Morte de brasileiro vira crise diplomática

Autoridades brasileiras cobram explicaes sobre a morte do estudante Roberto Curti, 21, durante operao policial em Sidney; suspeita de que ele seja a mesma pessoa que roubava um pacote de biscoitos antes de ser detido; autoridades australianas prometem investigar o caso

Morte de brasileiro vira crise diplomática
Morte de brasileiro vira crise diplomática (Foto: Divulgação)


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247, com Agência Brasil – A morte de um estudante brasileiro em Sidney tem causado tensão entre as autoridades brasileiras e australianas. O Brasil quer esclarecer em detalhes as circunstâncias que levaram Roberto Laudisio Curti, de 21 anos, à morte. As primeiras informações são de que na noite do domingo (18), ele foi perseguido na rua por policiais que desconfiaram que ele havia furtado biscoitos de uma loja de conveniência. O jovem então foi detido com armas elétricas não letais, chamadas de teaser – e gás de pimenta.

O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, cobrou explicações das autoridades da Austrália sobre o incidente nesta terça-feira. “O governo brasileiro deplora a notícia da morte de cidadão brasileiro em circunstâncias ainda não esclarecidas durante operação policial em Sidney, na Austrália. O Consulado-Geral do Brasil em Sidney e a Embaixada do Brasil em Camberra foram instruídos a prestar toda a solidariedade e o apoio à família da vítima, bem como a solicitar os devidos esclarecimentos às autoridades australianas a respeito do ocorrido”, diz o comunicado.

O cônsul-geral do Brasil na Austrália, Américo Fontenelle, acompanha pessoalmente as investigações e a assistência prestada à família de Curti, segundo o Itamaraty. As duas irmãs de Curti estão na Austrália e acompanham todo o processo, de acordo com diplomatas. “O Ministério das Relações Exteriores manifesta suas condolências à família do brasileiro morto e reafirma sua confiança de que as autoridades australianas conduzirão as investigações com o rigor necessário”, conclui a nota divulgada pelo Itamaraty.

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O jovem de 21 anos, que no Brasil cursava Administração na USP, foi a Sidney estudar inglês e lá vivia com a irmã, que trabalha em uma consultoria empresarial, e com o cunhado, que segundo o jornal australiano The Sidney Morning Herald, atua no sistema financeiro. Na noite desta terça-feira, um tio e uma irmã chegaram à cidade australiana enquanto é feita a autópsia do brasileiro. O diretor da agência internacional de estudantes Information Planet, que leva todos os anos cerca de 1500 brasileiros a Sidney, disse ao jornal australiano que o incidente “prejudicou a reputação da Austrália mundialmente”. Em entrevista ao canal ABC, o cônsul brasileiro em Sidney, Andre Costa, disse que “ele saiu para se divertir assim como qualquer jovem no sábado à noite e isso aconteceu com ele, por isso a família não consegue entender nada”.

O jornal do de Sidney diz ainda que Curti teria gritado para pedir ajuda, quando um dos policiais disparou contra ele. Após o primeiro disparo, o jovem teria caído no chão e os policiais avançado sobre seu corpo, que estava em convulsão. Outros três disparos foram ouvidos pelas testemunhas. No incidente do roubo do pacote de biscoitos, uma testemunha descreveu que um homem sem camisa havia entrado na loja duas vezes, tentando saltar sobre uma porta interna antes de ser expulso. Mas segundo a imprensa australiana, Roberto vestia uma camisa branca quando morreu. As autoridades australianas irão investigar o caso, com o acompanhamento de um ouvidor do estado de Nova Gales do Sul, onde fica Sidney.

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No Brasil, os amigos de Roberto Curti já organizam pelas redes sociais um protesto para o dia 30 de março, em frente ao Consulado Geral da Austrália, em São Paulo. Em ironia ao roubo de biscoitos da loja de conveniência, os manifestantes deixarão um pacote em frente ao prédio. “Já que foi morto por um pacote de biscoitos, devolveremos o quanto podermos de pacotes de biscoitos para este país de 1º mundo que se chama Austrália”, diz a convocação do protesto. A foto da manifestação na rede social é a imagem do rosto de Roberto, com as palavras "Justiça luto".

O uso de pistolas elétricas, que causam descargas de 400 volts, são liberados pelas forças de segurança em países como Austrália, Reino Unido e Estados Unidos para render agressores em situações que não justificam o uso de armas de fogo. A Anistia Internacional denuncia que elas já causaram dezenas de mortes. Um vídeo divulgado pelo The Sidney Morning Herald mostra um homem sendo perseguido e recebendo tiros de policiais, pelas câmeras internas de uma loja.

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