Kadafi morreu. Qual o próximo passo?

A Lbia deixa hoje para trs 42 anos de terror. O maior desafio, no entanto, ainda est por vir. O esprito de revanche e de anarquia podem prosperar, assim como aconteceu na queda do regime de Saddam Hussein, no Iraque, em 2003; relato de Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris



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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris – O dia 20 de outubro de 2011 vai entrar para a história da democracia do mundo árabe. Depois de quase oito meses de revolta e luta armada, a imagem do corpo do ex-ditador Muamar Kadafi foi apresentada pelos rebeldes como um troféu aos quatro cantos do planeta. Estados Unidos, Reino Unido e principalmente a França comemoraram o feito como o nascimento de uma nova era no país.

A Líbia deixa hoje para trás 42 anos de um regime restrito e cruel. Mas o que virá pela frente é incerto e um grande desafio. O Conselho Nacional de Transição (CNT) tomou o controle militar total do país. Agora, terá de passar a fase política de seu combate. Diante da comunidade internacional, os dirigentes Moustapha Abdeljalil e Mahmoud Jibril prometeram solenemente que farão da Líbia um Estado democrático, sem barreiras comerciais e fiel à Declaração Nacional dos Direitos Humanos. Tudo isso, porém, terá de ser construído do zero já que a nova geração desconhece o sentido do termo "democracia".

A primeira ação a ser tomada é restabelecer a segurança e a ordem do território. Uma paz relativa reina em Benghazi, mas em Trípoli, uma série de agressões foram registradas, sob o pretexto de punição dos fiéis à Kadafi. Unificar essas pequenas facções de rebeldes será um desafio e tanto para o novo governo. O espírito de revanche, da anarquia e do caos podem florescer pela Líbia, assim como aconteceu na queda do regime de Saddam Hussein, no Iraque, em 2003.

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Segundo analistas, o CNT deve formar um exército e uma polícia nacional com os grupos rebeldes. Afastar os oficiais do antigo regime seria um erro – assim como o cometido pelos americanos no Iraque. Depois, recuperar com a máxima urgência as armas que foram confiscadas do estoque de Kadafi – para impedir que caiam nas mãos de extremistas islâmicos ou de justiceiros líbios.

Com a Defesa Nacional estruturada, o CNT poderá se dedicar à reconstrução e retomada dos negócios, principalmente no campo do petróleo. Antes da estatização da produção do ouro negro por Kadafi, a Líbia era considerada uma das principais exportadoras do combustível na África. A expertise técnica ocidental será crucial para voltar ao comércio internacional do produto – principal fonte de renda do País. Uma legião de empresas estrangeiras já estão arquitetando a volta ou a entrada na Líbia para participar da retomada da atividade. Os dirigentes terão de administrar mais essa pressão.

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E por fim, em oito meses, o CNT deverá organizar as eleições gerais para a formação de uma base governista. Será o momento dos islamistas provarem para a comunidade internacional que as promessas de abertura e democracia não foram apenas uma estratégia para derrubar Kadafi.

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