França fecha ainda mais suas fronteiras

Em disputa com a Itlia, Paris anuncia o reforo no controle de imigrantes e pode perder um mercado de 12 bilhes de euros que a comunidade estrangeira rende ao pas



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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris – Berlusconi chamou, mas Sarkozy fingiu que não era com ele. A França fehou suas portas para a invasão dos tunisianos na Europa denunciada pela Itália. Por mais que Paris tente fugir do problema, dos 900 mil tunisianos que vivem fora de seu país, dois terços estão na França. E esses imigrantes recém-chegados ao Velho Continente estão atrás de seus familiares. Porém, só os ingênuos ou mal informados podiam acreditar que o País de Nicolas Sarkozy acolheria os clandestinos em trânsito da Itália. Para isso, seria necessário ignorar as diferenças entre as duas nações e principalmente esquecer que a luta da imigração (não só a ilegal) constitue o centro das ideias defendidas pelo presidente francês, de resgatar a identidade nacional da França.

Desta forma, não há nem solidariedade com a Itália, nem fraternidade com os tunisianos, mesmo eles sendo um pouco franceses. Os números mostram que em um mês, 2,8 mil tunisianos vindos da Itália foram presos. Desse total, 1,7 mil foram reconduzidos à fronteira e outros 200 foram levados de volta à Tunísia. O restante continua com seu dossiê em análise na França.

A rivalidade entre Berlusconi e Sarkozy não é um fato recente. Os Alpes dividem dois países à beira de uma crise diplomática. Entre a França e a Itália reina há muito tempo uma guerra fria em que os interesses econômicos são os protagonistas. Com 50% do controle do número dois italiano de fornecimento de energia, a francesa EDF pena há 10 anos para ser reconhecida na Itália. No caso Parmalat, o governo de Berlusconi não mede esforços para conter o apetite da francesa Lactalis, que acaba de conquistar 29% das ações da empresa italiana. E no segmento das seguradoras, a história se repete. O Groupama, um dos maiores desse setor, viu suas esperanças de se desenvolver na no país vizinho, seu segundo mercado depois da França, naufragarem. No mês passado, a família Ligresti, que controla a holding Premafin, terceira seguradora italiana, pôs fim a toda e qualquer negociação de venda. É esse emaranhado de interesses que cai sobre as costas dos imigrantes tunisianos, que falam francês e desejam viver na França. O Ministro do Interior francês, Claude Guéant, transmitiu esta semana alguns comunicados provocativos, que Roberto Maroni, seu homólogo italiano, qualificou de hostis. Paris se recusa a receber seus compatriotas e avisa: “Nós vamos igualmente reduzir a imigração legal no País.”

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Trata-se da primeira vez que o Elysée faz uma declaração tão radical a respeito da presença de estrangeiros em solo francês. As eleições presidenciais acontecerão daqui um ano. Sarkozy já esta em plena campanha eleitoral. A monarquia republicana não da trégua. As pesquisas são cruéis e a decepção reina entre a população. E o presidente é o principal responsável por isso. Mesmo assim, as declarações xenofóbicas são cada vez mais frequentes nos discursos do UMP, partido do governo. No início da semana, o uso de véus integrais foram proibidos em local público. Agora, os imigrantes em situação legal no País são ameaçados.

Além de Berlusconi, Sarkozy está comprando uma briga com a comunidade estrangeira da França. Segundo um estudo realizado pela universidade de Lillie, diante dos 47,9 bilhões de euros gastos anualmente pelo governo para manter os imigrantes estão 60,3 bilhões de receita que os mesmo aportam ao País. Ou seja, o saldo econômico é positivo em 12,4 bilhões de euros.

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