Primeiro dia da Cúpula de Vilnius revela ambições belicistas e expansionistas da Otan

Entre os principais temas estiveram a crise na Ucrânia, o aumento das despesas militares e a expansão da influência da Otan na região do Indo-Pacífico

Participantes da Cúpula da Otan se posicionam para posar para uma foto oficial da família em Vilnius, Lituânia, em 11 de julho de 2023
Participantes da Cúpula da Otan se posicionam para posar para uma foto oficial da família em Vilnius, Lituânia, em 11 de julho de 2023 (Foto: Andrew Caballero-Reynolds/Pool via REUTERS/File Photo)


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247, José Pedro Faya, de Lisboa - As discussões do primeiro dia da Cúpula da Otan ficaram marcadas pelo caráter ambicioso e provocador das estratégias da organização. Entre os principais assuntos discutidos, o incremento das despesas militares, a coordenação com a Ucrânia, e as estratégias regionais da aliança, em especial na região do Indo-Pacífico, foram os temas de destaque.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, frisou diversas vezes nas conferências de imprensa da última semana que o aumento das despesas militares é uma urgência para a organização. Os novos “planos de defesa” e os compromissos assumidos pelos estados-membros nas discussões do primeiro dia da cúpula levarão a recordes históricos de gastos militares.

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“Uma grande mensagem desta cúpula será que nós necessitamos investir mais em nossa defesa, e acordaremos com um Juramento de Investimento em Defesa, onde afirmamos com clareza de que os 2% do PIB para defesa é o mínimo” disse Stoltenberg na sessão de abertura.

O secretário-geral valorizou ainda o fato dos estados-membros na Europa e o Canadá terem aumentado em 8,3% o seu orçamento militar. Segundo Stoltenberg, em resposta à Rússia a Otan terá 300 mil efetivos prontos para a guerra.

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Ao contrário do que esperava o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, as lideranças da Otan ainda não deram indícios de que a aliança fará o convite formal à Ucrânia com brevidade. Zelensky utilizou as suas redes sociais na manhã do dia 11 para afirmar que seria “sem precedentes e absurdo que não fosse fixado um prazo nem para o convite e nem para a adesão da Ucrânia”.

Ao ser questionado sobre as acusações do presidente ucraniano, Jens Stoltenberg afirmou, em conferência de imprensa na tarde do dia 11, de que a adesão à Otan não é baseada em prazos, mas em condições. No entanto, o secretário-geral frisou que a organização está facilitando o processo, abrindo uma exceção que cancelará a exigência da Ucrânia seguir o Plano de Ação para a Adesão, e garantiu que o país irá aderir a Otan no futuro.

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A discussão sobre a adesão da Ucrânia tem causado uma polarização entre os estados-membros. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou em entrevista exibida neste domingo que não acredita que “haja unanimidade na Otan sobre trazer ou não a Ucrânia para a família da Otan agora, neste momento, no meio de uma guerra”. “Não acho que [a Ucrânia] esteja pronta para ingressar na Otan”, disse Biden à uma repórter da CNN.

Apesar das reservas em convidar a Ucrânia à organização, foi finalizada hoje a formação do novo Conselho Otan-Ucrânia, o qual se reunirá nesta quarta-feira (12) pela primeira vez, e que terá como objetivo, para além de acelerar a adesão do país à organização, permitir uma maior coordenação da confrontação contra a Rússia.

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Também estiveram presentes na cúpula os primeiros-ministros da Nova Zelândia, do Japão e da Austrália e o presidente da Coreia do Sul, para além de outras lideranças da região. Entre os objetivos da cúpula está também o reforço da influência da Otan na região do Indo-Pacífico, e as reuniões com tais lideranças buscarão facilitar a expansão que visa cercar a China, escalando a confrontação não apenas na Europa, mas também na Ásia-Pacífico. 

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