Presidente do Sudão do Sul anuncia anistia geral

Lder da mais nova nao do mundo faz seu primeiro pronunciamento, promete anistia e pede a rebeldes que deponham as armas



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Agência Brasil - O Sudão do Sul se tornou oficialmente às 18h01 de hoje (hora de Brasília, 0h01 de sábado, hora local) o mais novo país do mundo, ao oficializar sua independência do restante do Sudão.Nas ruas da capital do país, Juba, centenas de pessoas comemoraram a mudança logo após o horário oficial da separação do Norte. Segundo o enviado da BBC a Juba Will Ross, às vésperas do nascimento do país as rádios tocaram sem parar o hino nacional sul-sudanês, composto por estudantes locais.

Em seu primeiro pronunciamento como presidente do novo país, Salva Kiir Mayardit, anunciou neste sábado 9 anistia geral para todos os que combateram as autoridades de Juba (capital do novo Estado) e pediu para que os rebeldes deponham as armas. "Aproveito a oportunidade para anunciar uma amistia geral para todos os que usaram as armas por uma causa ou outra contra o governo do Sul. Peço-lhes que abandonem as armas e se juntem a nós para construir este nosso novo país", apelou Salva Kiir, usando, segundo descreveu a agência noticiosa espanhola Efe, o seu inseparável chapéu preto no estilo cowboy, um presente do ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush.

No primeiro discurso como presidente, o líder do Movimento Popular de Libertação do Sudão referiu-se aos conflitos ainda sem solução definitiva entre os dois países que, agora, usam o nome Sudão, principalmente a questão da partilha dos recursos petrolíferos da rica região de Abyei. "Quando vocês [sudaneses do Norte] choram, nós choramos; quando vocês sangram, nós sangramos. Prometo trabalhar com o meu irmão Omar Al Bashir [presidente do Sudão] e a comunidade internacional para restaurar a paz", disse Salva Kiir.

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Presente na cerimônia de nascimento do 193º país reconhecido pelas Nações Unidas, Omar Al Bashir, sobre o qual pende um mandado de captura internacional por genocídio e crimes, assegurou que ajudará o novo país "nos seus primeiros passos”, prometendo manter "excelentes relações" e "preservar os interesses comuns" de ambas as nações. "O vosso sucesso será o nosso sucesso", disse o presidente do Sudão, que reconheceu a independência do novo vizinho do Sul, embora insistindo que "manter a união do Sudão era melhor".

Salva Kiir Mayardit adiantou também algumas das linhas da sua presidência, que passam por potenciar a economia, como "chave da prosperidade", e redobrar os esforços do país para construir instituições, fortalecer o setor privado e captar investimento estrangeiro. O maior desafio do novo Estado será a corrupção política, reconheceu o presidente, comprometendo-se a "fazer tudo para erradicar esse cancro". A República do Sul do Sudão, o mais novo país do mundo, já foi reconhecida pelas principais potências mundiais, entre as quais os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a União Europeia.

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O Sul do Sudão içou hoje a sua bandeira pela primeira vez, acontecimento presenciado por milhares de sudaneses do Sul e dezenas de personalidades mundiais, entre os quais o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. O país nasce a partir de um acordo de paz firmado em 2005, após 12 anos de uma guerra civil que deixou 1,5 milhão de mortos. Em janeiro, 99% dos eleitores do Sudão do Sul votaram a favor da separação da região, predominantemente cristã e animista, em relação ao norte, governado a partir de Cartum, onde a população é em sua maioria muçulmana e de origem árabe. Hoje, o governo do presidente sudanês, Omar Bashir, reconheceu formalmente a independência da parte Sul de seu país. Ele estará em Juba, amanhã (9) para a festa, assim como o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que será recepcionado pelo presidente interino do Sudão do Sul, Salva Kiir Mayardit.

Apesar de ter grandes reservas de petróleo, o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, com a maior taxa de mortalidade materna, a maioria das crianças fora da escola e um índice de analfabetismo que chega em 84% entre as mulheres.Embora não haja estatísticas oficiais, a ONU estima que a população do país varie entre 7,5 milhões e 9,5 milhões. O Sudão do Sul também nasce sendo um dos maiores do Continente Africano, superando as áreas de Quênia, Uganda e Ruanda somadas.

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Após comemorar a independência, o Sudão do Sul terá de resolver a questão da fonteira com o Norte. A independência está sendo celebrada sem que as fronteiras entre o Sul e o Norte já estejam completamente definidas. Um foco de tensão é o debate sobre quem ficará a região de Abyei, rica em petróleo. Em maio, forças do Sudão do Norte entraram em Abyei. Os conflitos forçaram 170 mil pessoas a deixarem suas casas, para fugir da violência.

O acordo de 2005 previa um referendo para os moradores da área decidirem se ficariam com o Norte ou o Sul, mas por causa da tensão a votação ainda não ocorreu. Antecipando-se a uma eventual retomada da guerra civil, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, também em maio, o envio de uma missão de paz com 7 mil militares para a área, a maioria da Etiópia. A separação também acendeu os ânimos na região de Kordofan do Sul, que está sob controle do governo de Cartum. Povoada por minorias étnicas sem ligação com a população árabe do Norte, a região quer se juntar ao novo país. Confrontos na região já provocaram o deslocamento de 60 mil moradores.

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