Por que esse João ainda encanta?
Quando ruiu o comunismo, na virada da década de 90, boa parte do mundo saudou Wojtyla como o grande vencedor de uma guerra que ele mesmo começara. Talvez a história registre esse como seu maior feito
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“Santo subito” – exigia a multidão durante os funerais de Karol Wojtyla, em abril de 2005. Vox populi, vox Dei – responderam os prelados católicos. Preparem-se, prezados leitores, pois vem aí o Papa-Santo! João Paulo 2º foi beatificado por seu sucessor, o teólogo Joseph Ratzinger, ora Bento 16, diante de 1 milhão de peregrinos. Foi o último estágio para sua canonização oficial. É intrigante entender o que fez desse homem alguém tão encantador? Seis anos após sua morte, como consegue continuar mobilizando multidões? Qual o conteúdo mágico de suas mensagens? Talvez esse papa exprimisse a esperança de um tempo. Já escreveram que ele seria o 13º Apóstolo. O Apóstolo do Novo Mundo.
Mas de onde viria seu poder? Na hierarquia das nações, um papa não passa de um sacerdote, o chefe dos católicos, cuja religião é praticada por somente 17% da população mundial. Manda de fato em alguns quarteirões da cidade de Roma (o Vaticano) e em alguns milhares de sacerdotes espalhados pelo mundo. Contudo, talvez pelo que disse, ou quem sabe por conduta pessoal, a verdade é que não houve na transição dos séculos XX para o XXI nenhum outro líder político ou religioso de quem emanasse tanta autoridade moral. Ele foi decerto um dos gigantes do cenário político mundial, como Churchill e Adenauer, talvez o último apóstolo com visões amplas e princípios universais a apontar para um novo mundo – daquela estirpe que gerou Gandhi e Martin Luther King. É intrigante entender o que fez desse homem alguém tão especial.
Por onde passava, governantes paravam para recebê-lo, e multidões corriam para aclamá-lo. Beijava o solo de todos os países onde passava. Reunia legiões que ultrapassam, com freqüência, 1 milhão de pessoas. Quase 200 milhões foram às ruas aplaudi-lo e seu rosto foi conhecido por mais da metade da humanidade. A história ocidental registra que, antes dele, somente três homens haviam mobilizado multidões fora da terra natal – Alexandre da Macedônia, Júlio César e John Kennedy. Em seu pontificado, pronunciou 2.357 discursos no exterior, fez 102 viagens, levou sua pregação a 129 povos e nações, visitou 620 cidades. O recordista anterior era o papa Paulo VI, com 12 viagens. “Ide e proclamai a minha palavra”, ordenou Jesus aos discípulos – lembraria João Paulo 2º no início do pontificado. Então, percorreu quase 1,2 milhão de quilômetros em linha reta, o que equivale a dar 30 voltas em torno da Terra (ou três vezes a distância até a Lua), façanha capaz de acanhar aventureiros do quilate de Marco Polo. Somente o apóstolo Paulo de Tarso, no início do cristianismo, havia ousado algo semelhante, ao peregrinar por todo o Império Romano para levar sua mensagem.
Somente dois grandes países não receberam a visita de João Paulo 2º: China e Rússia. Tinha claro desprezo pela morte. Arriscou a vida em uma nação muçulmana, a Bósnia, a fim de rezar uma missa para 35 mil pessoas debaixo de forte nevasca. Quando não conseguiu autorização para ir à China, foi pregar para alguns poucos milhares nas ilhas Fiji e Seychelles. Quando não pôde entrar na União Soviética, foi ao Gabão, Mali, Burkina Fasso. Quando constatou a miséria no Quênia, disse que o país precisava de desenvolvimento econômico. Quando viu de perto as injustiças sociais e a crise de insolvência na América Latina, disse “A dívida externa de um país não poderá nunca ser paga à custa da fome e da miséria de seu povo”. Que novidade há nisso? Na prática, criou um impasse moral que acabou levando os organismos multilaterais, como o FMI, a rever seus conceitos.
EVANGELHO DA SALVAÇÃO. Qualquer que seja o prisma pelo qual se olhe Wojtyla, ainda que se discorde de suas ideias, há que se admitir que tivemos a sorte louca de ter conhecido em vida um dos titãs da humanidade. O papa se tornou mais famoso do que os Beatles, que seriam mais famosos do que Jesus Cristo, na boutade de John Lennon. Por que ele ainda encanta? Qual seria o conteúdo mágico de suas mensagens? Coisas simples, nada além da pregação normal do Evangelho. Parece ser alguém que conhecia de perto a vida dos pobres. Geralmente falava de justiça social, com ênfase na ideia de que a solidariedade entre os povos e a fraternidade entre os homens seriam o único caminho para atingir a liberdade e a igualdade. As multidões costumavam ficar estupefatas com esse homem de branco quando ele acenava para um mundo melhor com a mais absoluta convicção. De resto, este sempre foi o segredo dos santos: conseguir impressionar os homens não pelo aparato de armas ou de riquezas, mas pelos predicados éticos. André Frossard, ex-dirigente do Partido Comunista Francês, certa vez observou que esse papa vindo de Cracóvia passara diretamente para a Palestina, pois dizia palavras que escaparam ao abismo do tempo, como se ele fosse o 13º apóstolo.
