Às vésperas da eleição, nova reforma agrada franceses
Nicolas Sarkozy tentou passar ontem noite a imagem de presidente corajoso em uma entrevista ao vivo sobre as novas medidas contra a crise. Apesar de impopulares, elas foram consideradas necessrias por leitores do Figaro
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Roberta Namour – correspondente do 247 em Paris – Para opositores políticos, o anúncio de novas medidas contra a crise na França por Nicolas Sarkozy a três meses do primeiro turno da eleição presidencial é inútil. Não para os franceses. Uma pesquisa em tempo real realizada pelo jornal Figaro revela que quase 60% dos leitores consideram que o presidente tem razão em lançar novas reformas nesse momento.
Em uma hora de entrevista transmitida por um pool de nove canais de televisão, o chefe de Estado anunciou ontem um aumento, para a partir de 1º de outubro da TVA, da taxa sobre o valor agregado, de 1,6 ponto percentual que vai para 21,2%. A medida visa dar um alívio nos encargos sociais que pesam sobre as empresas e estimular a "competitividade", principalmente na indústria. Será ainda possível aos empresários aumentar a semana de trabalho para além das 35 horas. Sarkozy revelou que o seu objetivo é "diminuir o custo do trabalho, caso contrário, a França vai esvair-se do seu ‘sangue' industrial".
As empresas com mais de 250 funcionários serão obrigadas a contar com um efetivo de até 5% de jovens estudantes.
Para remediar a falta de moradia e o alto valor dos aluguéis, as contruções poderão ser expandidas em até 30%.
O presidente francês também anunciou que a França vai se dotar, em agosto, de uma taxa de 0,1% sobre as transações financeiras. Ele tentará criar, com esta taxa, um mecanismo destinado, ao mesmo tempo, desencorajar a especulação e a trazer novos recursos fiscais.
Sarkozy sabe bem que as medidas anunciadas serão pouco populares, sobretudo estando a seis pontos atrás nas sondagens face ao socialista François Hollande. Mas o seu partido, UMP, quis mostrar na véspera do Conselho Europeu a imagem de um presidente "corajoso" - um exemplo do ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, que lançou no início de 2000 uma série de medidas impopulares para fortalecer a indústria e relançar as finanças de seu país. Por duas vezes, Sarkozy fez alusão a Schröder durante a entrevista.
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