11/9: a dor presente e a culpa ausente nos EUA

Lado a lado, Bush e Obama honraram os 2.983 mortos no atentado s Torres Gmeas. No entanto, nenhuma palavra foi dirigida aos 112 mil inocentes mortos e outros tantostorturadosou mutiladosno Iraque eno Afeganisto



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247 – Na manhã deste domingo, os Estados Unidos choraram pela data que marca os dez anos do dia mais amargo de sua história. Lado a lado, discursaram Barack Obama, presidente do país, e seu antecessor George W. Bush, em homenagem às 2.983 vítimas do atentado terrorista às Torres Gêmeas, ocorrido em 11 de setembro de 2001.

Bush, que lançou os Estados Unidos a duas guerras paralelas, a do Iraque e a do Afeganistão, tentou confortar as vítimas do atentado citando uma carta enviada pelo ex-presidente Abraham Lincoln à mãe, que perdeu cinco filhos na Guerra da Secessão. "Qualquer palavra pode ser fraca para falar sobre uma dor tão profunda, mas digo, como consolo, que eles morreram por uma República. Por esta razão, eu peço a Deus que reduza a sua dor."

Obama mencionou Deus, embora a intenção dos organizadores do evento fosse retirar qualquer caráter religioso da passagem do decênio do 11 de setembro. "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. Pelo que não temeremos, mesmo que a terra seja retirada debaixo de nossos pés, que as montanhas sejam levadas até o oceano", disse o presidente ao ler o Salmo 46 da Bíblia. "Deus está conosco. Sabemos que houve guerras, que há guerras, e sabemos que ainda sim Deus será sempre exaltado entre as nações."

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E a dor alheia?

Obama também lembrou os bombeiros de Nova York, que ajudaram a resgatar as vítimas do World Trade Center por terem “ensinado a coragem” aos americanos. Mas não mencionou a covardia de uma invasão injustificada a outro país, que deixou um número de mortos quase 40 vezes maior do que o do WTC. De acordo com o site Iraq Body Count, até agora já foram mortas 111.938 pessoas no Iraque, em decorrência da invasão americana. Invasão, diga-se de passagem, ancorada numa mentira: a das armas de destruição em massa.

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Em relação às vítimas da resposta americana com a “Guerra ao Terror”, nenhuma palavra foi dita por Bush – este, sim, tido por muitos como o maior terrorista da era moderna. Afora as mortes no Iraque e no Afeganistão, Bush corroeu o patrimônio moral dos Estados Unidos com as cenas degradantes da tortura nas prisões de Abu Graib, no Iraque, e de Guantánamo, em Cuba.

Depois de Bush, mesmo aqueles que sempre admiraram os Estados Unidos e amaram Nova York, passaram a enxergar a face obscura de um Império decadente.

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