“Ele não apenas soube falar aos católicos, mas também se dirigiu a todos os cristãos”, explica Georges Suffert, autor de Tu És Pedro, livro sobre a história dos pontífices. Prossegue: “Sem abandonar uma única letra do Evangelho, ele inventou uma linguagem acessível à imensa maioria dos viventes. Como se a maioria das autoridades políticas e religiosas tivesse aceito, tacitamente, que esse papa exprimia as esperanças comuns dos homens de seu tempo. Para a história, permanece mais ou menos certo que a massa dos cristãos o aprovou, seguiu e aclamou, como jamais havia feito com um personagem religioso”.
“Num palco mundial dominado por profundas divisões econômicas, nacionais e religiosas, o papa se destacou como o único porta-voz universal dos valores universais”, escreve o vaticanista Marco Politi. “Ele ofereceu um evangelho de salvação e de esperança diante dos novos ídolos – egoísmo tribal, nacionalismo exacerbado, fundamentalismo feroz, lucro sem preocupação com a vida humana. Ele definiu o seu tempo como talvez nenhum outro líder o tenha feito. (…) Quando erguia a mão para abençoar os fiéis, ela apontava para um horizonte mais vasto.”
O teólogo Francisco Catão, professor da Faculdade de Filosofia do Mosteiro de São Bento, São Paulo, lembra que na Encíclica Tertio millenio adveniente, que se refere à experiência pessoal que fez durante as longas celebrações da passagem do milênio, Wojtyla disse com clareza que se convencera de que o mais importante na vida, pessoal e da Igreja, é a santidade. "Sua beatificação é o reconhecimento de que atingiu o objetivo de sua vida", analisa Catão. "Talvez aí resida o segredo de sua popularidade, a autenticidade, que se refletiu no testemunho de sua vida e de suas palavras". E acrescenta o teólogo: "Em tempos de modernidade liquefeita, o que permanece, quando tudo muda, é o testemunho pessoal. Karol Woytila estava convencido disso.".
O PASTOR. Dentre os 264 papas, talvez João Paulo 2º seja o que tenha acumulado mais histórias para contar, mais do que Leão Magno, que, no século V, enfrentou Átila, o Huno, só com a força da palavra; ou mesmo Leão 13 que, no século 19, começou a abrir a Igreja Católica à sociedade e pregou os direitos dos trabalhadores. Ele assumiu o Vaticano numa das piores crises da história, no ápice do desprestígio político. Havia um cisma branco quase consolidado: à esquerda, a Teologia da Libertação na América Latina, tentando enxertar no Evangelho a revolução socialista; à direita, o clero tradicionalista, que se recusava a acatar as reformas do Concílio Vaticano 2º, iniciadas na década de 1960 por João 23. Seu sucessor, Paulo 6º, tentou se equilibrar entre os dois pólos, mas conseguiu tão-somente assistir atônito à fuga em massa do rebanho. Naquele tempo, a modernidade rechaçava o cristianismo. Mal respeitava o judaísmo e o islamismo. As únicas formas de espiritualidade aceitas pela mídia e pela inteligência eram as do oriente – o zen e o esoterismo.
A Igreja ainda atravessa uma grande crise. Mas Wojtyla entregou o cetro com os templos católicos cheios (e multiplicando-se) em países como os Estados Unidos e a França. A intelectualidade francesa, por exemplo, sempre torceu o nariz para João Paulo 2º. Em 1997, mesmo com a oposição da imprensa local, ele levou 1 milhão de fiéis --com menos de 30 anos-- às ruas de Paris, durante um evento para a juventude. No Brasil, a igreja cresceu 150% no reinado de João Paulo 2º, tanto em número de paróquias quanto em ordenações. Há hoje 17 mil sacerdotes para 24 milhões de católicos realmente praticantes. Ainda é muito pouco. Contudo, há 30 anos, 90% dos brasileiros se diziam católicos, mas tinham vergonha de mostrar.
