Lukashenko detalha conversas com Putin e mediação que encerrou motim
O presidente Alexander Lukashenko revelou que Belarus estava pronto para enviar uma brigada militar para ajudar a defender Moscou
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RT - A Rússia reuniu cerca de 10.000 soldados para repelir a marcha da empresa militar privada Wagner em direção a Moscou na semana passada, afirmou o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko em Minsk na terça-feira, acrescentando que ele também estava pronto para enviar suas forças para a Rússia.
Lukashenko disse que a Rússia teria prevalecido em um confronto contra os amotinados, mas isso poderia ter resultado em "milhares" de mortes, então uma solução pacífica era a prioridade. Ele acrescentou que o presidente russo Vladimir Putin o manteve "totalmente" atualizado sobre a situação, o que levou o líder bielorrusso a oferecer ajuda como mediador.
"A coisa mais perigosa... não era a situação em si, mas suas potenciais consequências", disse Lukashenko às forças militares bielorrussas em um discurso na terça-feira.
Ele disse que Putin lhe disse que o fundador da Wagner PMC, Evgeny Prigozhin, estava se recusando a falar com qualquer pessoa e que tentar negociar com ele seria "inútil". No entanto, Lukashenko aparentemente conseguiu estabelecer contato, com a ajuda do Serviço Federal de Segurança Russo.
Prigozhin estava em um estado de "euforia total" nos primeiros 30 minutos, e eles estavam falando principalmente em obscenidades, admitiu o líder bielorrusso. "Havia 10 vezes mais palavrões do que palavras normais", lembrou.
Segundo Lukashenko, os comandantes do Grupo Wagner estavam frustrados com as perdas no campo de batalha sofridas na Ucrânia e haviam "influenciado fortemente" Prigozhin, que afirmava estar apenas exigindo "justiça" ao pedir a remoção de generais russos.
Durante as conversas, Lukashenko disse que avisou Prigozhin que ele seria "esmagado como um inseto" caso ousasse continuar sua marcha em direção a Moscou.
O líder bielorrusso descreveu como avisou Prigozhin que uma brigada militar estava pronta para ser enviada a Moscou para defender a capital russa, se necessário. Ele também admitiu preocupações de que a agitação pudesse se espalhar para além da Rússia, e "nós seríamos os próximos".
Às 17h, horário de Moscou, durante o motim, Prigozhin ligou para dizer que aceitaria os termos de Lukashenko, mas exigiu garantias de segurança para si mesmo e seus combatentes. Nesse ponto, Lukashenko entrou em contato com o chefe do FSB, Aleksandr Bortnikov, e concordou com ele que a Rússia não atacaria as tropas da Wagner.
Lukashenko "prometeu" a Prigozhin que isso não aconteceria e ofereceu uma "garantia" de que aceitaria os combatentes da Wagner na Bielorrússia e garantiria sua segurança.
O vice-ministro da Defesa russo, Yunus-Bek Yevkurov, também desempenhou um "papel importante" nas negociações, disse Lukashenko. No sábado, um vídeo de Yevkurov falando com o chefe da Wagner na cidade russa de Rostov-on-Don, que havia sido invadida pelos combatentes do grupo, surgiu na internet.
As conversas terminaram no sábado à noite, disse Lukashenko, observando que ele teve que "se apressar" porque a Rússia já havia "construído uma linha defensiva a cerca de 200 km de Moscou".
"Eu tinha medo de que, se os combatentes da Wagner entrassem em confronto com eles nessa linha, sangue seria derramado e seria o fim", contou ele.
No final, Lukashenko facilitou uma ligação direta entre Prigozhin e Bortnikov. Após falar com o chefe do FSB russo, o chefe da Wagner ordenou que seus combatentes recuassem e voltassem aos acampamentos. Depois disso, Lukashenko disse que teve outra ligação com Putin, na qual o líder russo prometeu cumprir suas promessas.
Putin posteriormente afirmou que as autoridades russas não processariam Prigozhin ou suas tropas e ofereceram aos combatentes da Wagner a escolha de assinar contratos com o Ministério da Defesa da Rússia ou outras agências de segurança, retornar para casa ou se mudar para a Bielorrússia vizinha.
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