Extrema direita mundial já avalia impactos da inelegibilidade de Bolsonaro e considera mudança de estratégia
De acordo com o jornalista Jamil Chade, movimentos da extrema direita na Europa avaliam que a inelegibilidade de Bolsonaro é um "alerta" e a ordem no momento é "aprender a lição"
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247 - Quando Jair Bolsonaro assumiu a presidência em 2019, sua vitória não significou apenas a existência de um líder de extrema direita no comando de um dos maiores países do mundo. Para movimentos em diferentes partes do globo, grupos ultraconservadores e lobistas, era a oportunidade que muitos aguardavam para avançar com sua agenda e redefinir a ordem internacional. Agora, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela inelegibilidade do ex-mandatário é vista como um divisor de águas para esses grupos, que operam nos bastidores em busca de influência.
De acordo com o jornalista Jamil Chade, do UOL, “para pessoas ligadas aos movimentos na Europa, o momento é o de repensar estratégias e usar a situação do brasileiro como um "alerta” e a ordem no momento é de "aprender a lição".
Ainda segundo Chade, os movimentos de extrema direita viam na existência do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e Jair Bolsonaro uma possibilidade real de enfraquecer o multilateralismo e as agendas progressistas. Durante os quatro anos em que esteve no poder, Bolsonaro questionou consensos consolidados, promoveu e apoiou partidos e grupos de extrema direita na Europa, questionou instituições internacionais como a OMS [Organização Mundial da Saúde] e criticou questões científicas e climáticas. Com a derrota de Trump nas eleições dos EUA em 2021, os bolsonaristas assumiram o protagonismo do movimento ultraconservador.
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“Segundo pessoas que serviram durante o governo Bolsonaro, a derrota para Lula foi um primeiro abalo importante. O movimento ficou órfão da estrutura do estado brasileiro para que temas fossem debatidos ou vetados nos organismos internacionais. Assim que assumiu, Lula retirou o Brasil das alianças ultraconservadores e reposicionou o país junto aos blocos que defendem visões progressistas dos direitos humanos. Mas a versão ainda era a de que a eleição havia sido fraudada e que, portanto, haveria uma chance real de voltar a disputar o poder”, observa o jornalista.
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Agora, com a inelegibilidade de Bolsonaro, a estratégia de difusão de fake news deverá ser enfrentada de frente pelas estruturas legais, uma vez que “as forças democráticas caminharam para fechar um cerco, ainda que frágil”.
“Também ficou evidenciado para a extrema direita que democracias vão dar respostas coordenadas, como aconteceu quando líderes se perfilaram para saudar a eleição de Lula, reconhecer o processo de votação no Brasil e não dar espaço para qualquer questionamento da legitimidade do petista”, finaliza Chade.
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