Fracasso da Otan na busca de consenso sobre novo secretário-geral reflete divergência crescente, dizem especialistas
A aliança atlântica mostra rachaduras sob uma liderança enfraquecida dos EUA
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Global Times - Ao fracassar na busca de consenso sobre um sucessor disponível e aceitável para todos os 31 membros, a Otan decidiu na terça-feira (5), estender o mandato do secretário-geral Jens Stoltenberg por mais um ano, enquanto a aliança luta para encontrar um terreno comum em questões delicadas, incluindo o conflito Rússia-Ucrânia e sua abordagem sobre a China. Stoltenberg, ex-primeiro-ministro da Noruega, é o líder da aliança desde 2014 e seu mandato já foi prorrogado três vezes, informaram os meios de comunicação.
Os membros da Otan têm se debatido com potenciais sucessores nos últimos meses, com candidatos como o secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, e a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen. Outros sugeriram candidatos da Europa Central e Oriental. No entanto, nenhum parecia ter o apoio de todos os membros da Otan à medida que se aproxima a cúpula da organização em Vilnius, que está marcada para começar na próxima semana.
Os especialistas observaram que a posição da Otan serve como um coordenador crucial entre 31 membros com ideias e interesses diferentes, e deve ser alguém influente o suficiente e, mais importante, representando as vozes da maioria dos membros da aliança. No entanto, tornou-se cada vez mais difícil alinhar essas vozes à medida que as divergências crescem dentro da organização.O presidente dos EUA, Joe Biden, está pressionando para que a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, seja a próxima chefe da Otan, informou o Telegraph na quarta-feira, dizendo que o atraso se deve em parte porque Biden quer Von der Leyen para o cargo, e seu mandato na UE termina no próximo ano.Tendo servido como presidente da Comissão Europeia e também como ministra da Defesa da Alemanha, Von der Leyen conquistou credibilidade, influência e experiência suficientes para ser uma candidata adequada a chefe da Otan, mas o fator mais crucial é que ela tem um relacionamento próximo com Biden, disse Zhao Junjie, pesquisador do Instituto de Estudos Europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais, ao Global Times na quarta-feira. "Ela é a melhor candidata para executar fielmente as diretrizes e estratégias militares americanas na Europa, tornando-a a sucessora mais adequada aos olhos dos EUA, o maior ator da Otan", disse Zhao.
Além das diferenças de opinião sobre a batalha em curso na Ucrânia, o novo chefe da Otan terá que administrar diferenças sobre como a aliança deve se envolver na Ásia, com os EUA pressionando por um papel maior no combate à China, enquanto outros, como a França, insistem que A Otan deve manter seu foco na área do Atlântico Norte, informou a Reuters. Sempre houve controvérsias na Europa em relação à sua abordagem à China, disseram observadores. Alguns países, incluindo a França, enfatizam a autonomia estratégica da região e enfatizam repetidamente que o escopo de defesa da Otan não deve ir além do Atlântico Norte, conforme escrito na carta da organização. Eles estão preocupados que a expansão da Otan para o leste provoque a China e crie outro inimigo hipotético, forçando a Europa a tomar partido e ser reduzida a um peão dos EUA para conter a China, o que eles não desejam ver, explicou Zhao. No entanto, com uma Europa relativamente mais fraca, aliada à habilidade de Biden em manipular a estratégia da aliança, tais vozes podem enfraquecer no futuro, mas os ressentimentos continuarão a crescer e os conflitos se tornarão mais aparentes entre os membros da Otan, disseram os analistas.
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