Legalização da maconha controlada na França

Ex-ministro do Interior defende o cultivo nacional de 53 mil hectares da erva para lutar contra o trfico. Para a direita, a ideia irresponsvel



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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris

No Brasil, as marchas da maconha foram liberadas e o debate sobre seu uso legal ganham cada vez mais espaço. Na França, o assunto ainda é tabu e pode se tornar um dos temas centrais da campanha à presidência em 2012. Os socialistas lançaram esta semana uma discussão sugerindo uma "legalização controlada" para melhor lutar, segundo eles, contra os tráficos. Um grupo da esquerda na Assembleia Nacional, liderado pelo ex-ministro do Interior, Daniel Vaillant, divulgou ontem um relatório que pede o estabelecimento de um setor nacional de 53 mil hectares cultivados de cânhamo indiano, um controle de importação, assim como a distribuição da droga, considerada leve, em lugares devidos. "Se as pessoas devem fumar, então que elas possam fumar melhor. É preocupante: hoje, por ganância, os traficantes acrescentam vidros e pneus em pó para aumentar o peso das resinas da cannabis", diz ele.

A base governista não parece nada seduzida pela legalização da maconha. O atual ministro do Interior, Claude Guéant, é totalmente contra o projeto: "Não é porque a luta contra as drogas é difícil que devemos abandoná-la", disse. O ministro da Saúde, Xavier Bertrand, afirma que a despenalização será um erro total e perigoso para os jovens. "A sociedade francesa não é a favor e eu acredito no poder da interdição", acrescentou Bertrand. Considerando a proposta irresponsável, o deputado da UMP de Seine-Saint-Denis, Éric Raoult, lançou uma petição com o tema. "Isso resultará na banalização da ação dos traficantes que aterrorizam nossas periferias e seduzem para o consumo de drogas fortes", afirmou.

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Mesmo o próprio partido socialista não é unânime nesta causa. "Temos opiniões bem distintas", reconheceu o deputado de Seine-Saint-Denis Bruno Le Roux, que se diz não muito fã da despenalização. Manuel Valls, deputado de Évry, também se opõe à ideia de que a luta contra o tráfico de drogas deve passar pela legalização da cannabis. "Eu estou convencido de que a maconha, como qualquer outra droga, cria condições para a dependência. E para um socialista, para um homem de esquerda, toda dependência é uma forma de alienação", declarou Valls.

Para justificar suas ideias, Daniel Vaillant, hoje deputado do 18° distrito de Paris, diz que seu projeto não é a favor da criação de um direito de consumo, mas sim de baixar seu uso e seus riscos. Os deputados socialistas, durante 15 meses, entrevistaram policiais, juízes, sociólogos, especialistas em dependências e doentes que usam maconha para fins medicinais. Ao final, se convenceram de que o consumo da droga na França não diminuiu em nada mesmo com uma repressão legislativa entre as mais severas da Europa. Segundo o jornal Le Monde, quatro milhões de pessoas fumam maconha no País, e entre elas, um terço o faz frequentemente. Cerca de 90 mil usuários são presos anualmente, sendo que 20% deles estão sujeitos a processos criminais.

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Em um relatorio publicado dia 2 de junho, a Comissão mundial sobre a política de drogas, que inclui diversos ex-chefes de Estado da América do Sul, constatou o fracasso da luta internacional contra as drogas e sugeriu a legalização da cannabis para combater o crime organizado.

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