Qual foi a estratégia de João Paulo 2º para reverter a crise? Primeiro excomungou a direita. Depois amordaçou a esquerda, há 20 anos acuada em obsequioso silêncio. Ele jamais condenou ou abençoou o clero progressista, mas transferiu padres e aposentou bispos dessa corrente. Esquartejou prelazias de oposição, como a Arquidiocese de São Paulo, e promoveu para postos-chave prelados conservadores e de sua confiança. No Brasil, indicou dois terços dos bispos hoje na ativa. Impôs rígida disciplina nas hostes canônicas. Ceifou a democracia interna e os poderes das conferências episcopais. Todo o poder ao Vaticano, tudo girando em torno da autoridade do papa. Reafirmou os valores mais conservadores, como o celibato sacerdotal, a família mononuclear e os métodos de anticoncepção naturais. Condenou o aborto, a eutanásia, a pena de morte, a clonagem humana, a união entre homossexuais, a ordenação de mulheres e até os preservativos.
Quanto às ovelhas, mandou que os sacerdotes deixassem ir as desgarradas, mas que não transigissem nos princípios. Contudo, que aceitassem de braços abertos aqueles que são produtos da sociedade atual – os divorciados e os filhos das informais relações pós-modernas. O cardeal Eugênio Sales, ex-arcebispo do Rio de Janeiro, acredita que esse neo-fundamentalismo tenha dado certo. O rebanho teria ficado com a sensação de vigor e retidão ética, livrando os fiéis daquela sensação de fraqueza e de declínio que antes minava a igreja. Diz o cardeal Freire Falcão, ex-arcebispo de Brasília: “A liderança do papa não vem da sua bondade, mas da sua firmeza. O rebanho o segue porque ele não transige e dá a certeza de que está no rumo certo”.
O balanço intelectual de João Paulo 2º é também espantoso. Sua produção teológica e filosófica, por exemplo, alça-o à condição de um dos grandes doutores da igreja, atrás, obviamente, de Santo Agostinho e Inácio de Loyola. Entre constituições apostólicas (3), encíclicas (13), cartas e exortações apostólicas, artigos e outros documentos, Wojtyla produziu de próprio punho mais de mil peças doutrinárias. A esquerda o acusa de ser mero “biblista”, um “moralista eclesiástico”, autor de uma teologia pobre e primária. Há quem pense assim. Contudo, é bom lembrar que, antes mesmo de virar papa, em meados dos anos 70, sua reputação intelectual chegava aos círculos eruditos internacionais. Foi convidado para conferências na Austrália e na Filadélfia. Em Harvard, chegou a fazer três conferências, em inglês mais que perfeito – uma das sete línguas que já dominava com fluência quando subiu ao trono.
Sua encíclica Laborem Exercens, publicada ainda em 1981, é um dos textos mais importantes já escritos em defesa dos direitos dos trabalhadores, no mesmo patamar da antológica Rerum Novarum, do papa Leão 13, até hoje tão estudada. Em fins do Século XIX, quando o capitalismo selvagem estava em seu ápice e suas contradições provocavam a erupção dos movimentos sindicais, das ideias socialistas, anarquistas e comunistas, o papa Leão 13 inovou ao defender a cooperação (e não oposição) entre os fatores da produção: "Nem o capital pode existir sem o trabalho, nem o trabalho sem o capital", escreveu. No limiar do Terceiro Milênio, quando o comunismo dava sinais de esclerose múltipla e o capitalismo ensaiava uma nova selvageria com o neo-liberalismo de Reagan e Thatcher, João Paulo II apareceu com o conceito ético da primazia do trabalho sobre o capital. "A hierarquia de valores, o sentido profundo do próprio trabalho exigem que o capital esteja em função do trabalho e não o trabalho em função do capital", escreveu na encíclica Laborem Exercens.
POLÍTICA INTERNACIONAL. João Paulo 2º empenhou a Santa Sé em um conceito inovador de direito internacional, chamado de “interferência humanitária”. Na avaliação do padre jesuíta José Carlos Aleixo, um dos fundadores do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, esse é um dos registros salutares de seu pontificado. Assim que assumiu, em 1978, Argentina e Chile preparavam-se para uma guerra sangrenta pelo controle do canal de Beagle. O sumo pontífice foi convidado a mediar um tratado de paz, e os dois países submeteram-se ao “amparo moral da Santa Sé”. Aliás, ressalta Aleixo, um primor de tratado. Houve um precedente na história quando, em fins do século 19, o papa Leão 13 fez a mediação entre Alemanha e Espanha. Mais tarde, João Paulo 2º pressionou os Estados Unidos e a Comunidade Européia a fazer a “interferência humanitária” quando a Sérvia promovia a “limpeza étnica” na Bósnia.
