Juiz espanhol arquiva caso contra spyware Pegasus movido por Pedro Sánchez por falta de colaboração de Israel

Governo espanhol e líderes pró-independência da Catalunha foram vítimas do spyware israelense Pegasus, do NSO Group

Pedro Sánchez
Pedro Sánchez (Foto: Reuters/IntsKalnins)


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Télam - Um juiz espanhol arquivou nesta segunda-feira (10) o processo de suposta espionagem com o 'spyware' israelense Pegasus, utilizado contra o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, três de seus ministros e vários líderes pró-independência catalães, devido à "absoluta" falta de colaboração legal do governo de Israel, informou a mídia local.

O juiz José Luis Calama, do Tribunal Nacional, uma alta jurisdição em Madri, explicou em um documento que a investigação sobre a infecção dos dispositivos móveis de Sánchez e dos ministros da Defesa espanhola, do Interior e da Agricultura, com o spyware Pegasus foi prejudicada. Isso se deve à completa falta de cooperação de Israel, que não respondeu ao pedido de assistência judicial feito às autoridades israelenses para obtenção de provas.

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"Infelizmente, neste momento processual, mais de um ano após a expedição das referidas cartas rogatórias, nenhuma resposta foi recebida, apesar de ter sido prorrogada uma vez, e o cumprimento reiterado em outras duas oportunidades. Este silêncio mostra claramente uma absoluta falta de cooperação jurídica por parte do Governo de Israel, o que nos permite presumir que a carta rogatória em questão, enviada quatro vezes, nunca será concluída", criticou o juiz, segundo o portal espanhol 20 Minutos.

Calama havia enviado o pedido formal de informações a Israel sobre a empresa proprietária da Pegasus, o NSO Group, e a solicitação de depoimento de seu principal gerente por quatro vezes, mas não obteve resposta de seu homólogo israelense.

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Isso levou o juiz a concluir que seu tribunal tem pouca ou nenhuma capacidade de avançar na investigação e considera que resta apenas um possível canal diplomático para promover o cumprimento das obrigações derivadas de tratados internacionais, sendo que essa responsabilidade cabe ao governo, que também é a vítima do crime em investigação.

O caso veio à tona em 18 de abril, quando o Citizen Lab, projeto de cibersegurança da Universidade de Toronto, divulgou um relatório que identificava mais de 60 pessoas ligadas à independência catalã que tiveram seus celulares infectados entre 2017 e 2020 pelo software espião israelense Pegasus.

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O governo espanhol apresentou uma queixa judicial alegando que os telefones celulares de Sánchez e de vários ministros foram alvo de escutas telefônicas "ilegais" e "externas" por meio desse spyware, resultando no roubo de "uma grande quantidade de informações". De acordo com a denúncia apresentada ao Tribunal Nacional, a invasão ocorreu em maio e junho de 2021 no celular de Sánchez.

Os hackers obtiveram uma grande quantidade de informações do telefone do chefe de governo: 2,6 gigabytes na primeira invasão e 130 megabits na segunda, enquanto o roubo foi menor no telefone do chefe da Defesa: 9 megabytes.

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O governo desconhece quais informações foram roubadas e o grau de sensibilidade das mesmas, mas sabe-se que se tratavam de linhas institucionais e não informações privadas.

O Pegasus é instalado em um celular por meio de um link que o usuário recebe e permite o acesso a serviços de mensagens e dados, além de possibilitar o controle remoto do aparelho para capturar imagens ou áudio.

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De acordo com a Anistia Internacional, estima-se que esse software tenha sido utilizado para hackear até 50.000 telefones celulares em todo o mundo. Em fevereiro de 2022, o Pegasus mais uma vez foi o centro de controvérsia, quando veio à tona a suposta utilização pela polícia israelense para espionar manifestantes e opositores do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

O NSO Group, empresa responsável pelo desenvolvimento do Pegasus, se recusa a confirmar a identidade de seus clientes e alega não ter conhecimento sobre os alvos específicos. A empresa negou a maioria desses casos, afirmando que a perícia digital não pôde atribuir completamente o seu software a tais atividades.

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