"Reunião com Macron foi ótima", diz Lula em Paris

Presidente da França, Emmanuel Macron, por sua vez, qualificou o encontro de “formidável”

23.06.2023 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante almoço de trabalho oferecido pelo Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron. Paris - França.
23.06.2023 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante almoço de trabalho oferecido pelo Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron. Paris - França. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)


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 Adriana Moysés, da RFI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou ter ficado satisfeito com o almoço de trabalho que teve nesta sexta-feira (23), em Paris, com o anfitrião Emmanuel Macron. Ao deixar o Palácio do Eliseu, após cerca de uma hora e meia de discussões, Lula fez uma breve declaração à imprensa: “Otima reunião, ótimo jantar, vai ser ótima a próxima conversa”, declarou o brasileiro. Macron, por sua vez, qualificou o encontro de “formidável”.

No almoço, eles abordaram o acordo Mersosul-União Europeia, como era previsto, a parceria estratégica na área da defesa, intercâmbio cultural, as mudanças climáticas e a guerra na Ucrânia, segundo fontes do Itamaraty.

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Lula foi ao almoço acompanhado pelo chanceler Mauro Vieira, o assessor especial da presidência, Celso Amorim, os ministros José Mucio, da Defesa, Fernando Haddad, da Fazenda, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia. Na saída, no alto da escadaria do Eliseu, Amorim e Macron ainda trocaram algumas frases. Não houve coletiva de imprensa por causa da agenda carregada de bilaterais que ambos tinham no período da tarde. O presidente Lula dará uma coletiva na manhã de sábado, antes de retornar ao Brasil. 

 Lula considera a carta adicional que a União Europeia enviou ao Mercosul “inaceitável”. No texto, o bloco faz novas exigências, principalmente em relação a questões ambientais. Em Roma, Lula argumentou que os europeus estabelecem "punições" aos países que não cumprem o Acordo de Paris sobre o clima, que eles próprios não respeitam. Macron discorda dessa acusação. Diz que as condenações por inação climática da França são anteriores a 2019, algumas duraram até 2021, mas a França teria recuperado o atraso no corte de emissões desde então.  

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Pontos de atrito - Antes do almoço desta sexta com Macron, Lula disse que iria questionar o francês sobre uma resolução aprovada na Assembleia Nacional, na semana passada, que pede ao governo para rejeitar o acordo com os sul-americanos. "A França é muito dura na defesa de seus interesses agrícolas”, declarou. “Mas precisa entender que os outros também defendem suas agriculturas”, acrescentou, dizendo que cada país deve abrir mão de seu “protecionismo”. 

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 Nessa negociação que se estende ha 23 anos, a questão agrícola não é o único problema. As condições de acesso às licitações públicas, avaliadas em mais de US$ 150 bilhões por ano, também sao desfavoraveis ao Brasil. O acordo assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, em 2019, prevê que este mercado estaria aberto para as empresas europeias, mas, na visão do governo Lula, seria uma ameaça à capacidade de concorrência das indústrias nacionais. O Brasil, agora, quer rever essas condições. 

 Mais cedo, no encerramento da Cúpula sobre o Novo Pacto Global de Financiamento, Lula cobrou a reforma das instituições multilaterais como ONU e FMI, que segundo ele "não representam mais o mundo de hoje”. Diante de cerca de 40 chefes de Estado e de Governo e dos presidentes dos principais organismos financeiros, o brasileiro alegou que sem mudanças na governança mundial, “a questão climática vira uma brincadeira”. 

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 O presidente argumentou que as instituições criadas após a Segunda Guerra Mundial não atendem mais à geopolítica atual. O enfraquecimento de organismos como a Organização Mundial do Comércio (OMC), esvaziada pelos Estados Unidos, possibilitaram a "volta do protecionismo”, inclusive pelos países ricos. Como consequência, concluiu, "nós estamos vendo a pobreza crescer em todos os continentes”. 

 “É preciso ter clareza que se a gente não mudar as instituições, quem é rico vai continuar rico e quem é pobre vai continuar pobre,” criticou. Durante dois dias, a cúpula buscou encontrar caminhos para aumentar a ajuda financeira para os países mais vulneráveis enfrentarem a pobreza e, ao mesmo tempo, o desafio do desenvolvimento sustentável.  

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