O mundo em 2012

Exercícios de futurologia são tão comuns nesta época do ano quanto óbvios ou fúteis. Até nas grandes redes de TV se abre espaço para videntes e assemelhados anunciarem catástrofes naturais



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Exercícios de futurologia são tão comuns nesta época do ano quanto óbvios ou fúteis. Até nas grandes redes de TV se abre espaço para videntes e assemelhados anunciarem catástrofes naturais (sem identificar aonde) e a morte de três ou quatro personalidades de prestígio internacional (sem nomeá-las). Fácil. Seja por alterações climáticas, seja por fenômenos geológicos, dificilmente se passarão doze meses sem que algum evento relevante se verifique. Quanto às personalidades citadas para partir desta para melhor, há sempre um bom elenco de idosos de saúde frágil ou de ensandecidos que desafiam o perigo como razão de viver. Alguém vai bater as botas até dezembro.

Fora disso e sem pretensões premonitórias, entretanto, algumas hipóteses se mostram plausíveis quando olhamos em perspectiva o mundo no ano que chega. Crise e guerras são duas palavras inevitáveis. Transição e resistência também.

A crise econômica e financeira que assola os EUA e a Europa tende a se prolongar em lenta agonia. Ou arrefecer temporariamente, à custa de pesados ônus aos que vivem do trabalho e aos que investem o capital em atividades produtivas. O império norte-americano, como soe acontecer, continuará recorrendo a aventuras bélicas como forma de resistência à perda gradativa da hegemonia absoluta no concerto internacional e de aquecer sua própria economia, cronicamente combalida. Só em 2010 os gastos militares nos EUA chegaram a US$ 690 bilhões!

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Crise e agressividade rimam com a complexidade de um mundo em transição da atual ordem unipolar para um ponto futuro mediato multipolar, em que se salienta o bloco dos emergentes denominado BRICS (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul), com destaque para a República Popular da China.

De outra parte, ainda que num quadro geral de defensiva estratégica, movimentam-se as populações dos países mais afetados pela crise, inclusive nos EUA e sobretudo na Europa. Sinal de que não deve demorar muito nova onda de rebeliões pode eclodir em várias partes do mundo, alimentando-se em 2012 o fogo de monturo que adiante se tornará labareda.

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Contraditoriamente em relação às grandes crise anteriores do sistema imperante, em fins do século 19 e início do século 20, o epicentro da tragédia econômica e financeira se confunde com o lócus dos seus maiores estragos – os próprios países mais desenvolvidos -, tendo como contraponto a ascensão de países periféricos. Destes, além da China, podem explorar o ambiente conturbado como oportunidade os que dispuserem de potencialidades próprias e forem capazes de adotar políticas econômicas consentâneas com seus próprios interesses. O Brasil, por exemplo.

Nesse sentido, cá em nosso hemisfério a constituição da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a Celac, formada por 33 países, incluindo Cuba e sem a presença dos EUA, pode vir a funcionar como polo contra hegemônico e articulação pró-desenvolvimento solidário da região.

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Conclusão: a previsão certeira é de um ano conturbado e de estabilidade zero.

Luciano Siqueira é deputado estadual pelo PCdoB de Pernambuco

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