Já combinaram com os gregos?

Um novo governo em Atenas assegura a ajuda europeia, os investidores comemoram, mas nada garante que o povo ir aceitar o pacote recessivo



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Roberta Namour – correspondente do 247 em Paris – Na noite de ontem, o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, e o líder do principal partido de oposição do país, Antonis Samaras, chegaram a um acordo para a formação de um governo de coalizão. Os dirigentes do País marcaram as eleições antecipadas para o próximo dia 19 de fevereiro, segundo anunciou o ministro das Finanças do país, Evangelos Venizelos. A medida foi tomada num esforço para acalmar a crise política que colocou em risco o mais recente pacote de ajuda proposto pela União Europeia e o futuro da zona do Euro.

A notícia fez o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, dormirem um pouco mais tranquilos. Horas e horas de discussões e acordos econômicos com os membros europeus e com os maiores bancos do Velho Continente iriam por água abaixo se a rebeldia grega fosse levada adiante. Todos parecem contentes com a decisão. Mas e os gregos, o que pensam disso ?

Para a economia do País, o abandono de 50% do déficit proposto pela União Europeia representa 100 bilhões de euros de um total de endividamento de 350 bilhões de euros. Isso deve permitir a redução da dívida da Grécia de mais de 160% do PIB hoje para 120% em 2020. Mas na prática, tudo isso significa para os gregos pagar a conta com cortes no funcionalismo público, redução de salários e reajuste de impostos e tarifas.

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Em diversas ocasiões a população saiu às ruas para protestar contra o pacote de austeridade. O país parou em greves gerais e imagens de violência em confrontos com a polícia foram divulgadas pelo mundo todo. Foi essa feroz reação que fez o primeiro-ministro do país recuar e sugerir um referendo sobre a ajuda do bloco. O governo de coalizão e o novo presidente a assumir a Grécia terão pela frente a missão de convencer o povo de que se assim está ruim, tudo pode ficar ainda pior. Se a Grécia deixar a zona do Euro cairá várias décadas em termos de riqueza. O calote significa o fim do financiamento externo. A volta do ao Dracma Grego nessas condições representa fechar as portas para a comunidade econômica internacional.

Os gregos não querem pagar por anos de corrupção e má administração. Como de costume por aqui, elem só pensam em seus direitos e não enxergam seus deveres para ajudar o País a sair dessa situação. Eles não reconhecem o peso que essa ajuda da Europa também representa para seus vizinhos franceses, alemães, espanhóis, italianos… O mundo inteiro terá de dividir as consequências dessa dívida colossal. Só os bancos franceses que vão assumir um calote de 50% da dívida grega colocaram na rua centenas de funcionarios nesta semana. Essa atitude dos gregos de se lamentar enquanto a Europa despenca tem gerado por aqui um sentimento de ódio. O próprio ministro francês de Assuntos Europeus, Jean Leonetti, disse que a Zona do Euro passaria muito bem se o país saísse o bloco.

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Está na hora dos gregos canalizarem toda essa energia e revolta para escolher um novo presidente que poderá escrever uma outra história para o País. Chega de drama.

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