Primeiro dia da Cúpula de Vilnius revela ambições belicistas e expansionistas da Otan
Entre os principais temas estiveram a crise na Ucrânia, o aumento das despesas militares e a expansão da influência da Otan na região do Indo-Pacífico
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247, José Pedro Faya, de Lisboa - As discussões do primeiro dia da Cúpula da Otan ficaram marcadas pelo caráter ambicioso e provocador das estratégias da organização. Entre os principais assuntos discutidos, o incremento das despesas militares, a coordenação com a Ucrânia, e as estratégias regionais da aliança, em especial na região do Indo-Pacífico, foram os temas de destaque.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, frisou diversas vezes nas conferências de imprensa da última semana que o aumento das despesas militares é uma urgência para a organização. Os novos “planos de defesa” e os compromissos assumidos pelos estados-membros nas discussões do primeiro dia da cúpula levarão a recordes históricos de gastos militares.
“Uma grande mensagem desta cúpula será que nós necessitamos investir mais em nossa defesa, e acordaremos com um Juramento de Investimento em Defesa, onde afirmamos com clareza de que os 2% do PIB para defesa é o mínimo” disse Stoltenberg na sessão de abertura.
O secretário-geral valorizou ainda o fato dos estados-membros na Europa e o Canadá terem aumentado em 8,3% o seu orçamento militar. Segundo Stoltenberg, em resposta à Rússia a Otan terá 300 mil efetivos prontos para a guerra.
Ao contrário do que esperava o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, as lideranças da Otan ainda não deram indícios de que a aliança fará o convite formal à Ucrânia com brevidade. Zelensky utilizou as suas redes sociais na manhã do dia 11 para afirmar que seria “sem precedentes e absurdo que não fosse fixado um prazo nem para o convite e nem para a adesão da Ucrânia”.
Ao ser questionado sobre as acusações do presidente ucraniano, Jens Stoltenberg afirmou, em conferência de imprensa na tarde do dia 11, de que a adesão à Otan não é baseada em prazos, mas em condições. No entanto, o secretário-geral frisou que a organização está facilitando o processo, abrindo uma exceção que cancelará a exigência da Ucrânia seguir o Plano de Ação para a Adesão, e garantiu que o país irá aderir a Otan no futuro.
A discussão sobre a adesão da Ucrânia tem causado uma polarização entre os estados-membros. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou em entrevista exibida neste domingo que não acredita que “haja unanimidade na Otan sobre trazer ou não a Ucrânia para a família da Otan agora, neste momento, no meio de uma guerra”. “Não acho que [a Ucrânia] esteja pronta para ingressar na Otan”, disse Biden à uma repórter da CNN.
Apesar das reservas em convidar a Ucrânia à organização, foi finalizada hoje a formação do novo Conselho Otan-Ucrânia, o qual se reunirá nesta quarta-feira (12) pela primeira vez, e que terá como objetivo, para além de acelerar a adesão do país à organização, permitir uma maior coordenação da confrontação contra a Rússia.
Também estiveram presentes na cúpula os primeiros-ministros da Nova Zelândia, do Japão e da Austrália e o presidente da Coreia do Sul, para além de outras lideranças da região. Entre os objetivos da cúpula está também o reforço da influência da Otan na região do Indo-Pacífico, e as reuniões com tais lideranças buscarão facilitar a expansão que visa cercar a China, escalando a confrontação não apenas na Europa, mas também na Ásia-Pacífico.
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