Papa Bento XVI se reúne com Fidel em Havana

Decidi solicitar uns minutos do tempo do papa, sempre muito ocupado", comunicou o ex-presidente cubano em artigo; os dois "trocaram argumentos" por 30 minutos, segundo assessor do papa

Papa Bento XVI se reúne com Fidel em Havana
Papa Bento XVI se reúne com Fidel em Havana (Foto: Osservatore Romano/ REUTERS)


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247 com Agência Brasil - O papa Bento XVI se reuniu nesta quarta-feira por 30 minutos com o ex-ditador cubano Fidel Castro, com que manteve uma "conversa animada", segundo sua assessoria. "Segundo Bento XVI, foi uma conversa bem animada, com muitas trocas de argumentos", disse o padre Lombardi aos jornalistas, sobre o encontro na sede da Nunciatura Apostólica.

No último dia de visita a Cuba, o papa Bento XVI defendeu hoje (28), durante missa para cerca de 300 mil pessoas na Praça da Revolução, em Havana, o direito à liberdade religiosa. Ele condenou o fanatismo religioso. O sermão de Bento XVI ocorre no momento em que a França investiga as ligações de Mohamed Merah, autor de sete assassinatos em Toulouse - quatro em uma escola judaica -, com a rede terrorista Al Qaeda.

“Há os que interpretam mal essa busca da verdade, o que os leva à irracionalidade e ao fanatismo, pelo que se fecham na sua verdade e tentam impô-la aos outros. São como aqueles legalistas obcecados que, ao verem Jesus ferido e ensanguentado, exclamam enfurecidos: 'Crucifica-o'”, disse o papa.

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Na semana passada, Merah atirou contra uma escola judaica em Toulouse, no Sul da França. O autor dos disparos matou um adulto, professor de religião, e três crianças, assumindo a responsabilidade sobre os crimes. Dias antes, ele atirou e matou três militares. Nas negociações com as autoridades, Merah demonstrou fanatismo religioso e foi morto no último dia 22.

Durante a missa em Havana, o papa lembrou que a liberdade religiosa é fundamental para a construção de uma sociedade mais humana, harmônica e pacífica. “O direito à liberdade religiosa, tanto na sua dimensão individual quanto comunitária, manifesta a unidade da pessoa humana”, disse.

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Bento XVI ressaltou que [o esforço para manter a liberdade religiosa] consolida a convivência, alimenta a esperança de um mundo melhor, cria condições favoráveis para a paz e o desenvolvimento harmonioso e, ao mesmo tempo, estabelece bases firmes para garantir os direitos das gerações futuras”.

Oficialmente, Cuba é um país laico. Porém, há informações que mais de 60% da população seguem o catolicismo. Nos últimos anos, a Igreja Católica de Cuba passou a negociar com o governo a libertação de dissidentes políticos, exercendo um papel de relevância no cenário interno. O papa condenou hoje aqueles que tentam pregar o ceticismo e o relativismo.

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“Essa atitude, no caso do ceticismo e do relativismo, produz uma transformação no coração, tornando as pessoas frias, vacilantes, distantes dos demais e fechadas em si mesmas. São pessoas que lavam as mãos, como o governador romano [Pôncio Pilatos em relação à condenação de Cristo], e deixam correr o rio da história sem se comprometer”, disse.

Raúl

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Ontem (27), Bento XVI esteve com o presidente de Cuba, Raúl Castro, irmão de Fidel. Na conversa, o papa analisou a situação do povo cubano e da Igreja Católica na ilha, segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. A conversa durou cerca de 40 minutos, no Palácio da Revolução, sede do governo cubano.

O porta-voz disse ainda que o papa acompanha os apelos dos dissidentes cubanos sobre as questões políticas no país. "Ele [Bento XVI] está bem informado”, disse Lombardi. Segundo o porta-voz, não há previsão de reuniões do papa com representantes dos dissidentes nem com religiosos que fazem a intermediação de contatos entre os críticos do governo e as autoridades cubanas.

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O arcebispo de Miami, Thomas Wenski, disse ontem que o papa e a Igreja Católica de Cuba desejam uma “transição política digna” para os cubanos. Em uma missa por ocasião da visita do papa Bento XVI a Cuba, o arcebispo Wenski fez sermão em espanhol.

A maioria dos presentes à missa, em Miami, era formada de cubanos exilados nos Estados Unidos. “O papa e a Igreja cubana querem uma transição que seja digna para o ser humano, que seja digna para os cubanos. A Igreja quer uma transição suave e um futuro de esperança”, disse o cardeal.

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