemoração do Dia da Bastilha

"Trata-se de garantir uma segurança máxima para que nossos cidadãos aproveitem a festa sem sofrer com incidentes desagradáveis", disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin

(Foto: Reuters)


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RFI - Um dispositivo "excepcional" de cerca de 130 mil membros das forças de segurança será mobilizado a partir desta quinta-feira (13) em todo o país para garantir o bom andamento das festividades do 14 de julho na França, data da festa nacional. O plano foi divulgado nesta quarta-feira (12) pelo ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, durante uma coletiva de imprensa, poucos dias após o país ter enfrentado uma imensa onda de protestos violentos após a morte de um adolescente pela polícia.

"A festa nacional chega em um contexto particular, o de várias noites de extrema violência", afirmou Darmanin, ao lado do secretário de Segurança Pública de Paris, Laurent Nuñez. "A escolha que fizemos (...) foi de manter o conjunto das festividades, no 13 e 14 de julho, inclusive shows e fogos de artifício", anunciou. 

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O dispositivo contará com 45 mil membros das forças de segurança a cada noite, entre policiais e militares especializados em operações especiais. Cerca de 40 mil bombeiros também estarão mobilizados nos próximos dois dias. 

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Paris, 10 mil membros das forças de ordem atuarão na capital na noite do 14 de julho. Todos os anos, para marcar a data, após o tradicional desfile militar na avenida Champs-Elysées, a cidade acolhe um grande espetáculo com um concerto na Praça do Trocadero e fogos de artifício no Campo de Marte, diante da Torre Eiffel. 

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"Trata-se de garantir uma segurança máxima para que nossos cidadãos aproveitem a festa sem sofrer com incidentes desagradáveis provocados por alguns delinquentes", disse Darmanin. Segundo ele, é preciso tratar da questão com "firmeza" contra "quem quiser atrapalhar essas noites de festividades nacionais". Por isso, o ministro deu ordem para "prisão sistemática" a quem desobedecer as normas "como ordenei durante as noites de distúrbios", reiterou. 

Além da mobilização de um imenso efetivo policial, o Ministério do Interior anunciou a interrupção da circulação de ônibus e bondes a partir do início da noite na quinta e sexta-feira. As autoridades também proibiram a venda de material pirotécnico, frequentemente usados em confrontos com a polícia. Segundo Darmanin, desde 27 de junho, quando uma onda de violência sacudiu a França, a polícia apreendeu cerca de 150 mil exemplares de fogos de artifício em todo o país.

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Para evitar protestos "relacionados aos distúrbios", protestos poderão ser proibidos pelos secretários de Segurança Pública de todo o país até 15 de julho. A decisão foi tomada, segundo o ministro, para evitar manifestações "selvagens" como as do último sábado (8), em Paris, que tinham o objetivo de denunciar as violências policiais, mas não foram autorizadas.

Cancelamento de shows pirotécnicos em várias cidades - De norte a sul da França, passando por cidades da periferia de Paris, várias prefeituras decidiram proibir a queima de fogos de artifício nas festividades do 14 de julho. Na região da Ile-de-France, onde está a capital francesa, diversas cidades que foram palco de distúrbios - entre elas, Nanterre, onde a onda de violências teve início em 27 de junho - cancelaram os tradicionais shows pirotécnicos. Alguns municípios estão optando por outras alternativas, para prevenir as violências. Em Troyes, no nordeste, os fogos poderão ser assistidos a partir de uma "fan zone", à qual o público terá acesso após uma revista da polícia.

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Vários políticos lamentam o cancelamento de um evento tradicional, símbolo da confraternização e da união do país. Para Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Reunião Nacional, "renunciar" ao 14 de julho representa "uma perda total na confiança no Estado". 

"É sinal de um mal-estar profundo na sociedade francesa", afirmou o prefeito de Cannes, David Linard, do partido de direita Os Republicanos, em entrevista à rádio France Inter. 

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"É terrível. Isso mostra a que ponto chegamos sobre questões essenciais de autoridade do Estado. Temos medo de não sermos capazes de manter a ordem em eventos festivos", afirma o deputado republicano Olivier Marleix. 

Sem discurso de Macron - Outra novidade deste 14 de julho será a ausência do tradicional discurso do presidente. O Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, indicou nesta quarta-feira que Emmanuel Macron cancelou seu pronunciamento em cadeia de rádio e TV.

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No entanto, apesar de descartar falar à nação por ocasião da festa nacional, o chefe de Estado se pronunciará em breve, como prometeu no último mês de abril. Na época, Macron pediu o prazo de 100 dias para relançar o país após meses de manifestações contra a controversa reforma da Previdência.

O adiamento do discurso previsto para o 14 de julho também aumenta os rumores de uma mudança de gabinete, evocada desde a onda de violência urbana. Os protestos que tomaram o país após a morte do adolescente Nahel por um policial atropelaram os projetos do Executivo de tentar unir a França após a polêmica imposição de uma nova lei aos aposentados sem a votação final do Parlamento. 

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Para a oposição, a dificuldade de gerenciamento dos distúrbios foi a gota d'água deste governo. "O poder recolhe os frutos de seu desprezo", afirmou o deputado comunista Pierre Dharréville. "Esses foram os 100 dias de aceleração 'macronista'. Essa operação de comunicação foi um fracasso", completou.

Do lado do partido de centro-direita Modem, aliado do governo, o discurso não é dos mais otimistas. "É necessário ter uma visão, uma verdadeira perspectiva", indicou o deputado Philippe Vigier.

Segundo fontes governamentais, um remanejamento ministerial pode ser anunciado antes da pausa de verão. "É preciso colocar as pessoas certas nos lugares certos para uma retomada no segundo semestre, que será difícil", prevê um alto responsável do campo presidencial, sob anonimato. 

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