Quando ruiu o comunismo, na virada da década de 90, boa parte do mundo saudou Wojtyla como o grande vencedor de uma guerra que ele mesmo começara. Talvez a história registre esse como seu maior feito. Há livros e documentos que comprovam suas ações secretas para minar a Cortina de Ferro, como também as ajudas decisivas que emprestou aos governos Reagan e Bush, com quem se alinhou politicamente. As histórias que envolvem o regime comunista polonês valem destaque. Na primeira viagem à Polônia, ainda em 1979, ele descobriu que contava com o apoio das massas. A segunda, em 1983, em pleno “estado de guerra” e repressão decretada pelo general Jaruzelski contra o sindicato Solidariedade, foi ainda mais incerta.
Muitos gostam de acreditar que regime algum pode contra o papa. A história registra inúmeros casos de pontífices mortos ou encarcerados – Napoleão prendeu um deles. Na segunda viagem à Polônia, João Paulo 2º quase não abriu a boca e, quando falou, era para pregar o Evangelho ou repetir o seu bordão: “Não tenham medo”. A multidão o seguia, silenciosa, desarmada, questionando abertamente o regime. A multidão aumentava, e a Polônia inteira se rendeu a Wojtyla. Na noite do terceiro dia, Jaruzelsky mandou soltar a oposição e deu início às mudanças que, por vários motivos, resultaram na queda do Muro de Berlim. O historiador Georges Suffert fez uma observação interessante sobre o episódio: “Os governos eram, agora, obrigados a levar em conta um fenômeno que Marx não havia previsto, uma insurreição religiosa”.
NA SOLIDÃO DA FÉ. Melhor saltar a triste história do menino Lolek (Carlinhos), que perdeu a mãe aos 9 anos, depois a irmã, o irmão e, por fim, o pai. Vale ressaltar, contudo, que esse homem jamais foi um eremita encastelado, frágil e ascético, mas forjou sua personalidade e posições políticas nas mais duras experiências da vida. Foi soldado da resistência ao nazismo e ator na clandestinidade. Operário, quebrava pedras para comer. Seus biógrafos o poupam da divulgação de duas informações: se ceifou vidas ou se provou da carne. Tudo indica, porém, que, até os 24 anos, tenha sido um soldado, um ator e um operário como qualquer outro de seu tempo.
Monsenhor Rostkowski Czeslaw, aluno de Wojtyla na Polônia, é o pároco da Igreja São Judas Tadeu, em Brasília. Ambos foram filhos espirituais do cardeal Stefan Wyszynski, o grande patriarca polonês que chegou ao consistório de 1978 eleito papa, mas descarregou seus votos no pupilo de Cracóvia. Em 1991, Czeslaw dirigia a Catedral de Brasília quando João Paulo 2º visitou o Brasil pela segunda vez. Foi chamado para um encontro privado na sacristia. Seu relato: “Ele não me viu chegar. Flagrei-o concentrado no breviário, rezando a oração do meio-dia. Fico comovido até hoje com aquela imagem. Ele lia cada palavra com devoção, com expressão apaixonada. Jamais testemunhei tamanha fé. Tive ali a certeza de que Wojtyla acreditava em tudo o que pregava”.
São inúmeros os testemunhos similares sobre sua capacidade de mergulhar nas profundezas da alma. Uma das imagens mais lembradas de João Paulo 2º, é deitado no chão da Basílica de São Pedro, diante do altar-mor, onde se encontram os restos mortais do apóstolo, depois de uma missa de ação de graças pelo seu restabelecimento o atentado que quase o matou. Para surpresa de todos, Karol Woityla se levantou, deitou-se com o rosto virado para o chão e sussurrou: Totus tuus – totalmente teu. Alguns prelados o escutaram, e logo espalhou-se a mística entre os católicos de todo o mundo. Não era súplica, não era agradecimento, rezada a interpretação católica. Mas aquele gesto de se deitar com o rosto virado ao chão, aquelas palavras em latim, eram a prova absoluta da confiança incondicional de que seu destino e sua vida estavam mais do que entregues, estavam entrelaçados com a força do Criador. Totus tuus tornou-se um de seus bordões. Como o gesto de se deitar com o rosto virado ao chão, em sinal de devoção.
O bispo Mariano Magrassi, de Bari, certa vez relatou: “É uma experiência impressionante ver o papa no genuflexório, com a cabeça pendendo sobre sua cruz. Suas sobrancelhas se juntam. Pode-se ver seu rosto contraído no esforço de se encontrar com Deus”. Nos últimos anos de vida, com a deterioração da saúde, João Paulo 2º passou a rezar mais do que nunca. Bastava parar que começavam as preces. Acordava às 5h e rezava até a missa das 7h. Orava antes e depois do almoço, antes e depois do jantar. Mesmo no papamóvel costumava dedilhar as contas do rosário até o último instante, até o momento de sair para os aplausos da multidão, até a hora de sussurrar: “Domine, non sum dignus – Senhor, eu não sou digno”. O que diria João sobre essa beatificação? Por qual razão, Domini, esse João tanto encanta?
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