Ministros da Defesa da Otan debatem plano de cerca de um bilhão de dólares para aquisição de munições

Os crescentes gastos militares e a escalada do conflito causam preocupação e revolta na população dos países-membros

Sede da Otan em Bruxelas
Sede da Otan em Bruxelas (Foto: REUTERS/Yves Herman/)


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247 - Durante a reunião ministerial nesta quinta e sexta-feira (16), os ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte analisam um plano de ação para aquisições conjuntas de munições, no valor de cerca de um bilhão de dólares, anunciou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em coletiva de imprensa em Bruxelas.

Apesar da subida dos gastos militares sem precedentes nas últimas décadas, o secretário-geral afirma ainda haver insuficiências nas capacidades da Otan, as quais buscarão que sejam supridas com o novo plano de produção de defesa. Os líderes chegarão a acordo durante a Cúpula de Vilnius, que decorrerá em julho na capital lituana.

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Segundo o líder, o plano “tem como objetivo melhorar a interoperabilidade das nossas munições e equipamento e apoiar a base industrial e de defesa transatlântica”, e o valor a ser gasto, equivalente a mais de 4,8 bilhões de reais, será destinado a compra de munições de 155 milímetros.

A reunião conta também com a presença de líderes de 20 das principais empresas mundiais de armamento, e os dirigentes da Otan deixaram claro o compromisso da organização com estas empresas. "Convidámos pequenos, médios e grandes produtores de defesa de toda a Aliança para um evento informal, que permitirá aos Ministros da Defesa debater diretamente com a indústria a melhor forma de aumentar a produção”, disse Stoltenberg. Também a ministra Helena Carreiras, representante de Portugal, afirmou que com este plano será “prosseguido o compromisso de longa data com a indústria de defesa transatlântica”.

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Estes compromissos, lucrativos para tais empresas, causam revoltas entre as populações dos países-membros, em especial na Europa, onde as populações, para além da preocupação com a proximidade da guerra, se indignam com os colossais gastos militares ao passo que o desinvestimento nos serviços públicos e brutais aumentos dos preços degradam gravemente as condições de vida. 

É exemplo deste descontentamento as diversas manifestações que ocorrerão em Portugal nos dias 15, 16 e 17 de junho contra a escalada da guerra, convocadas pelo Conselho Português pela Paz e Cooperação, ou o abaixo-assinado de âmbito nacional promovido na Espanha pelos militares aposentados e reservistas apelando ao fim do envio de armamentos à Ucrânia, e também os protestos na Itália contra o aumento dos custos dos alimentos.

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Apesar disso, como deixou claro o secretário-geral da Otan, não há limite para os gastos militares, chegando a afirmar, sobre a ousada proposta da organização para que os países-membros destinem 2% do PIB para a defesa, que "este compromisso deverá tornar claro que investir 2% do PIB na defesa não é um texto a atingir, mas sim um patamar a partir do qual devemos construir". Na reunião desta semana, em Bruxelas, será discutido também um novo Centro Marítimo da Otan para infraestruturas críticas de segurança.

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