Mauro Vieira critica exigências ambientais da UE e diz que acordo com Mercosul pode levar anos
Chanceler brasileiro chamou novas exigências ambientais da UE de "leoninas" e alertou para possibilidade de retaliações

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
247 - Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado nesta quinta (11), o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, fez duras críticas às exigências adicionais apresentadas pela União Europeia (UE) em relação às questões ambientais, chamando-as de "leoninas", informa o Canal Rural.
“É impressionante, porque há cláusulas muito complexas. A questão da lei de desflorestamento na Europa é muito complexa, pode afetar as exportações com possibilidade, inclusive, de retaliações, sem uma entidade que julgue e determine. Quer dizer, quem é que vai determinar, a União Europeia? Não tem mais floresta para desmatar lá (deveriam ter preservado), mas as nossas estão, e nosso compromisso é preservá-las”, declarou o ministro das Relações Exteriores brasileiro.
Vieira ressaltou que as negociações para efetivar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, bem como a adesão do Brasil como membro pleno da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), são processos complexos que demandarão anos para serem concluídos e alertou ainda que as novas exigências da UE transformam compromissos anteriormente "voluntários" assumidos no Acordo de Paris em obrigações mandatórias, o que também representa uma ameaça de retaliação.
>>> Proposta atual de acordo UE-Mercosul é impossível de aceitar, diz Lula
“O acordo foi negociado, mas ainda não foi sequer assinado. Quando for assinado, será submetido ao Parlamento Europeu e ao Parlamento de cada um dos 27 países da UE, e o mesmo ocorrerá nos 4 países do Mercosul. O que quer dizer que também há perspectiva, e isso não é um segredo, de um período longo para a entrada em vigor. Isso é um fato concreto e inevitável”, afimou.
O chanceler reforçou o compromisso do Brasil com a eliminação do desmatamento ilegal e a recuperação de áreas degradadas, destacando a postura do ex-presidente Lula durante a COP-27, mas ressaltou que o Brasil não abrirá mão de seus interesses nacionais durante as negociações com a UE e que assumirá uma posição conjunta com Argentina, Uruguai e Paraguai em relação às novas condições estabelecidas pelo bloco europeu.
Vieira expressou o apoio do governo brasileiro ao acordo, reconhecendo seu potencial para impulsionar as exportações e contribuir para a reindustrialização do país. No entanto, ele enfatizou que é preciso ter cautela.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247