Macron mobiliza blindados e governo francês avalia decretar estado de exceção para conter protestos

Presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou "mais recursos" para conter a onda de tumultos gerada pela morte de Nahel, 17 anos, assassinado há três dias durante uma blitz

(Foto: Reuters)


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RFI - O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou nesta sexta-feira (30) "a instrumentalização inaceitável da morte de um adolescente", e anunciou "mais recursos" para conter a onda de tumultos na França gerada pela morte de Nahel, 17 anos, assassinado há três dias durante uma blitz em Nanterre, nos arredores de Paris. O Ministério do Interior anunciou a interrupção da circulação de bondes e ônibus em todos o país, a partir de 21h.

"A instrumentalização da morte de um adolescente é inaceitável. Este deveria ser um momento de recolhimento e respeito", declarou o chefe de Estado após uma reunião interministerial de crise, nesta sexta-feira (30), no Ministério do Interior.

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"Condeno com firmeza todos aqueles e aquelas que utilizam essa situação e esse momento para implantar a desordem e atacar nossas instituições. Eles carregam consigo uma responsabilidade. Eu também condeno, todos condenamos, essas violências injustificáveis, que não têm nenhuma legitimidade."

O presidente francês elogiou a resposta "rápida e adaptada" da polícia e prometeu mais recursos para controlar os tumultos. A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, anunciou que mobilizará veículos blindados.

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O presidente também anunciou o cancelamento dos "grandes" eventos na capital e regiões "mais sensíveis." Entre eles, festas de final de ano em algumas escolas primárias e em todas do ensino médio.

O presidente francês também pediu aos pais que sejam responsáveis, "mantenham seus filhos em casa" e não autorizem que eles participem dos protestos. "É claro e visível que o contexto em que vivemos é o resultado da ação de grupos organizados, que condenamos e que serão julgados, mas também de muitos jovens", explicou.

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"Um terço dos detidos são jovens, às vezes muitos jovens", disse o presidente francês. "É responsabilidade dos pais mantê-los em casa. É importante para o 'sossego' de todos que os pais possam exercer claramente sua autoridade. A República não pode substituí-los", disse Macron.

O presidente francês também pediu mais responsabilidade às plataformas de redes sociais, como Snapchat et TikTok, "onde são organizadas manifestações violentas que suscitam uma forma de mimetismo, conduzindo os jovens a ações que os afastem de sua própria realidade", disse.

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"Às vezes temos a impressão de que alguns deles agem na rua como estivessem dentro de um jogo de videogame, que os intoxicou", comparou.

"Nas próximas horas tomaremos decisões em relação a essas plataformas, para retirar os conteúdos mais sensíveis", disse, lembrando que novas leis também reforçam o controle dos pais na atividade dos menores nas redes. "Vamos identificar todos que utilizam essas redes para gerar desordem e exacerbar a violência", reiterou.

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Uma reunião entre membros do governo e representantes das plataformas está prevista para esta sexta-feira (30).

O momento da morte de Nahel foi filmado nas redes sociais e em seguida compartilhado por milhões de pessoas. O vídeo também foi divulgado na mídia.

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O governo francês analisa "todas as opções", entre elas decretar estado de exceção, após uma terceira noite de tumultos. Muitas cidades da França, especialmente na região de Paris, viveram novamente protestos noturnos violentos, apesar dos 40.000 policiais e gendarmes mobilizados.

A violência estourou nos subúrbios de Paris na terça-feira e se espalhou pela França após a morte de Nahel, baleado à queima-roupa por um policial durante um posto de controle de trânsito em Nanterre, a oeste da capital.

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O drama trouxe à tona o debate sobre a violência policial na França, onde em 2022 treze pessoas morreram em circunstâncias semelhantes às do jovem. Junto com as imagens da tragédia, as ruas foram incendiadas.

Nesta quinta-feira (29), várias lojas no centro comercial Les Halles e na rua turística e comercial Rivoli, que dá acesso ao museu do Louvre, em Paris, foram "vandalizadas", "saqueadas" e "incendiadas", disse um funcionário da polícia.

Os participantes dos protestos também atacaram, pela segunda noite consecutiva, delegacias como em Pau (sudoeste), prefeituras, como em Lille (norte), ou escolas, como em Amiens (norte).

No bairro de Pablo Picasso, em Nanterre, onde morava Nahel, a terceira noite de distúrbios voltou a deixar veículos em chamas, disparos de foguetes e até uma agência bancária incendiada, observou um jornalista da AFP.

A Justiça ordenou a prisão preventiva por homicídio culposo do policial de 38 anos deu o tiro em Nahel. Segundo o seu advogado, ele ficou "extremamente comovido" com a violência dos acontecimentos mostrados no vídeo.

"As primeiras palavras que ele pronunciou foram para pedir perdão", disse o advogado Laurent-Franck Liénard à BFMTV.

Mounia, a mãe de Nahel, disse ao canal de televisão France 5 que não culpa a polícia, mas apenas o agente que tirou a vida de seu filho, já que "ele viu um rosto árabe, um menino, e quis tirar a vida dele". Na quinta-feira, uma marcha em homenagem a Nahel em Nanterre, da qual participaram 6.200 pessoas, acabou em confusão.

"É hora de o país abordar seriamente os problemas profundos de racismo e discriminação racial entre as forças de segurança", disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, nesta sexta-feira. A Alemanha também expressou sua "preocupação" com os tumultos na França.

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