Celso Amorim: 'Brasil atua para ser visto como importante ator no cenário internacional'

Em entrevista ao jornal Libération, o assessor do presidente Lula para assuntos internacionais disse que o tratado UE-Mercosul não ser firmado "com base na desconfiança"

Ex-chanceler Celso Amorim dá entrevista à Reuters em São Paulo 18/10/2022
Ex-chanceler Celso Amorim dá entrevista à Reuters em São Paulo 18/10/2022 (Foto: REUTERS/Carla Carniel)


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247 - Assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, Celso Amorim, destacou a importância de o governo brasileiro ter mais destaque nas relações entre os países. "O fato de estarmos presentes em conferências internacionais mostra que estamos de volta. Queremos ser vistos como um importante ator internacional", disse o ex-ministro das Relações Exteriores ao jornal Liberátion, da França, onde estão Lula e sua equipe. 

O ex-chanceler comentou sobre o tratado de livre comércio entre a UE e o Mercosul. Lula criticou as sanções previstas pela União Europeia em caso de descumprimento de normas ambientais. Na avaliação do ex-ministro, a "América do Sul tem um bom acordo com a União Européia, é muito importante porque não queremos ser dependentes dos Estados Unidos ou da China". 

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"Mas também é importante prestar atenção aos detalhes. Não podemos aceitar sanções que seriam aplicadas se os europeus considerarem que não estamos respeitando nossos compromissos. É absolutamente absurdo. Não podemos fazer um acordo com base na desconfiança, deve basear-se na confiança. Um mecanismo de revisão pode ser proposto em três ou quatro anos para fazer um balanço dos nossos compromissos. Mas não nos obrigar a aceitar retaliação".

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Ao falar sobre a guerra na Ucrânia, Amorim disse que a "Rússia não se saiu bem invadindo" o país vizinho. O governo russo, do presidente Vladimir Putin, é contra a entrada dos ucranianos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos Estados Unidos. Segundo o ex-chanceler brasileiro, "a preocupação da Rússia com a expansão da OTAN é legal". 

"O que vemos agora não é apenas a expansão para o velho países da Europa de Leste, mas em direção à antiga União Soviética. quando houve expansão nos países bálticos, não houve grande reação. Isso não justifica o uso da força. Isso não justifica a violação da integridade territorial da Ucrânia. Mas isso explica parte do nervosismo de Putin e da Rússia", disse Amorim. "Não podemos permitir ou ser tolerantes com a violação de princípios essenciais das Nações Unidas, como a violação da integridade territorial de Estados".

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Ainda na entrevista ao Libération, Celson Amorim defendeu que o ideal é uma "paz justa". "Mas às vezes você tem que encontrar um equilíbrio entre justiça e pragmatismo. Não me atrevo a dizer qual deveria ser o compromisso, porque qualquer solução que for proposta será recusada por ambos Estados. O que é mais importante neste momento é criar uma atmosfera propícia a diálogo. É por isso que há uma reunião na Dinamarca neste fim de semana em que vão participar".

O ex-chanceler também destacou a importância da preservação ambiental.  "Estamos organizando uma conferência em agosto. Esta é a primeira vez que há uma cúpula dos países amazônicos. A França também será convidada porque você tem a Guiana e que é necessária uma política coordenada. O Brasil também obteve a organização do a COP 30 que será realizada na capital amazonense, Belém, e na qual coloque muita esperança. Mas obviamente é difícil, leva tempo para recuperar tudo o que foi destruído. Jair Bolsonaro não só destruiu o que havíamos feito com Lula, mas tudo o que tem sido feito há décadas em termos de instituições, mecanismos. Tudo isso está em sendo reconstruído, e isso leva tempo".

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Em Paris, capital francesa, o presidente Lula reafirmou o seu compromisso com o desmatamento zero na Amazônia até 2030. Ele participou do evento "Power Our Planet". Lula foi ovacionado durante sua fala à multidão. O petista afirmou que governos de países ricos ajudem na preservação ambiental de nações em desenvolvimento como uma forma de pagar uma "dívida histórica" com o planeta pelos danos ambientais.

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