Polônia, o paraíso da fecundação in vitro

Leis flexveis, preo baixo e abundncia de doadores desenvolvem no pas um rentvel turismo de casais europeus com problemas de fertilidade

Polônia, o paraíso da fecundação in vitro
Polônia, o paraíso da fecundação in vitro (Foto: Shutterstock)


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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris – Desde sua inauguração, em 2005, a clínica VitroLive do doutor Rafal Kurzawa apresenta lista de espera. Localizada em Szczecin, na Polônia, fronteira com a Alemanha, ela recebe anualmente mais de 500 casais de vizinhos europeus com problemas de fertilidade – 30% deles são alemães. Enquanto no resto da Europa a prática é submetida a uma restrita regulamentação, a Polônia é o único País onde as técnicas de fecundação artificial não são enquadradas.

O sucesso do turismo pela fecundação in vitro se explica igualmente pela abundância de doadores de óvulos e esperma – em penúria nos outros países – e pelo preço: entre 2,5 mil e 2,7 mil euros, ou metade do valor praticado do outro lado da fronteira. A taxa de sucesso garantida é de 50% dos casos.

As tentativas de implantar leis europeias de controle em experiências em tecidos humanos naufragaram, deixando o caminho livre para esse "comércio". Resultado: a prática se transformou em uma bela fonte de renda para a Polônia. Atualmente, existem 38 clínicas de fertilidade pelo território. Só a VitroLive calcula ter ajudado a trazer ao mundo 3 milhões de crianças desde 1978.

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Mas a majoritária comunidade católica do País não está nada contente com o rótulo de paraíso da fecundação in vitro. Diversos protestos e muita pressão sobre o governo têm sido feitos para interromper a técnica. Em uma carta enderaçada aos dirigentes políticos, a membros da Igreja denunciam a prática como a irmã caçula do eugenismo, ciência consagrada a melhorar as qualidades físicas e morais da raça humana, praticada pelos nazistas. "Comparar os médicos que exercem esse método aos nazistas é uma ofensa à memória do Holocausto", rebateu o professor Slawomir Wolczynski da Academia de medicina de Bialystok, primeiro centro a introduzir a fecundação in vitro na Polônia.

A oposição não pretende baixar os braços. No passado, os católicos conseguiram proibir o aborto na Polônia. Desde a legislação de 1994, a interrupção da gravidez só é permitida em caso de estupro, má formação do feto ou risco de morte para a mãe. Caso contrário, é ilegal. Por conta disso, quase 200 mil polonesas por ano se vêem obrigadas a seguir o fluxo inverso e atravessar a fronteira para fazer o aborto no exterior.

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