Apogeu árabe, 10 anos depois do 11/9

Enquanto os EUA ainda tentam se livrar do fardo dos ataques terroristas em seu próprio solo, o islamismo comemora hoje uma impressionante coesão e apoio popular



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No dia 11 de setembro de 2001, o impossível aconteceu. O ataque as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, se tornou uma verdadeira ruptura histórica. Naquele dia, os Estados Unidos foram surpreendidos em seu próprio solo e deixaram de ter o domínio do mundo – título que foi adquirido desde a queda do muro de Berlim em 1989. Eles se deram conta de que teriam de enfrentar uma guerra até então totalmente imprevista. A audácia, a imaginação e a longa preparação dos ataques denunciaram uma falha evidente entre a comunicação da CIA e a ação do executivo de Washington. De uma hora para outra, o modelo, a referência, tudo foi questionado. Foi preciso reaprender a "pensar o impensável", como dizia um célebre livro de estratégia nuclear dos anos 50.

De um lado uma religião, de outro a superpotência que liderava o Ocidente. Como define a teoria do Choque de civilizações proposta pelo cientista político Samuel P. Huntington, não é um conflito de proximidade, não é um conflito de poder, é um conflito de valores. Se o 11 de setembro fez com que um sentimento de ódio e solidariedade mundial aflorasse, ele também rendeu aos muçulmanos uma sensação de orgulho. O mundo passou a perseguir Mohammads e Saids por todos os lados, sem distinção ou ponderação. Enquanto isso, o islamismo se tornava uma poderosa ideologia.

Dez anos depois, a Primavera Árabe propagou uma outra imagem do povo muçulmano. A queda do presidente da Tunísia, Ben Ali, conquistada por uma grande manifestação popular pela democracia, desencadeou revoltas contra as ditaduras e regimes totalitários no Oriente Médio e Norte da África. Depois veio o Egito, a Líbia, a Argélia e vários outros países. E o mais impressionante é que, Barack Obama, o novo presidente dos EUA que se elegeu com a promessa de colocar um fim nessa guerra do Afeganistão, apoiou parte dessa manifestação. Ao lado dos líderes europeus, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, eles participaram ativamente de uma cruzada contra o ditador líbio Muammar Kadafi, ao lado de rebeldes árabes.

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Em um comunicado divulgado nesta sexta-feira, a União Europeia considera que as revoltas populares no mundo árabe são a melhor resposta contra ao terrorismo. "Dez anos depois, as ruas de Túnis, Cairo, Benghazi e do mundo árabe deram um forte sinal de liberdade e democracia. É a resposta mais contundente ao ódio fátuo e ao fanatismo cego dos atentados do 11 de Setembro", afirmaram os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

Mas o entusiasmo não esconde o medo que ainda assombra o ocidente. Se o discurso fundamentalista ficou em segundo plano, a impressionante organização do islamismo no mundo não pode ser ignorada. A massa não tem poder sem ideologia. E essa ideologia não é motivada apenas por líderes carismáticos como Osama bin Laden ou Saddam Hussein, mas principalmente por uma religião extrema, rígida e puritana com bilhões de adeptos pelo mundo. Assim como já aconteceu no passado, as armas fornecidas hoje aos muçulmanos podem ser usadas amanhã contra os ocidentais. De um grupo de rebeldes líbios pode nascer uma nova figura emblemática do "eixo do mal". Porque, mais uma vez, não se trata de uma conflito de território e sim de valores. Repetirão os Estados Unidos os mesmos erros de dez anos atrás?

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