(Vídeo) “Isso faz parte de uma cultura machista e racista”, diz Luana Genot a Luciano Huck, sobre pergunta à mulher negra

A diretora-executiva do Instituto Identidades do Brasil, Luana Genot, deu uma aula de racismo estrutural em live com Luciano Huck, após o apresentador perguntar a uma mulher negra se todos os filhos seriam do mesmo pai

(Foto: Reprodução)


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247 - A diretora-executiva do Instituto Identidades do Brasil, Luana Genot, deu uma aula de racismo estrutural a Luciano Huck, após o apresentador perguntar à técnica de enfermagem Geralda, mulher negra de 63 anos, se todos os filhos seriam do mesmo pai.

"Isso faz parte de uma cultura machista e racista que se sobrepõe em todo nosso dia a dia, de você associar a trajetória e a narrativa de mulheres, e mulheres negras sobretudo, a ter vários partes. Enfim, são questões que você justamente, muitas vezes não pergunta para homens. Vê homens com tantos filhos, homens brancos inclusive, e a gente não pergunta: Ah, de quantas mulheres são seus filhos", disse ela em live com o apresentador.

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Luana classificou a atitude do apresentador global de "micro agressão", cometida diariamente contra mulheres, principalmente negras. "Eu acho que mulheres como a dona Geralda, que são mulheres como eu também, a gente está muito acostumada a ouvir esse tipo de micro agressão. De sempre ser questionada sobre seus relacionamentos e a gente já não quer mais ouvir isso". 

O apresentador tentou se justificar. "Não querendo me defender ou me justificar. É só como minha cabeça trabalhava até sábado passado: Entender a história da pessoa, independente de quem ela seja, é o melhor jeito de eu conseguir jogar luz no caminho da história que está por vir", disse Huck, afirmando que faria a mesma pergunta se fosse "homem, branco".

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"Minha colocação foi muito mais na curiosidade de construir a história daquela pessoa do que de julgá-la em relação a quantos parceiros ou casamentos ela teve", afirmou.

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No Brasil, a televisão é a principal mídia de massa que chega a casa de milhões de pessoas diariamente. Possui um papel além de informativo, educador. O mesmo acontece com o entretenimento, responsável pelo lazer de muitas famílias brasileiras e, enquanto nos divertimos, sem perceber, estamos sendo formados por opiniões que, independente das intenções de quem faz, ajudam na construção dos nossos olhares. Conversei com @lucianohuck e falamos sobre racismo e machismo estrutural e o lugar de fala do branco na luta antirracista. Como bem diz @djamilaribeiro1 não se inicia uma discussão sobre racismo dizendo: “eu não sou racista”. Não podemos tampouco começar uma discussão sobre machismo, dizendo que não é machista. Digo sempre que reproduzimos o racismo e o machismo independente das nossas intenções porque são parte das nossas estruturas. Considero que o mais importante é estar sempre disposto a ouvir e trocar de ideia, se atualizar e nunca minimizar o que o outro sente. Comunicação não é só o que dizemos. Comunicação é também o que as pessoas entendem. E a comunicação produz diferentes efeitos sobre diferentes grupos. Individualmente, você pode nunca ter passado ou percebido que passou pela abordagem de Huck perguntando se os filhos da Dona Geralda são do mesmo pai, por exemplo. Mas não pode minimizar que estruturalmente, mulheres, em especial, mulheres negras são imediatamente associadas a lares desestruturados e que esta associação está diretamente relacionada à nossa herança escravagista e colonial que objetificava mulheres negras e isso gera consequências até hoje. Nossa comunicação produz efeitos diferentes em diferentes grupos e não podemos negligenciar isso e mudar nosso linguajar é fundamental para avançarmos na luta antirracista. O lugar de fala de brancos, ao meu ver, não é apenas de escuta passiva mas deve ser um papel ativo, por exemplo, exatamente aproveitando o holofote para espalhar a mensagem e fazendo refletir. Que bom poder trocar de ideia e que possamos inspirar outras trocas de ideia, reflexões e principalmente ações concretas na luta antirracista. O que você sente mais dúvida em relação à pauta antirracista na sua linguagem?

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