Macron culpa videogames por manifestações contra racismo e violência policial

Em resposta aos saques e incêndios que ocorreram durante as manifestações, a polícia prendeu mais de 870 pessoas. O presidente francês subiu o tom

Emmanuel Macron
Emmanuel Macron (Foto: Reuters/Ag.Brasil)


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Nara Lacerda, Brasil de Fato | Campinas (SP) - Pela terceira noite seguida, protestos terminaram em violência e prisões na França. Manifestantes foram às ruas pedir justiça após a morte de uma adolescente de 17 anos, executado por um policial durante uma abordagem de trânsito.  

Em resposta aos saques e incêndios que ocorreram durante as manifestações, a polícia prendeu mais de 870 pessoas. Nesta sexta-feira (30), o presidente Emmanuel Macron subiu o tom. Anunciou reforço em medidas de segurança, disse que as famílias precisam se responsabilizar pelos jovens que participam dos protestos e culpou as redes sociais e os videogames pela situação.  

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“Temos a sensação de que alguns deles vivem nas ruas os videogames que os enebriaram”, afirmou o presidente. Ele disse também que as plataformas digitais precisam colaborar com as autoridades para apurar a identidade de quem organiza as manifestações pelas redes. 

O jovem Nahel M. foi assassinado com um tiro no peito. Inicialmente, os agentes envolvidos disseram que o rapaz tentou jogar o carro contra eles e que agiram em legítima defesa. No entanto, imagens do crime desmentiram a narrativa. O adolescente foi executado em plena luz do dia, na terça-feira (27). 

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Desde então, manifestantes têm ocupado ruas das principais cidades do país, pedindo o fim do racismo e da violência nas abordagens policiais. No ano passado, pelo menos 13 pessoas foram mortas em ocorrências semelhantes. 

Pouco antes das afirmações de Macron, o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos divulgou um apelo para que o governo Fancês resolva "seriamente” os problemas de racismo e discriminação na polícia. 

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"Apelamos às autoridades para que garantam que o uso da força pela polícia para enfrentar elementos violentos durante as manifestações respeite sempre os princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, não discriminação, precaução e responsabilidade", disse Ravina Shamdasani, porta-voz da iniciativa. 

Em resposta, o Ministério de Relações Exteriores afirmou que “Qualquer acusação de racismo sistêmico ou discriminação pela aplicação da lei na França é completamente infundada”. Segundo a pasta, “a França e suas agências de aplicação da lei lutam com determinação contra o racismo e todas as formas de discriminação. Não há dúvidas sobre esse compromisso.” 

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A porta voz da ONU destacou ainda que as ações também representam riscos para a própria polícia. Segundo o governo, mais de 240 agentes foram feridos na madrugada de quinta para sexta-feira.  Algumas horas após o apelo da orgnização global, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, elogiou a atuação dos agentes de segurança. 

Ele afirmou que a polícia tem apoio “inabalável” do governo para conter as manifestações. “Prioridade absoluta é dada ao restabelecimento da ordem republicana, à proteção das pessoas e da propriedade pública e privada”, disse Darmanin. 

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Além disso, o Governo francês pediu que governos municipais e estaduais suspendam a circulação do transporte público a partir das 21 horas desta sexta-feira (16 h no horário de Brasília). Também foi requisitada a proibição da venda de fogos de artifício, galões de gasolina e produtos inflamáveis.  

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